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Comparação de dietas para perda de peso

Autor:

Euclides F. de A. Cavalcanti

Médico Colaborador da Disciplina de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Última revisão: 15/03/2009

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Dietas e perda de peso

 

Perda de peso com uma dieta pobre em carboidratos, pobre em gorduras ou mediterrânea.

Weight Loss with a Low-Carbohydrate, Mediterranean, or Low-Fat Diet. N Engl J Med 2008;359:229-41 [Link Livre para o artigo Original].

 

Fator de impacto da revista (New England Journal of Medicine): 52,589

 

Contexto Clínico

            Tradicionalmente, as dietas recomendadas para emagrecimento são dietas pobres em gordura e com restrição calórica. No entanto, este paradigma foi posto em cheque com surgimento de propostas totalmente diversas como, por exemplo, a dieta do Dr. Atkins, que é uma dieta pobre em carboidratos e sem restrição calórica. Apesar das intensas críticas e preocupações com a segurança no longo prazo esta dieta mostrou que, de fato, emagrece, além de atuar favoravelmente no metabolismo2,3. Outra proposta de dieta bastante interessante é a dieta do mediterrâneo, que nada mais é do que uma dieta rica em grãos integrais, frutas, vegetais, carnes magras (tendo importância o peixe), e ao mesmo tempo rica em óleos vegetais (notadamente o azeite de oliva) e pobre em gordura saturada e gordura Trans. Em países onde é adotada a longevidade e o risco cardiovascular é sabidamente menor, o que inclusive foi comprovado em um ensaio clínico randomizado muito citado, the Leon Heart Study, no qual se evidenciou uma redução muito expressiva (ao redor de 70%) no risco cardiovascular e mortalidade em pacientes pós infarto agudo do miocárdio submetidos a esta dieta4. Além disso, alguns estudos demonstraram que pode ser uma boa alternativa de dieta para emagrecimento5,6.

           

O Estudo

            Neste ensaio clínico randomizado com 2 anos de duração, 322 participantes moderadamente obesos (86% do sexo masculino com idade média de 52 anos e IMC médio de 31) foram alocados aleatoriamente para uma de três dietas: 1) pobre em gordura com restrição calórica; 2) mediterrânea com restrição calórica; e 3) pobre em carboidrato sem restrição calórica.

 

Resultados

            A perda de peso média foi de 2,9 quilos no grupo de dieta pobre em gordura, 4,4 quilos no grupo alocado para dieta mediterrânea e 4,7 quilos no grupo de dieta pobre em carboidrato. Todos os grupos tiveram melhora no perfil metabólico, com queda no LDL e nos triglicérides, aumento no HDL, queda na proteína C reativa e diminuição nos níveis plasmáticos de insulina, mas estes efeitos foram mais intensos nos grupos alocados para dieta mediterrânea e dieta pobre em carboidratos.

 

Aplicações para a prática clínica

            Este é, até o momento, o estudo com maior duração (2 anos), envolveu um número significativo de pacientes (322), e teve uma aderência maior do que os estudos precedentes. Este estudo nos mostra que a dieta mediterrânea e dietas pobres em carboidrato são alternativas efetivas às tradicionais dietas pobres em gordura, tendo neste estudo demonstrado vantagens tanto na perda de peso quanto no controle metabólico.

            No entanto, é opinião deste editor que ainda é necessária cautela ao se recomendar dietas hiperproteicas e pobres em carboidrato. Este estudo, que é o mais longo até o momento, teve duração de apenas 2 anos. Este tipo de dieta foge totalmente dos padrões habituais de dieta, e não sabemos as conseqüências que um tipo de dieta como esta possa causar quando utilizada por períodos maiores, como 10 ou 20 anos. Uma das preocupações é que o excesso de proteínas possa sobrecarregar os rins, mas esta é apenas uma suposição.

            Já a dieta mediterrânea, além de ser associada a uma maior longevidade nos países em que é habitualmente consumida, já demonstrou diminuir a mortalidade e eventos cardiovasculares em estudos de prevenção secundária já citados. Na opinião deste editor, é uma alternativa eficaz, segura e com benefícios comprovados em relação às tradicionais dietas pobres em gordura.

           

Bibliografia

1.     Shai I, Schwarzfuchs D, Henkin Y, Shahar DR,et al for the Dietary Intervention Randomized Controlled Trial (DIRECT) Group. Weight Loss with a Low-Carbohydrate, Mediterranean, or Low-Fat Diet. N Engl J Med 2008;359:229-41. [Link Livre para o artigo Original].

2.     Gardner CD, Kiazand A, Alhassan S, et al. Comparison of the Atkins, Zone, Ornish, and LEARN diets for change in weight and related risk factors among overweight premenopausal women: the A TO Z Weight Loss Study: a randomized trial. JAMA 2007;297:969-77. [Erratum, JAMA 2007;298:178.]

3.     Nordmann AJ, Nordmann A, Briel M, et al. Effects of low-carbohydrate vs lowfat diets on weight loss and cardiovascular risk factors: a meta-analysis of randomized controlled trials. Arch Intern Med 2006;166:285-93. [Erratum, Arch Intern Med 2006;166:932.]

4.     Lorgeril M ET AL. Mediterranean Diet, Traditional Risk Factors, and the Rate of Cardiovascular Complications After Myocardial Infarction. Final Report of the Lyon Diet Heart Study Circulation. 1999;99:779-785 [Link Livre para o Artigo Original].

5.     McManus K, Antinoro L, Sacks F. A randomized controlled trial of a moderate-fat, low-energy diet compared with a low fat, low-energy diet for weight loss in overweight adults. Int J Obes Relat Metab Disord 2001;25:1503-11.

6.     Esposito K, Marfella R, Ciotola M, ET al. Effect of a Mediterranean-style diet on endothelial dysfunction and markers of vascular inflammation in the metabolicsyndrome: a randomized trial. JAMA 2004;292:1440-6.

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