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Antipsicóticos e aumento no risco de morte súbita

Autor:

Euclides F. de A. Cavalcanti

Médico Colaborador da Disciplina de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Última revisão: 01/03/2009

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Antipsicóticos e aumento de morte súbita

 

Antipsicóticos atípicos e risco de morte súbita cardíaca4

Atypical antpsychotic drugs and the risk of sudden cardiac death. N Engl J Med 2009;360:225-35. [Link Livre para o Artigo Original]

 

Fator de impacto da revista (N Engl J Med): 52,589

 

Contexto Clínico

            Estudos anteriores demonstraram que os antipsicóticos típicos (antipsicóticos mais antigos – por exemplo, haloperidol), estariam associados a um aumento no risco de morte súbita, por causarem um prolongamento no intervalo QT e taquiarritmias. Em relação aos antipsicóticos atípicos (antipsicóticos mais modernos – por exemplo clozapina, olanzapina, quetiapina e risperidona), no entanto, não se conhece exatamente o risco de morte súbita e a segurança cardíaca, embora sejam bem conhecidos os efeitos metabólicos deletérios (intolerância a glicose, dislipidemia, aumento de peso), um provável aumento no risco de AVC1 e aumento na mortalidade em geral2.

            É importante ressaltar que os antipsicóticos têm sido utilizados cada vez mais no tratamento de idosos com quadros demenciais associados a sintomas neuropsiquiátricos, e os atípicos vem sendo prescritos cada vez com maior freqüência, por causarem menos efeitos extrapiramidais. No entanto, ao contrário da esquizofrenia e transtorno bipolar, onde há inúmeros estudos demonstrando benefícios, tais medicações não foram adequadamente estudadas no caso dos idosos com demência e sintomas neuropsiquiátricos. O benefício destas medicações de acordo com os estudos existentes é, na melhor das hipóteses, muito modesto1,3.

 

O Estudo

            Estudo de coorte retrospectivo que utilizou o banco de dados do Medicaid do Estado do Tenesse e analisou dados de pessoas de 30 a 74 anos entre 1990 e 2005. A análise incluiu 44.218 pacientes que utilizaram antipsicóticos típicos, 46.089 pacientes que utilizaram antipsicóticos atípicos e 186.600 controles.

 

Resultados

            Indivíduos em uso de antipsicóticos típicos apresentaram duas vezes maior probabilidade de morte súbita cardíaca do que os não usuários (risco relativo – RR: 1,99 IC95% 1,68 - 2,34); indivíduos em uso de antipsicóticos atípicos também apresentaram um maior risco de morte súbita (RR: 2,26 IC95% 1,88 - 2,72). Verificou-se um risco progressivamente maior de morte súbita quanto maior as doses, o que se verificou tanto com os antipsicóticos típicos como com os atípicos. Não foi verificada diferença estatisticamente significativa entre os usuários de antipsicóticos típicos versus antipsicóticos atípicos. Não foi verificado maior risco dentre os usuários prévios das medicações.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Em situações onde o benefício dos antipsicóticos é bem estudado, como em pacientes com esquizofrenia e alguns pacientes com transtorno bipolar, estas drogas devem continuar a serem utilizadas, pesando-se os riscos e benefícios.

            No entanto estas drogas, principalmente os antipsicóticos atípicos, vêm sendo utilizadas em inúmeras outras situações onde o benefício é duvidoso, tendo sido usadas para tratamento de ansiedade, insônia e agitação em idosos ou crianças. Como ressalta o editorial5 da mesma edição da revista, dados os riscos associados a seu uso, estas são indicações no qual o uso destas medicações deve ser reduzido rapidamente.

            Caso se opte pelo uso destas medicações, é prudente evitar o uso em cardiopatas e solicitar um eletrocardiograma previamente à introdução da medicação para verificar o intervalo QT e realizar eletrocardiogramas de controle após introdução ou aumento das doses. Não há estudos, entretanto, que comprovem que esta prática diminua a incidência de morte súbita.

 

Bibliografia

1.     Sink KM; Holden KF et al. Pharmacological treatment of neuropsychiatric symptoms of dementia: a review of the evidence. JAMA 2005 Feb 2;293(5):596-608. [Link para o abstract]

2.     Schneider LS; Dagerman KS. Risk of death with atypical antipsychotic drug treatment for dementia: meta-analysis of randomized placebo-controlled trials. JAMA 2005 Oct 19;294(15):1934-43. [Link para o artigo original]

3.     Lee PE; Gill SS. Atypical antipsychotic drugs in the treatment of behavioural and psychological symptoms of dementia: systematic review. BMJ 2004 Jul 10;329(7457):75. Epub 2004 Jun 11. [Link Livre para o Artigo Original]

4.     Ray WA, Chung CP et al. Atypical antpsychotic drugs and the risk of sudden cardiac death N Engl J Med 2009 360(3):225-35.

5.     Schneeweiss S, Avorn J. Antipsychotic Agents and Sudden Cardiac Death — How Should We Manage the Risk?. N Engl J Med 2009 360(3): 294-296.

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