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Velocidade de infusão e acatisia com metoclopramida

Autor:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Última revisão: 25/05/2009

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Velocidade de infusão e acatisia com metoclopramida

 

Infusão mais lenta de metoclopramida reduz a taxa de acatisia.

Slower infusion of metoclopramide decreases the rate of akathisia. Am J Emerg Med 2009; 27(4):475–480 [Link para Abstract].

 

Fator de impacto da revista (Am J Emerg Med): 1,164

 

Contexto Clínico

            acatisia, do grego “não sentar”, se desenvolve tipicamente após algumas semanas de uso de neurolépticos. Há um componente subjetivo e interno de inquietação/agitação e um componente objetivo observável de movimentos de inquietação/agitação na síndrome. Há também um quadro de acatisia aguda que geralmente ocorre com administração de haloperidol, procloperazina e metoclopramida. Todas estas drogas compartilham uma mesma via de ação, de antagonismo dopaminérgico. A metoclopramida é amplamente utilizada em serviços de pronto atendimento e pronto-socorros para um sem número de condições como náuseas e vômitos e crises de enxaqueca. Assim, os autores investigaram a diferença na incidência de acatisia aguda relacionada à velocidade de infusão da metoclopramida em pacientes com náuseas, vômitos ou crises de enxaqueca no pronto-socorro.

 

O Estudo

            Foi um ensaio clínico randomizado, duplo-cego com pacientes de 18 anos ou mais que iriam receber metoclopramida parenteral para tratamento de náuseas, vômitos ou crises de enxaqueca. Pacientes gestantes, usando medicações que poderiam mascarar ou causar acatisia, com doenças do movimento ou insuficiência renal foram excluídos do estudo. Os participantes foram randomizados para receber uma de duas formas aceitáveis de administração de metoclopramida. As formas de administração incluíram 10 mg de metoclopramida administrada em dois minutos na forma de bolus (AB) ou administrada em infusão lenta em 15 minutos (AC). Todos os pacientes receberam soro fisiológico na velocidade de infusão oposta para manter o cegamento. O desfecho principal avaliado foi o desenvolvimento de acatisia notada 60 minutos após a administração da droga avaliada pela escala de acatisia do Hospital Príncipe Henry (The Prince Henry Hospital akathisia rating scale) ou por uma saída súbita e inexplicada do pronto-socorro durante o tratamento.

 

Resultados

            Foram incluídos no estudo 68 pacientes (36 para o grupo de AB e 32 para o grupo de AC). No grupo da administração em bolus (AB), observou-se acatisia em 11,1% dos pacientes, enquanto no grupo da infusão lenta (AC) nenhum paciente desenvolveu acatisia (p=0,026). Dos pacientes que desenvolveram acatisia, 4 tiveram o diagnóstico baseado na escala de acatisia e 2 a partir da saída súbita e sem explicação do pronto-socorro.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Estudo pequeno, mas com um desenho simples e objetivo, cujos resultados estão de acordo com outros achados na literatura2. O resultado é importante e de grande aplicabilidade clínica, uma vez que a metoclopramida parenteral é amplamente utilizada em pronto-socorros. Em virtude da possibilidade de ocorrência de acatisia, tem havido uma mudança na prescrição de anti-eméticos parenterais, com preferência por substâncias que não causem este efeito colateral, como é o caso do ondasentron. Entretanto, esta droga é de custo elevado em comparação à metoclopramida. Assim, este editor acredita que a utilização de infusão lenta de metoclopramida (1 ampola de metoclopramida diluída em 100 ml de soro fisiológio infundida em 15 minutos) deva ser utilizada quando da prescrição de metoclopramida parenteral. Esta abordagem, além de segura, é mais barata que a utilização de outros anti-eméticos como o ondasentron. Por último, vale lembrar que se ocorrer acatisia com a infusão de metoclopramida, o tratamento consiste na utilização de anti-histamínicos parenterais (difenidramina, por exemplo) ou benzodiazepínicos.

 

Bibliografia

1. Regan LA, Hoffman RS, Nelson LS. Slower infusion of metoclopramide decreases the rate of akathisia. Am J Emerg Med 2009; 27:475–480.

2. Parlak I, Atilla R, Cicek M, et al. Rate of metoclopramide infusion affects the severity and incidence of akathisia. Emerg Med 2005;22(9): 621-4.

 

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