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Risco de AVCi pós ataque isquêmico transitório

Autor:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Última revisão: 11/07/2009

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Risco de AVCi após AIT

 

Estudo de base populacional do risco e de preditores de AVC nas primeiras horas após um AIT.

Population-based study of risk and predictors of stroke in the first few hours after a TIA. Neurology 2009; 72:1941-1947 [Link para Abstract].

 

Fator de impacto da revista (Neurology): 6,014

 

Contexto Clínico

            O risco de um acidente vascular cerebral (AVC) na semana que sucede um ataque isquêmico transitório (AIT) pode chegar a 10%. Uma vez que estes eventos nos proporcionam uma oportunidade para prevenção, a maioria das diretrizes sobre manejo de AITs recomenda que a avaliação de pacientes com AIT de alto risco seja realizada nas 24h após o evento. A despeito destas recomendações, não se sabe ao certo quantos AVCs ocorrem nas primeiras 24h após um AIT. Também não está claro se o escore de risco ABCD identifica as recorrências nas primeiras horas com segurança. Desta forma os autores realizaram um estudo de coorte para avaliar as incidências de AVC nas primeiras 24h após um AIT.

 

O Estudo

            Os autores avaliaram as incidências de AVC recorrente 6, 12 e 24h após um AIT ou AVC em um estudo de coorte prospectivo, de base populacional (Oxford Vascular Study) com 91.106 participantes. AVC recorrente foi definido como instalação súbita de sintomas neurológicos novos após a recuperação inicial.

 

Resultados

            De 1.247 pacientes com AITs ou AVCs iniciais, 35 apresentaram AVC recorrente nas primeiras 24h, todos no mesmo território arterial. O evento inicial tinha revertido completamente, isto é, havia sido um AIT, em 25 destes casos. Entre os 488 participantes com um primeiro AIT, o risco de AVC foi 1,2% (IC95% 0,2 – 2,2%) em 6h, 2,1% (0,8 – 3,2%) em 12h e 5,1% (3,1 – 7,1%) nas primeiras 24h. Dos 59 AVCs que ocorreram nos 30 dias após o AIT, 25 (42%) ocorreram nas primeiras 24h. Os riscos de AVC recorrente nas primeiras 12 e 24 horas se relacionaram fortemente com o escore de risco ABCD2 (p=0,02 e p=0,0003). A maioria (76%) dos 25 casos de AVC nas primeiras 24h após o AIT apresentava escore ABCD2 = 5. O risco de AVC nas primeiras 24h após um AIT foi de 2% para pacientes com escore ABCD2 = 4, 6,5% para escore = 5, 11,8% para escore = 6 e 33,0% para escore = 7. Dos 25 casos de AVC recorrente nas primeiras 24h após AITs, 16 (64%) procuraram atendimento médico de urgência antes da recorrência, mas nenhum recebeu tratamento anti-plaquetário agudamente. Os autores concluem que o fato de que quase metade dos AVCs recorrentes após AITs durante os 30 dias subsequentes ocorre nas primeiras 24h enfatiza a necessidade de avaliação de urgência de pacientes com AIT.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            A questão da avaliação e das intervenções iniciais nos quadros de ataques isquêmicos transitórios (AITs) já foi discutida em algumas ocasiões neste site (ver a revisão Ataque Isquêmico Transitório e Acidente Vascular Cerebral, os 3 comentários de artigos sobre Tratamento Precoce de Ataques Isquêmicos Transitórios e o comentário sobre Estratificação de pacientes com ataque isquêmico transitório no pronto-socorro). É uma situação comum nos pronto-socorros, potencialmente grave e com um potencial preventivo razoável. Este estudo nos dá maiores informações sobre a epidemiologia desta condição clínica, mostrando que a maioria dos AVCs pós-AIT ocorre nas primeiras 24h, enfatizando a importância de uma avaliação e, principalmente, de intervenções terapêuticas simples precocemente. Como já comentado anteriormente, uma avaliação completa, com Doppler de carótidas e ecocardiograma realizados na urgência, além de não ser factível na maioria dos pronto-socorros brasileiros, é controversa como sendo absolutamente necessária para reduzir a chance de AVC pós-AIT. Ao que parece, intervenções como anti-plaquetários e anticoagulantes (em alguns casos) talvez tenham um impacto maior na redução do risco de AVC do que uma avaliação complementar cara e indisponível na maioria dos departamentos de emergência do Brasil. Esta questão, no entanto, está em aberto. De qualquer forma, não devemos esquecer que AITs não são eventos menores, sem importância e que a maioria dos AVCs que ocorrem após um AIT ocorre nas primeiras 24h.

 

Bibliografia

1. Chandratheva A, Mehta Z, Geraghty OC, Marquardt L, Rothwell PM. Population-based study of risk and predictors of stroke in the first few hours after a TIA. Neurology 2009; 72:1941-1947.

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