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Roziglitazona associada a aumento no risco de eventos cardiovasculares

Autor:

Euclides F. de A. Cavalcanti

Médico Colaborador da Disciplina de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Última revisão: 29/08/2009

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Uso de rosiglitazona associada a eventos cardiovasculares

 

Eventos adversos cardiovasculares durante o tratamento com pioglitazona e roziglitazona: estudo de coorte populacional1 [Link para Abstract].

 

Fator de impacto da revista (British Medical Journal): 9,723

 

Contexto Clínico

            As tiazolidinedionas (glitazonas) não são as drogas de primeira escolha no tratamento do diabético tipo 2, pois, embora melhorem a sensibilidade a insulina e baixem a hemoglobina glicada, estão associadas a insuficiência cardíaca2, retenção hídrica, aumento na incidência de fraturas3,4 e ao ganho de peso.

            Existem duas glitazonas disponíveis no mercado atualmente: a roziglitazona e a pioglitazona. Recentemente têm surgido estudos questionando a segurança cardiovascular da roziglitazona que, além do aumento na incidência de insuficiência cardíaca, que é um efeito da classe, estaria também associada a um aumento na incidência de infarto agudo do miocárdio5,6,7 .

            Baseado nestes estudos recentes, a Associação Americana de Diabetes publicou recentemente suas diretrizes (resumidas neste site – ver: Manejo da Hiperglicemia no Diabetes tipo 2. Diretrizes da ADA e AEED), e nestas diretrizes fizeram a seguinte recomendação:

 

“Os membros da diretriz unanimemente recomendaram contra o uso da rosiglitazona”

 

            O estudo a seguir buscou trazer mais informações a este respeito, comparando a roziglitazona com a pioglitazona em um estudo observacional populacional.

 

O Estudo

            Estudo de coorte retrospectivo populacional, que analisou os dados dos residentes em Ontário, Canadá, acima de 66 anos, e que iniciaram o uso de roziglitazona ou pioglitazona entre abril de 2002 e março de 2008.

            O desfecho primário analisado foi admissão por infarto agudo do miocárdio ou insuficiência cardíaca. Em análise secundária, estes desfechos também foram analisados individualmente

 

Resultados

            Identificou-se um total de 39.736 indivíduos que iniciaram uma das duas medicações no período. Durante o período do estudo, o desfecho primário analisado ocorreu em 895 pacientes em uso de pioglitazona (5,3%) e 1563 (6,9%) dos pacientes em uso de roziglitazona. Após ajuste para dados clínicos e demográficos confirmou-se um risco de desenvolver o desfecho primário 17% menor nos usuários de pioglitazona (RR = 0,83 IC 95% 0,76 a 0,90). As análises secundárias também revelaram um risco de morte 14% menor (RR 0,86 IC 95% 0,75 a 0,98) e de insuficiência cardíaca 23% menor (RR 0,77 IC 95% 0,69 a 0,87).

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Este é mais um estudo questionando a segurança cardiovascular da roziglitazona e, ao que tudo indica (e, de acordo com a Associação Americana de Diabetes), esta droga não deve mais ser prescrita, visto que existem outras alternativas ao seu uso. Em pacientes que já estão em uso de roziglitazona e que não estão atingindo os alvos glicêmicos preconizados, uma boa alternativa seria substituir a medicação. Já em pacientes em uso de roziglitazona e que estão atingindo os alvos glicêmicos preconizados sem desenvolver complicações, uma alternativa seria manter a medicação até que novos estudos esclareçam ainda melhor estes achados ou substituir a medicação por pioglitazona.

            Nunca é demais lembrar que, embora a pioglitazona se compare favoravelmente a roziglitazona, também não é a droga de primeira escolha no tratamento do diabético, pois se associa a edema, ganho de peso, aumento na incidência de insuficiência cardíaca e aumento em osteoporose e fraturas. A droga de primeira escolha no diabético tipo 2 continua sendo a metformina, conforme podemos verificar no algoritmo de tratamento das diretrizes da Associação Americana de Diabetes abaixo.

           

Algoritmo 1: Controle metabólico no diabetes tipo 2; reforçar intervenções no estilo de vida e checar a Hb glicada a cada 3 meses até que esteja <7% e posteriormente a cada 6 meses. As intervenções devem ser modificadas se Hb glicada estiver > 7%

 

 

 

Bibliografia

1.     Juurlink DN, Gomes T et al Adverse cardiovascular events during treatment with pioglitazone and rosiglitazone: population based cohort study; BMJ 2009;339:b2942.

2.     Erdmann E, Wilcox RG. Weighing up the cardiovascular benefits of thiazolidinedione therapy: the impact of increased risk of heart failure. Eur Heart J 2008;29:12-20.

3.     Loke YK et al. Long-term use of thiazolidinediones and fractures in type 2 diabetes: A meta-analysis. CMAJ 2009 Jan 6; 180:32

4.     Bodmer M, Meier C, Kraenzlin ME, Meier CR. Risk of fractures with glitazones: a critical review of the evidence to date. Drug Saf 2009;32:539-47.

5.     Diamond GA, Bax L, Kaul S. Uncertain effects of rosiglitazone on the risk for myocardial infarction and cardiovascular death. Ann Intern Med2007;147:578-81

6.     Singh S, Loke YK, Furberg CD: Long-term risk of cardiovascular events with rosiglitazone: a meta-analysis. JAMA 298:1189– 1195, 2007

7.     Nissen SE and Wolski K. Effect of rosiglitazone on the risk of myocardial infarction and death from cardiovascular causes. N Engl J Med 2007; 356:2457-2471 [link para o abstract]

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