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D Dímero pode ser útil para excluir dissecção de aorta?

Autor:

Euclides F. de A. Cavalcanti

Médico Colaborador da Disciplina de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Última revisão: 05/09/2009

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D Dímero pode ser útil para excluir dissecção de aorta?

 

Diagnóstico de Dissecção Aguda de Aorta pelo D-Dímero: Experiência do Sub-estudo em
Biomarcadores do Registro Internacional de Dissecção Aguda de Aorta1 [Link para Abstract].

 

Fator de impacto da revista (Circulation): 12,755

 

Contexto Clínico

             A dissecção de aorta é uma doença com enorme potencial de gravidade e o diagnóstico geralmente é feito através de tomografia ou ressonância magnética. No entanto, por ser relativamente rara, muitas vezes seu diagnóstico pode não ser suspeitado e o doente não tratado adequadamente.

            O D-Dímero é um fragmento de fibrina que costuma se elevar em estados de coagulação e atualmente é usado para excluir tromboembolismo pulmonar em pacientes de baixo ou médio risco quando em níveis abaixo de 500ng/mL. A dissecção aguda de aorta também pode elevar o D-Dímero e estudos recentes têm demonstrado que um D-Dímero abaixo de 500 ng/mL também pode ser útil para afastar esta grave condição2. O estudo atual buscou trazer mais informações sobre a sensibilidade e a especificidade do método na investigação de pacientes com suspeita de dissecção aguda de aorta.

 

O Estudo

            Estudo observacional, prospectivo, realizado em 14 centros na Europa. Duzentos e vinte (220) pacientes com suspeita de dissecção aguda de aorta realizaram coleta de D-Dímero e foram acompanhados até a alta hospitalar.

 

Resultados

            Dos 220 pacientes, 87 foram diagnosticados com dissecção aguda de aorta e 133 com outras doenças, incluindo infarto agudo do miocárdio, angina, tromboembolismo pulmonar, e outros diagnósticos. Verificou-se que o D-Dímero se elevou de forma marcante nos pacientes com dissecção de aorta - em dissecções do tipo A o valor médio do D-Dímero foi de 3310 ng/mL e em dissecções do tipo B de 3902 ng/mL. Utilizando-se um valor de corte semelhante ao utilizado para afastar tromboembolismo pulmonar (500 ng/mL) verificou-se que durante as primeiras 24 horas este valor teve sensibilidade de 96,6% (o estudo não informa, mas supõe-se que apenas 3 pacientes com dissecção apresentaram níveis abaixo deste valor – portanto o exame é útil para afastar a condição) e especificidade de 46% (portanto, o exame é pouco específico, o que significa que um valor elevado não confirma a condição – outros exames se fazem necessários se o valor for elevado).

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Neste estudo, um D-Dímero abaixo de 500 ng/dL durante as primeiras 24 horas demonstrou-se útil para afastar dissecção aguda de aorta em pacientes com elevada suspeita do diagnóstico (40% dos pacientes do estudo de fato tinham dissecção). No entanto, o exame tem baixa especificidade (pacientes com outros diagnósticos e pacientes normais podem ter D-Dímero elevado), de forma que o diagnóstico precisa sempre ser confirmado com outros exames (tomografia ou ressonância).

            Se novos estudos realizados com maior número de pacientes confirmarem estes achados poderemos ter uma ferramenta diagnóstica útil para afastar esta doença (portanto, um bom exame de triagem), mas, por ora, é necessária cautela com estes achados dada a extrema gravidade da condição, principalmente se não diagnosticada.

            Uma vez confirmados estes achados, surgirá preocupação de que este exame passe a ser utilizado inadvertidamente, tal como podemos observar frequentemente na prática clínica com o D Dímero para exclusão de tromboembolismo pulmonar. Como se trata de exame inespecífico nas duas condições (está presente em várias outras doenças e inclusive em pacientes normais), um exame positivo fará com que outros exames se façam necessários. Logo, se passarmos a pedir o exame para qualquer paciente com dor torácica e não apenas aos que tiverem maior probabilidade do diagnóstico, acabaremos por realizar mais tomografias, ao invés de menos tomografias, e a utilidade deste exame de triagem se perderá.

 

Bibliografia

1.     Suzuki T et al. Diagnosis of Acute Aortic Dissection by D-Dimer The International Registry of Acute Aortic Dissection Substudy on Biomarkers (IRAD-Bio) Experience. Circulation 2009; 119:2702-2707.

2.     Sodeck G, Domanovits H, Schillinger M. D-dimer in ruling out acute aortic dissection: a systematic review and prospective cohort study. Eur Heart J. 2007;28:3067–3075.

 

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