Autores:
Leonardo Vieira da Rosa
Médico Cardiologista pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Médico Assistente da Unidade de Terapia Intensiva do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Doutorando em Cardiologia do InCor-HC-FMUSP. Médico Cardiologista da Unidade Coronariana do Hospital Sírio Libanês.
Mariana Andrade Deway
Especialista em Cardiologia pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Médica Cardiologista da Unidade Coronariana do Hospital Sírio Libanês
Última revisão: 22/11/2010
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No Brasil, a incidência de cardiopatia na gravidez é, em centros de referência, de até 4,2%, ou seja, oito vezes maior quando comparada a estatísticas internacionais. Universalmente, a cardiopatia é considerada a maior causa de morte materna indireta no ciclo gravídico-puerperal.
É classificada em leve e grave de acordo com os achados clínicos e laboratoriais.
• PA = 140/90 mmHg após 20 semanas de IG em paciente normotensa antes da gestação;
• Proteinúria de 1+ em fita (duas amostras de urina com 4-6 horas de intervalo que se correlaciona a 30mg/dl em amostra de urina, quando excluída presença de infecção urinária), mas confirmada com =
• Sintomas cerebrais (cefaleia, tonturas, visão borrada, escotomas), ou digestivos (dor epigástrica ou no quadrante superior D, náuseas ou vômitos), ou trombocitopenia e alteração de enzimas hepáticas, mesmo na ausência de proteinúria.
• PA = 160/110 mmHg, em duas aferições com 6 horas de intervalo e com a paciente em repouso;
• Proteinúria de 24h =
• Oligúria, com volume urinário < 500 ml/24h;
• Insuficiência renal (creatinina sérica = 1,2 mg/dl em paciente com função renal normal prévia);
• Distúrbios visuais ou cerebrais (cefaleia, visão borrada, cegueira, alteração do estado mental) persistentes;
• Edema pulmonar ou cianose;
• Dor epigástrica ou no quadrante superior direito persistente;
• Insuficiência hepática (SGOT ou SGPT > 70 UI/L);
• Trombocitopenia (plaquetas < 100.000/µL) e/ou evidência de anemia hemolítica microangiopática);
• Síndrome HELLP;
• Restrição de crescimento fetal.
É o surgimento de convulsões em pacientes com PE ou HG. As complicações maternas e neonatais mais frequentes são:
1. DPP (1-4%);
2. Coagulopatia/Síndrome HELLP (10-20%);
3. Edema pulmonar/aspiração (2-5%);
4. Insuficiência renal aguda (1-5%);
5. Eclâmpsia (< 1%)*;
6. Insuficiência hepática ou hemorragia (< 1%);
7. AVC;
8. Morte;
9. Morbidade cardiovascular a longo prazo.
1. Prematuridade (15-67%);
2. Restrição de crescimento fetal (10-25%);
3. Hipóxia com lesão neurológica (< 1%);
4. Morte perinatal (1-2%);
5. Morbidade cardiovascular a longo prazo associada ao baixo peso ao nascer (P <
O especialista que conduz os casos de PE é o obstetra, e o cardiologista colabora no manejo dos antihipertensivos e no tratamento das complicações cardiológicas, pois o tratamento definitivo da doença é a interrupção da gestação.
• PE leve com gestação a termo (= 38 semanas de IG) ? promover o parto.
• PE leve e com IG < 38 semanas ? acompanhamento ambulatorial ou em ambiente hospitalar (preferível), com monitoração clínica e laboratorial materna e avaliação do bem-estar fetal periódicas. A PE leve pode progredir rapidamente para a forma grave ou para eclâmpsia e, em vista disto, a paciente deve ser orientada a comunicar sempre que apresentar sintomas cerebrais ou digestivos, redução do volume urinário ou redução dos movimentos fetais. É recomendado repouso relativo, adoção do decúbito lateral esquerdo (para aumentar retorno venoso) e, apesar de geralmente as pacientes apresentarem edema generalizado, não é recomendada restrição de sal, nem uso de diuréticos.
• PE grave em IG < 23 semanas ? interromper a gestação.
• PE grave entre 23 e 34 semanas de IG, indicado controle da PA (anti-hipertensivos se PA = 160 mmHg/110 mmHg ou PAM > 125 mmHg), corticoide para acelerar a maturidade pulmonar fetal, sulfato de magnésio para evitar convulsões e monitoração materna e fetal diárias, na tentativa de prolongar a gestação até IG de 34 semanas.
• PE grave e com IG = 34 semanas ? estabilizar paciente e interromper a gestação.
1. Hipertensão gestacional – É o aumento da PA que surge após as 20 semanas de IG e sem proteinúria.
2. Risco materno – A hipertensão na gravidez pode induzir alterações metabólicas e vasculares a longo prazo, associadas ao aumento do risco cardiovascular. Mulheres com PE têm 4 vezes mais chances de desenvolver HA crônica e quase duas vezes maior risco de doença arterial coronariana, AVC e tromboembolismo venoso num intervalo de tempo de até 14 anos após a gestação considerada.
3. Risco fetal – A restrição de crescimento intrauterino é reconhecida como grande fator de risco de desenvolvimento de aterosclerose precoce. E a síndrome da resistência à insulina parece ser a ligação de um ambiente intrauterino adverso, como o que ocorre na PE grave e compromete o crescimento fetal, com o comprometimento da saúde dessas crianças na vida adulta. Em vista disso, neonatos com baixo peso também devem ser avaliados precocemente e orientados a manter um estilo de vida saudável desde a infância.
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