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Hospitais com certificados de acreditação tratam melhor pacientes com AVC?

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 01/12/2011

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Hospitais com certificados de acreditação tratam melhor pacientes com AVC?

 

Comentado por: Lucas Santos Zambon

 

Especialidades / Áreas de Atuação: Segurança do Paciente & Qualidade Assistencial / Neurologia

 

Resumo

Este estudo procurou avaliar qual o benefício, em termos de mortalidade e reinternação, para pacientes com AVC que são tratados em centros acreditados pela Joint Comission (JC).

 

Contexto clínico

Espera-se que programas de acreditação na área da saúde tragam benefícios do ponto de vista assistencial, levando hospitais e outros locais a atingir melhores resultados a partir da melhoria de seus processos. A Joint Comission (JC) vem realizando acreditação de centros especializados para tratamento de AVC desde 2003 nos EUA. Entretanto, não se sabe qual o real benefício da acreditação quanto à mortalidade e à chance de reinternação dos pacientes com AVC quando comparados os centros com acreditação com aqueles não acreditados.

 

O estudo

Esse estudo de coorte incluiu todos os pacientes beneficiários do Medicare (sistema público norte-americano) com 65 anos de idade ou mais e com diagnóstico de alta de AVC, em 2006. Foram incluídos cerca de 64 mil pacientes que saíram de alta de centros acreditados pela JC e cerca de 247 mil pacientes que foram tratados em locais sem acreditação. Foram calculadas as taxas de mortalidade e de reinternação em 30 dias, ajustadas para critérios demográficos, comorbidades e região onde ficava o hospital. Os hospitais foram categorizados em “maior que”, “igual a” ou “menor que” a média nacional dos EUA em termos dos resultados.

A média de mortalidade em 30 dias ajustada nos hospitais acreditados pela JC foi discretamente menor que nos demais hospitais (10,7% ± 1,7% vs. 11% ± 1,7%), e a média ajustada de reinternação em 30 dias foi igual nos 2 grupos (12,5% ± 1,3% vs. 12,4% ± 1,7%). Praticamente 50% dos hospitais acreditados pela JC tiveram mortalidade menor que a média nacional, comparados a 19% dos hospitais sem acreditação. Em compensação, os dois grupos tiveram taxas de reinternação similares, além de ter uma percentagem de hospitais abaixo da média nacional também similar nos dois grupos (13,3% e 15,1%).

 

Aplicações para a prática clínica

Medir o impacto de qualquer sistema de acreditação é um grande desafio, pois pode ser difícil achar indicadores ou resultados que possam ser, de fato, pareados entre instituições que muitas vezes são muito diferentes, e com diversas particularidades. O mérito deste estudo está em tentar buscar uma resposta para a possível diferença causada por um método de acreditação usando resultados quanto a uma doença específica, no caso, AVC.

As diferenças encontradas foram pequenas. Os hospitais acreditados tiveram melhores (porém discretos) resultados apenas em termos de mortalidade em 30 dias, mas não em termos de reinternações. O resultado mais expressivo foi que 50% dos hospitais acreditados tiveram mortalidades menores para AVC que a média nacional dos EUA, bem mais que os 19% dos locais sem acreditação.

Teria sido interessante se os locais estudados tivessem bem documentados seus dados de desfechos do ponto de vista funcional, item que provavelmente é o mais importante quando se trata de qualidade do tratamento do AVC. Sendo assim, não foi possível comparar estes resultados entre os dois grupos de hospitais. Esse, sim, seria um resultado expressivo caso fosse notada uma diferença.

Fica ainda a dúvida sobre se, do ponto de vista de resultados assistenciais, os programas de acreditação conseguem, de fato, trazer resultados objetivos e mensuráveis. Muitos dos resultados são mais subjetivos. Os resultados aqui apresentados são tão marginais que ainda é necessário analisar mais estudos com caráter semelhante a este para chegar a conclusões mais definitivas.

 

Bibliografia

1.   Lichtman JH, Jones SB, Wang Y, Watanabe E, Leifheit-Limson E, Goldstein LB. Outcomes after ischemic stroke for hospitals with and without Joint Commission–certified primary stroke centers. Neurology 2011 Jun 7; 76(23):1976-82. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 19,959)

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