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Aspirina associada à heparina versus aspirina em mulheres com abortamento recorrente

Autor:

Tatiana Pfiffer Favero

Médica Assistente e Pós-graduanda do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Charité-Universitätsmedizin Berlin, Alemanha.

Última revisão: 08/03/2012

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Especialidades: Ginecologia / Obstetrícia

 

Resumo

Estudo visou avaliar se, em mulheres com abortamento recorrente sem causa determinada, a associação de heparina com aspirina seria superior ao tratamento só com aspirina, ou mesmo ao placebo, quanto às taxas de bebês nascidos vivos, assim como o risco de complicações obstétricas, maternas e fetais.

 

Contexto clínico

Abortamento recorrente pode ser definido como mais de 2 ou 3 perdas fetais suscessivas, sendo que de 1 a 5% das mulheres em idade reprodutiva podem apresentar esta condição. Suas causas podem ser diversas, destacando-se os fatores genéticos e as trombofilias. Contudo, apenas em cerca de metade dos casos podemos determinar a real etiologia do problema. Nestas pacientes, várias intervenções para melhorar as chances de suscesso obstétrico foram previamente testadas, porém nenhuma terapia efetiva foi encontrada. Sabe-se que o uso de aspirina associada com heparina pode melhorar as taxas de nascidos vivos em mulheres com abortamento recorrente causado por síndrome antifosfolípide. Assumindo que as duas situações apresentam similaridade na patogênese, alguns autores sugerem a administração das duas medicações no abortamento recorrente sem causa determinada, mesmo sem haver evidências científicas que justifiquem seu emprego. O presente trabalho foi desenhado com o objetivo de investigar se esta abordagem realmente seria benéfica, aumentando assim as taxas de nascidos vivos entre mulheres com abortamento recorrente sem causa determinada.

 

O estudo

Trata-se de um estudo prospectivo, randomizado, placebo-controlado e multicêntrico realizado em 8 hospitais de ensino na Holanda, entre fevereiro de 2004 e janeiro de 2008. Foram incluídas na pesquisa 364 mulheres com idade entre 18 e 42 anos, história de 2 ou mais abortamentos sem causa determinada, tentando engravidar ou mesmo com até 6 semanas de gestação. As pacientes foram aleatoriamente divididas em 3 grupos:

 

       um recebendo 80 mg de aspirina mais 2.850 UI de Nadroparin (A+H);

       um recebendo apenas 80 mg de aspirina (A);

       um recebendo apenas placebo (P).

 

O tratamento era iniciado tão logo a gravidez fosse confirmada e continuado durante toda a gestação até o momento do parto. Dentre as mulheres selecionadas, 299 delas conseguiram engravidar no período do estudo. As taxas de nascidos vivos não foram estatisticamente diferentes entre os grupos. No grupo A+H, o índice ficou em 69,1%, enquanto que o grupo A apresentou 61,6% e o grupo P apresentou 67% de sucesso. Nenhum efeito materno ou fetal adverso grave, decorrente dos tratamentos, foi detectado. No entanto, as pacientes do grupo A+H queixaram-se significativamente mais de edema e coceira no sítio de injeção que as demais mulheres.

 

Aplicações para a prática clínica

O presente estudo não apoia a hipótese de que a terapia combinada de aspirina com heparina, ou mesmo a administração isolada de aspirina, seja superior ao placebo no sentido de aumentar as taxas de nascidos vivos em mulheres com abortamento recorrente de causa indeterminada. Sendo assim, não são condutas a serem tomadas nesses casos.

 

Bibliografia

1.  Kaandorp SP, Goddijn M, van der Post JAM, Hutten BA, Verhoeve HR, Hamulyák K et al. Aspirin plus heparin or aspirin alone in women with recurrent miscarriage. N Engl J Med 2010; 362:1586-96. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 53,484).

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