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Qual método cirúrgico é melhor no tratamento da incontinência urinária de esforço?

Autor:

Tatiana Pfiffer Favero

Médica Assistente e Pós-graduanda do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Charité-Universitätsmedizin Berlin, Alemanha.

Última revisão: 08/10/2012

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Especialidades: Ginecologia / Urologia

 

Resumo

Estudo prospectivo, randomizado, multicêntrico que objetivou comparar a eficácia das faixas uretrais retropúbicas versus as transobturatórias no tratamento cirúrgico da incontinência urinária de esforço.

 

Contexto clínico

A incontinência urinária pode afetar até 50% das mulheres, resultando num importante prejuízo na qualidade de vida dessas pacientes. A maioria dessas mulheres tem um componente anatômico que justifica a perda urinária, sendo potencialmente candidatas a uma correção operatória. Em 1996, Ulmsten e colaboradores introduziram um novo procedimento que revolucionou o tratamento cirúrgico da incontinência urinária de esforço (IUE). A colocação de uma faixa ou sling suburetral por via retropúbica é pouco invasiva e garante taxas de sucesso entre 86 e 99%. Dentre as complicações associadas ao método, destacamos o aparecimento de retenção e urgência urinária, assim como possíveis lesões vesicais, intestinais ou vasculares. Até o momento, já foram realizados no mundo mais de 1 milhão de procedimentos, podendo ser considerado como o método de escolha na terapia da IUE. Mais recentemente, foi desenvolvida uma faixa ou sling suburetral por via transobturatória principalmente para simplificar e minimizar as complicações relacionadas à técnica. Nesta variante, a faixa é passada pelo forame obturatório, evitando a lesão de órgãos pélvicos (bexiga e intestino) que ocupam o espaço retropúbico. No entanto, existem poucos estudos prospectivos disponíveis que compararam a eficácia e até mesmo a segurança dos dois métodos.

 

O estudo

Trata-se de um estudo prospectivo, randomizado e multicêntrico, realizado nos Estados Unidos entre 2006 e 2008. A investigação incluiu 597 mulheres com IUE que foram divididas aleatoriamente para receber a faixa retropúbica ou transoburatória. Todas as pacientes foram acompanhadas por 12 meses e os critérios de sucesso do método foram divididos em parâmetros objetivos (ausência de perda demonstrável ao exame físico e padtest de 24 horas negativo) ou subjetivos (paciente relata própria perda urinária). As taxas de eficácia tanto objetiva como subjetiva não foram estatisticamente significante (81% e 62% respectivamente para o retropúbico versus 78% e 56% para o transobturatório). A faixa retropúbica resultou num risco maior de retenção urinária com necessidade de intervenção cirúrgica (3% versus 0%), ao passo que as pacientes que receberam a faixa transobturatória desenvolveram mais sintomas neurológicos (9,4% versus 4%). Não houve diferenças significativas quanto a outras complicações urinárias, intestinais ou vasculares, assim como em termos de satisfação e de qualidade de vida das mulheres.

 

Aplicações para a prática clínica

O estudo demonstrou que as taxas de sucesso em 1 ano, tanto objetiva quanto subjetiva, do tratamento cirúrgico da IUE foram discretamente melhores com a faixa retropúbica em relação a transobturatória, porém sem atingir significância estatística. Por outro lado, os índices de complicações relevantes foram maiores neste primeiro grupo. Estas informações devem ser fornecidas e discutidas com as pacientes previamente à cirurgia para uma melhor decisão quanto ao método a ser empregado em mulheres com IUE.

 

Bibliografia

1.   Richter HE, Albo ME, Zyczynski HM, Kenton K, Norton PA, Sirls LT et al. Retropubic versus transobturator midurethral slings for stress incontinence. N Engl J Med 2010; 362:2066-76. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 53,484).

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