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O uso antenatal de corticoide em prematuros e o risco de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor

Autor:

Tatiana Pfiffer Favero

Médica Assistente e Pós-graduanda do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Charité-Universitätsmedizin Berlin, Alemanha.

Última revisão: 05/11/2012

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Especialidades: Obstetrícia / Pediatria / Neurologia

 

Resumo

         Estudo prospectivo multicêntrico que objetivou determinar se crianças prematuras nascidas com idade gestacional entre 22 e 25 semanas expostas ao corticoide antenatal apresentam maior mortalidade ou distúrbio no desenvolvimento neuropsicomotor.

 

Contexto clínico

         Diversos estudos já demonstraram que crianças nascidas próximas ao limite da viabilidade apresentam maiores taxas de morbidade e de mortalidade, que surpreendentemente não se alteram nos últimos anos. De fato, sabe-se que uma dose única de corticoide administrada 24 horas antes do nascimento em pacientes em trabalho de parto prematuro antes da 34ª semana de gestação acelera substancialmente a maturidade pulmonar, diminui o risco de enterocolite necrotizante e de hemorragia intracraniana. No entanto, as consequências da exposição ao corticoide em fetos entre 22 e 25 semanas, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento neurológico, é incerto. Duas metanálises recentes não demonstraram benefício no uso do esteroide antes da 26ª semana, porém o número pequeno de crianças nascidas abaixo desta idade gestacional limita a real interpretação dos dados. Diversas entidades e sociedades médicas internacionais não recomendam o emprego de corticoides abaixo de 24 semanas de gestação devido a escassez de dados que comprovam a eficácia da terapia, apesar desses recém-nascidos frequentemente receberem cuidados intensivos neonatais. O presente estudo foi desenhado para determinar se crianças prematuras nascidas com idade gestacional entre 22 e 25 semanas expostas ao corticoide antenatal apresentam maior mortalidade ou distúrbio no desenvolvimento neuropsicomotor.

 

O estudo

         Estudo de coorte, prospectivo e multicêntrico realizado em 23 centros universitários de perinatologia nos Estados Unidos entre janeiro de 1993 e dezembro de 2009. Foram incluídas 10.541 crianças nascidas entre 22 e 25 semanas de gestação e com peso entre 401 e 1.000 g que receberam ou não a corticoterapia antenatal. Examinadores certificados avaliaram posteriormente o desenvolvimento neuropsicomotor e as taxas de mortalidade dessas crianças entre 18 e 22 meses de vida. Tanto a mortalidade quanto os distúrbios do desenvolvimento neurológicos foram significativamente menores nas crianças que receberam a corticoterapia com 23 semanas (83 vs. 90%), com 24 semanas (68 vs. 80%) e com 25 semanas (52 vs. 68%). No entanto, não foi comprovado benefício da medicação quando usada com 22 semanas de gestação (90 vs. 93%). Os eventos negativos que tiveram maior redução em crianças com 23, 24 e 25 semanas foram: óbito domiciliar e hospitalar, hemorragia intraventricular, leucomalácia periventricular e enterocolite necrotizante; já nas crianças com 22 semanas, o único efeito positivo observado foi a diminuição de enterocolite necrotizante.

 

Aplicações para a prática clínica

         Os resultados apresentados indicam que crianças nascidas com idade gestacional entre 23 e 25 semanas que receberam corticoterapia antenatal apresentam menor mortalidade e prejuízo no desenvolvimento neuropsicomotor pelo menos até os 18 a 22 meses de vida.

 

Bibliografia

1.       Carlo WA, McDonald SA, Fanaroff AA, Vohr BR, Stoll BJ, Ehrenkranz RA et al. Association of antenatal corticosteroids with mortality and neurodevelopmental outcomes among infants born at 22 to 25 weeks' gestation. JAMA, 2011;306 (21):2348-2358. doi:10.1001/jama.2011.1752. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 30,000).

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