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Eventos adversos renais da eritropoietina

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 03/07/2013

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Especialidades: Nefrologia

 

Resumo

         Este estudo mostra os riscos renais quando se objetiva um tratamento de anemia em insuficiência renal crônica com meta de hemoglobina alta.

 

Contexto clínico

         Já é sabido que pacientes com insuficiência renal crônica (IRC) que são tratados com eritropoietina para atingir níveis de hemoglobina > 13 g/dL sofrem mais eventos cardiovasculares. Existem dados conflitantes a respeito da correção da anemia usando eritropoietina e a progressão da IRC. O estudo que será descrito serve para analisar o impacto do nível alvo de hemoglobina na progressão da IRC.

 

O estudo

         Esta é uma análise secundária de um estudo randomizado controlado que envolveu 1.432 pacientes com IRC e anemia. Os participantes foram randomizados a atingir níveis de hemoglobina de 13,5 ou 11,3 g/dL com o uso de eritropoietina-alfa. Foram estimados os riscos de progressão da IRC (foram considerados para tanto: dobrar o nível de creatinina, iniciar diálise ou morte). Interações entre os níveis de hemoglobina (Hb) que foram alvos do estudo e características de base dos pacientes (taxa de filtração glomerular estimada, proteinúria, diabetes, insuficiência cardíaca e histórico de tabagismo) também foram estudados.

         Os participantes do grupo de Hb-alvo mais alta tiveram uma progressão mais rápida da IRC tanto na análise univariada (Hazard Ratio 1,25; IC95%, 1,03-1,52; P = 0,02) quanto na multivariada (Hazard Ratio 1,22; IC95% 1,00-1,48; P = 0,05). Essas diferenças foram atribuídas a taxas mais altas de diálise e morte no grupo de níveis mais altos de Hb. Os níveis de Hb não sofreram interação com a taxa de filtração glomerular estimada, proteinúria, diabetes ou insuficiência cardíaca (P > 0,05 para todos). Na análise multivariada, o tabagismo foi um fator agravante, sendo que, no grupo de níveis de Hb mais altos, os pacientes tiveram mais chance de progredir a IRC quando eram tabagistas (Hazard Ratio 2,50; IC95% 1,23-5,09; P=0,01).

 

Aplicações para a prática clínica

         Os resultados deste estudo, a despeito de ser uma análise secundária de outro estudo randomizado, mostram que tentar atingir níveis mais altos de hemoglobina em pacientes com IRC, além de causar eventos adversos cardiovasculares, criam um maior risco de progressão da doença renal, principalmente em pacientes que também são tabagistas. Sendo assim, estratégias mais conservadoras em termos de alvo de Hb para os pacientes com IRC devem ser consideradas de forma a minimizar desfechos totalmente desfavoráveis, como vimos nesta publicação.

 

Bibliografia

1.    Inrig JK, Barnhart HX, Reddan D, Patel UD, Sapp S, Califf RM et al. Effect of hemoglobin target on progression of kidney disease: a secondary analysis of the CHOIR (Correction of Hemoglobin and Outcomes in Renal Insufficiency) trial. Am J Kidney Dis 2012 Sep; 60:390 [link para o artigo] (Fator de Impacto: 5,434)

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