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Eficácia da Vacina para Herpes Zoster em Adultos Acima de 50 anos

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 11/01/2019

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Herpes-zóster é uma doença neurocutânea que ocorre por meio da reativação do vírus latente varicela-zóster (o vírus causador da catapora). Um quarto da população corre o risco de desenvolver herpes-zóster durante a sua vida e dois terços das pessoas com a doença têm 50 anos ou mais, sendo que a morbidade do herpes-zóster aumenta com a idade.

Uma revisão sistemática relatou taxas mais altas de fatalidade para aqueles com 65 anos ou mais (61 por 100 mil) em comparação com aqueles com idade entre 45 e 65 anos (2 por 100 mil). Já é disponível em muitos países uma vacina injetável viva atenuada para a prevenção do herpes-zóster em adultos com 50 anos ou mais, porém a sua eficácia diminui naqueles com 70 anos ou mais, e o uso da vacina é contraindicado naqueles com imunossupressão. Recentemente, uma nova vacina de subunidade recombinante contra o herpes-zóster foi aprovada no Canadá, nos EUA, na Europa e no Japão.

As revisões sistemáticas disponíveis excluíram estudos com participantes abaixo de 60 anos, e nenhum ensaio comparou a vacina viva atenuada com a nova vacina de subunidade recombinante. Sendo assim, esta é uma revisão sistemática e uma metanálise que comparou a eficácia, a efetividade e a segurança da vacina viva atenuada de herpes-zóster com a vacina adjuvante de subunidade recombinante, placebo ou nenhuma vacina em pessoas com 50 anos ou mais.

 

O Estudo

 

Foi feita uma revisão sistemática com metanálise bayesiana e metanálise de rede, usando como fontes de dados Medline, Embase e Cochrane Library (início até janeiro de 2017). Critérios de elegibilidade para a seleção do estudo: estudos experimentais, quase experimentais e observacionais que compararam a vacina viva atenuada com a vacina adjuvante da subunidade recombinante, placebo ou nenhuma vacina em adultos com 50 anos ou mais. Os desfechos relevantes foram incidência de herpes-zóster (desfecho primário), herpes-zóster oftálmico, neuralgia pós-herpética, qualidade de vida, eventos adversos e morte.

 

Foram incluídos 27 estudos (22 ensaios clínicos randomizados), incluindo 2.044.504 pacientes. A metanálise de rede de cinco ensaios clínicos randomizados e controlados não encontrou diferenças estatisticamente significativas entre a vacina viva atenuada e placebo para a incidência de herpes-zóster confirmado laboratorialmente. A vacina de subunidade recombinante, no entanto, foi estatisticamente superior à vacina viva atenuada (eficácia da vacina 85%; IC 95%, 31 a 98%) e placebo (94, 79 a 98%).

A metanálise de rede de 11 ensaios clínicos randomizados mostrou que a vacina de subunidade recombinante está associada a mais eventos adversos estatisticamente em locais de injeção do que a vacina viva atenuada (risco relativo 1,79; IC 95%, 1,05 a 2,34; diferença de risco 30%; IC 95%, 2 a 51%) e placebo (risco relativo 5,63; IC 95%, 3,57 a 7,29; diferença de risco 53%; IC 95%, 30 a 73%). A metanálise de rede de nove estudos controlados randomizados mostrou que a vacina de subunidade recombinante estava associada a eventos adversos estatisticamente mais sistêmicos do que o placebo (risco relativo 2,28; IC 95%, 1,45 a 3,65; diferença de risco 20%; IC 95%, 6 a 40%).

 

Aplicação Prática

 

Com base nesta metanálise, pode-se concluir que a vacina de subunidade recombinante é provavelmente superior à vacina viva atenuada contra o herpes-zóster; no entanto, a vacina de subunidade recombinante também apresenta um risco maior de eventos adversos nos locais de injeção. Não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre as duas vacinas para eventos adversos graves e morte. Diferenças entre as dosagens das vacinas não foram observadas, sugerindo que as doses padrão são adequadas. Em resumo, a vacina de subunidade recombinante pode prevenir mais casos de herpes-zóster do que a vacina viva atenuada; no entanto, ela pode acarretar um risco maior de eventos adversos nos locais de injeção.

 

Bibliografia

 

Tricco AC et al. Efficacy, effectiveness, and safety of herpes zoster vaccines in adults aged 50 and older: systematic review and network meta-analysis. BMJ 2018;363:k4029.

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