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Hepatite D

Última revisão: 30/01/2011

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Reproduzido de:

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de Vigilância Epidemiológica

8ª edição revista

BRASÍLIA / DF – 2010

 

Hepatite D

 

CID 10: B17.8

 

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição

Doença viral aguda que pode evoluir para forma crônica, apresentar-se como infecção assintomatica, sintomatica ou como formas gravíssimas, inclusive com óbito. O vírus HDV ou delta é altamente patogênico e infeccioso. Pode ser transmitido junto com o HBV a indivíduos sem contato prévio com o HBV, caracterizando a coinfecção, ou pode ser transmitido a indivíduos já portadores de HBsAg, caracterizando a superinfecção. Na maioria dos casos de coinfecção, o quadro clínico manifesta-se como Hepatite Aguda benigna, ocorrendo completa recuperação em até 95% dos casos. Excepcionalmente, pode levar a formas fulminantes e crônicas de Hepatite. Na superinfecção, a cronicidade é elevada, chegando a 79,9%, o prognóstico é pior, pois o HDV encontra condição ideal para intensa replicação, podendo produzir grave dano hepático e evolução para cirrose hepática. A doença crônica cursa, geralmente, com períodos de febre, icterícia, epistaxe, astenia, artralgia e, principalmente, esplenomegalia.

 

Agente Etiológico

Vírus da Hepatite D ou Delta (HDV). Um vírus RNA, único representante da família Deltaviridae. é um vírus defectivo (incompleto), que não consegue, por si só, reproduzir seu próprio antígeno de superfície, o qual seria indispensável para exercer sua ação patogênica e se replicar nas células hepáticas. Assim sendo, necessita da presença do vírus da Hepatite B.

 

Reservatório

O homem.

 

Modo de Transmissão

Semelhante ao da Hepatite B, ou seja, por via sexual, solução de continuidade (pele e mucosa), transfusões de sangue, procedimentos médicos e odontológicos e hemodiálises sem as adequadas normas de biossegurança, transmissão vertical (mãe - filho), contatos íntimos domiciliares (compartilhamento de escova dental e laminas de barbear), acidentes perfurocortantes, compartilhamento de seringas e de material para a realização de tatuagens e piercings. A transmissão vertical depende da carga viral do HBV. Outros líquidos orgânicos (sêmen, secreção vaginal, leite materno) podem conter o vírus e constituir-se como fonte de infecção.

 

Período de Incubação

De 30 a 180 dias, sendo menor na superinfecção: de 14 a 56 dias.

 

Período de Transmissibilidade

Uma semana antes do início dos sintomas e mantém-se enquanto o paciente apresentar HCV-RNA detectável.

 

Complicações

Pode ocorrer evolução para a cronicidade em até 79,9% dos casos de superinfecção. Com isso, há agravamento das manifestações clínicas e dos quadros bioquímico e histológico. Se comparada a infecção pelo HBV somente, na superinfecção, ocorre uma evolução em maior velocidade para a cirrose hepática e, na coinfecção, uma maior probabilidade de quadros fulminantes.

 

Diagnóstico

Clínico-laboratorial. Apenas com os aspectos clínicos não é possível identificar o agente etiológico, sendo necessária a realização de exames sorológicos. Os exames laboratoriais inespecíficos incluem as dosagens de transaminases – ALT/TGP e AST /TGO – que denunciam lesão do parênquima hepático. O nível de transaminases pode estar até 25 a 100 vezes acima do normal. As bilirrubinas são elevadas e, apesar de haver aumento tanto da fração não conjugada (indireta), quanto da conjugada (direta), essa ultima apresenta-se predominante. O tempo de protrombina pode estar diminuído (indicador de gravidade). Outros exames podem estar alterados, como a glicemia e a albumina (baixas). Os exames específicos são feitos pela identificação dos marcadores sorológicos HBsAg, anti-HBc total e anti-HDV total.

 

Quadro 20. Interpretação dos resultados sorológicos para Hepatite D

Formas

HBsAg

Anti-HBc total

Anti-HBc IgM

Anti-HDV total

Anti-HBs

Coinfecção

(+)

(-)

(+)

(+)a

(-)

Superinfecção

(+)

(+)

(-)

(+)a

(-)

Cura

(-)

(+)

(-)

(+)b

(+)

a Anti-HDV IgM e IgG em altos títulos.

b Anti-HDV-IgG positivo em baixos títulos.

 

Diagnóstico Diferencial

Hepatite por vírus A, B, C ou E; infecções como leptospirose, febre amarela, malária, dengue, sepse, citomegalovírus e mononucleose; doenças hemolíticas; obstruções biliares; uso abusivo de álcool e uso de alguns medicamentos e substâncias químicas.

 

Tratamento

O tratamento é complexo e, muitas vezes, o paciente volta a expressar o RNA-HDV no soro. Não existe tratamento específico para a forma aguda. Se necessário, apenas sintomático para nauseas, vômitos e prurido. Como norma geral, recomenda-se repouso relativo até, praticamente, a normalização das aminotransferases. Dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular, porém seu maior benefício é ser mais agradável para o paciente anorético. De forma prática, deve-se recomendar que o próprio paciente defina sua dieta, de acordo com seu apetite e aceitação alimentar. A única restrição relaciona-se a ingestão de álcool, que deve ser suspensa por 6 meses, no mínimo, sendo, preferencialmente, por 1 ano. Medicamentos não devem ser administrados sem recomendação médica para não agravar o dano hepático. As drogas consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a complexos vitamínicos, não tem nenhum valor terapêutico. Para a forma crônica e para a forma fulminante existem diretrizes clínico-terapêuticas definidas por meio de portarias do Ministério da Saúde. Devido à alta complexidade do tratamento, acompanhamento e manejo dos efeitos colaterais, ele deve ser realizado em serviços especializados (média ou alta complexidade do SUS).

 

Características Epidemiológicas

Em áreas endêmicas de infecção pelo HBV, o estado de portador crônico (HBsAg positivo) constitui o principal fator para a propagação do HDV, bem como grupos de risco acrescido, como usuários de drogas, hemodialisados e politransfundidos. A distribuição mundial do HDV difere em parte, com a prevalência do HBV. Em áreas de baixa endemicidade do HBV, a prevalência do HDV também é geralmente baixa. Em regiões de moderada e alta endemicidade do HBV, a prevalência do HDV é variável. Na África, sudeste asiático, Venezuela, Peru e Mediterrâneo a prevalência do HDV também é alta em pacientes infectados pelo HBV. No Brasil, a região Amazônica Ocidental apresenta uma das maiores incidências desse agente no mundo. No Acre, a prevalência de antidelta foi de 1,3%. Nas regiões Sudeste, Nordeste e na Amazônia Oriental, a infecção está ausente.

 

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivos

Controlar as hepatites virais no Brasil, através do conhecimento da magnitude, tendência e distribuição geográfica e por faixa etária, visando identificar os principais fatores de risco e fortalecer as atividades de vacinação contra a Hepatite B em áreas ou grupos de maior risco.

 

Notificação

Os casos suspeitos, confirmados e os surtos devem ser notificados e investigados.

 

Definição de Caso

Suspeito

Suspeita clínica / bioquímica

     Sintomático ictérico

-      Indivíduo que desenvolveu icterícia subitamente (recente ou não), com ou sem sintomas como febre, mal-estar, nauseas, vômitos, mialgia, colúria e hipocolia fecal.

-      Indivíduo que desenvolveu icterícia subitamente e evoluiu para óbito, sem outro diagnóstico etiológico confirmado.

     Sintomático anictérico

-      Indivíduo sem icterícia, que apresente um ou mais sintomas como febre, mal-estar, náusea, vômitos, mialgia e que, na investigação laboratorial, apresente valor aumentado das aminotransferases.

     Assintomático

-      Indivíduo exposto a uma fonte de infecção bem documentada (na hemodiálise, em acidente ocupacional com exposição percutânea ou de mucosas, por transfusão de sangue ou hemoderivados, procedimentos cirúrgicos/odontológicos/colocação de piercing/tatuagem com material contaminado, por uso de drogas endovenosas com compartilhamento de seringa ou agulha).

-      Comunicante de caso confirmado de Hepatite, independente da forma clínica e evolutiva do caso índice.

-      Indivíduo com alteração de aminotransferases no soro, igual ou superior a três vezes o valor máximo normal dessas enzimas, segundo o método utilizado.

 

Suspeito com Marcador Sorológico Reagente

     Doador de sangue

-      Indivíduo assintomático doador de sangue, com um ou mais marcadores reagentes para Hepatite D.

     Indivíduo assintomático com marcador reagente para Hepatite viral D.

     Caso confirmado - Indivíduo que preenche as condições de caso suspeito, e que apresente HBsAg ou anti-HBc IgM reagentes e um ou mais dos marcadores sorológicos conforme listado abaixo.

-      Anti-HDV total reagente;

-      Anti-HDV IgM reagente.

 

MEDIDAS DE CONTROLE

A vacina contra a Hepatite B é uma forma de reduzir a prevalência da Hepatite D. Os portadores e doentes devem ser orientados para evitar a disseminação do vírus, adotando medidas simples, tais como usar preservativos nas relações sexuais, não doar sangue e não compartilhar seringas e agulhas descartáveis, evitando o compartilhamento. Os profissionais de saúde devem seguir as normas de biossegurança em procedimentos odontológicos e cirúrgicos. Os serviços de hemoterapia (hemocentros e bancos de sangue), de doenças sexualmente transmissíveis, de saúde do trabalhador e as unidades básicas de saúde devem notificar os portadores por eles diagnosticados e encaminhá-los ao serviço de vigilância epidemiológica municipal ou estadual, para completar a investigação e receber assistência médica.

 

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