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toxoplasmose

Última revisão: 01/03/2011

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Reproduzido de:

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de Vigilância Epidemiológica

8ª edição revista

BRASÍLIA / DF – 2010

 

Toxoplasmose

 

CID 10: B58

 

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição

A Toxoplasmose é uma zoonose cosmopolita, causada por protozoário. Apresenta quadro clínico variado, desde infecção assintomatica a manifestações sistêmicas extremamente graves. Do ponto de vista pratico, é importante fazer uma distinção entre as manifestações da doença, quais sejam:

     Toxoplasmose febril aguda - Na maioria das vezes, a infecção inicial é assintomatica. Porém, em muitos casos, pode generalizar-se e ser acompanhada de exantema. Às vezes, sintomas de acometimento pulmonar, miocárdico, hepático ou cerebral são evidentes. As lesões resultam da proliferação rápida dos organismos nas células hospedeiras e, quando ha manifestações clínicas, essas tem evolução benigna. Ha casos em que ocorrem pneumonia difusa, miocardite, miosite, hepatite, encefalite e exantema maculopapular.

     Linfadenite toxoplásmica - Geralmente, o quadro se caracteriza por linfadenopatia localizada, especialmente em mulheres e, em geral, envolvendo os nódulos linfáticos cervicais posteriores ou, mais raramente, linfadenopatia generalizada. Esse quadro é capaz de persistir por 1 semana ou 1 mês e pode assemelhar-se a mononucleose infecciosa, acompanhada por linfócitos atípicos no sangue periférico. A linfadenite regional pode estar relacionada a porta de entrada, durante a síndrome febril aguda.

     Toxoplasmose ocular - A coriorretinite é a lesão mais frequentemente associada à Toxoplasmose e, em 30 a 60% dos pacientes com esta enfermidade, a etiologia pode ser atribuída ao toxoplasma. Dois tipos de lesões de retina podem ser observados: a retinite aguda, com intensa inflamação, e a retinite crônica, com perda progressiva de visão, algumas vezes chegando à cegueira.

     Toxoplasmose neonatal - Resulta da infecção intrauterina, variando de assintomatica a letal, dependendo da idade fetal e de fatores não conhecidos. Os achados comuns são prematuridade, baixo peso, coriorretinite pós-maturidade, estrabismo, icterícia e hepatomegalia. Se a infecção ocorreu no ultimo trimestre da gravidez, o recém-nascido pode apresentar, principalmente, pneumonia, miocardite ou Hepatite Com icterícia, anemia, plaquetopenia, coriorretinite e ausência de ganho de peso, ou pode permanecer assintomático. Quando ocorre no segundo trimestre da gestação, o bebe pode nascer prematuramente, mostrando sinais de encefalite com convulsões, pleiocitose do líquor e calcificações cerebrais. Pode apresentar a tétrade de Sabin: microcefalia com hidrocefalia, coriorretinite, retardo mental e calcificações intracranianas.

     Toxoplasmose no paciente imunodeprimido - Os cistos do toxoplasma persistem por periodo indefinido e qualquer imunossupressão significativa pode ser seguida por um recrudescimento da Toxoplasmose. As lesões são focais e vistas com maior frequência no cérebro e, menos frequentemente, na retina, miocárdio e pulmões. As condições mais comumente associadas a essa forma são aids, doença de Hodgkin e uso de imunossupressores.

     Toxoplasmose e gravidez - Haja vista que a infecção da mãe é usualmente assintomatica, geralmente não é detectada. Por isso, tem-se sugerido a realização de testes sorológicos na gestação, durante o acompanhamento pré-natal. Quando se realiza o diagnóstico, deve ser instituída a quimioterapia adequada.

 

Sinonímia

Doença do gato.

 

Diagnóstico

Baseia-se na associação das manifestações clínicas com a confirmação por meio de estudos sorológicos, ou da demonstração ou detecção do agente em tecidos ou líquidos corporais, em lâminas coradas por Wright-Giemsa ou imuno-histoquímica, a partir de biopsia ou necropsia, testes biomoleculares ou pela identificação em ensaios experimentais em animais ou cultivos celulares. O aumento dos níveis de anticorpos da classe IgG acima de 1:2048 indica a presença de infecção ativa, sendo extremamente importante ser acompanhada da testagem para anticorpos da classe IgM em sorologias pareadas. Níveis de anticorpos IgG baixos e estáveis (1:2 a 1:500) podem representar infecções crônicas, passadas ou persistentes. Um teste negativo praticamente descarta uma condição clínica suspeita, fazendo-se necessária nova sorologia para descarte, com 8 a 10 dias após a primeira.

 

Agente Etiológico

Toxoplasma gondii, um protozoário coccídio intracelular, pertencente à familia Sarcocystidae, na classe Sporozoa.

 

Reservatório

Os hospedeiros definitivos de T. gondii são os gatos e outros felídeos. Os hospedeiros intermediários são os homens, outros mamíferos não felinos e as aves.

 

Modo de Transmissão

O homem adquire a infecção por três vias:

 

     Ingestão de oocistos provenientes do solo, areia, latas de lixo contaminado com fezes de gatos infectados;

     Ingestão de carne crua ou mal cozida infectada com cistos, especialmente carne de porco e carneiro;

     Infecção transplacentária, ocorrendo em 40% dos fetos de mães que adquiriram a infecção durante a gravidez.

 

Período de Incubação

De 10 a 23 dias, quando a fonte for a ingestão de carne; de 5 a 20 dias, após ingestão de oocistos de fezes de gatos.

 

Período de Transmissibilidade

Não se transmite diretamente de uma pessoa a outra, com exceção das infecções intrauterinas. Os oocistos expulsos por felídeos esporulam e se tornam infectantes depois de 1 a 5 dias, podendo conservar essa condição por 1 ano.

 

Diagnóstico Diferencial

Citomegalovírus, malformações congênitas, sífilis, Rubéola, herpes, aids, kernicterus, neurocisticercose, outras doenças febris.

 

Tratamento

O tratamento específico nem sempre é indicado nos casos em que o hospedeiro é imunocompetente, exceto em infecção inicial durante a gestação ou na vigência de comprometimento de outros órgãos, como coriorretinite e miocardite. Recomenda-se o tratamento em gestantes, recém-nascidos e pacientes imunodeprimidos.

 

Quadro 41. Esquema terapêutico

Nos 3 primeiros dias de tratamento

Do 4º dia em diante

Tempo de tratamento

Adultos

Pirimetamina Sulfadiazina

75 a 100mg

500 a 1.000mg,

2 a 4 x/dia

25-50mg

500-1.000mg,

2 a 4 x/dia

4 a 6 semanas

Ácido folínico

5-10 mg/dia

5-10 mg/dia

Crianças

Pirimetamina Sulfadiazina

2 mg/kg

25 mg/kg/dia 4 x/dia

1 mg/dia

25 mg/kg/dia 4 x/dia

4 semanas

Ácido folínico

1mg

1mg

 

     Gestante - Utilizar Espiramicina, 750 a 1.000mg, VO, a cada 8 horas, ou Clindamicina, VO, na dose de 600mg a cada 6 horas. Na forma ocular, para reduzir a necrose e a inflamação e minimizar a cicatriz, utiliza-se 40mg/dia de Prednisona, por uma semana, e 20mg/dia, por outras 7 semanas. Está contraindicado o uso de Pirimetamina no 1o trimestre de gravidez, pois é teratogênica, e de Sulfadiazina, no 3o trimestre, pelo risco de desenvolver kernicterus.

 

Características Epidemiológicas

Doença universal. Estima-se que 70 a 95% da população estão infectados.

 

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivo

Não é doença objeto de ações de vigilância epidemiológica, entretanto, possui grande importância para a saúde publica, devido a sua prevalência, apresentação em pacientes com aids e gravidade dos casos congênitos.

 

Notificação

Não é doença de notificação compulsória.

 

MEDIDAS DE CONTROLE

Evitar o uso de produtos animais crus ou mal cozidos (caprinos e bovinos); eliminar as fezes dos gatos infectados em lixo seguro; proteger as caixas de areia, para que os gatos não as utilizem; lavar as mãos após manipular carne crua ou terra contaminada; evitar contato de gravidas com gatos.

     Recomendação - Em virtude dos altos índices de infecção pelo T. gondii na população em geral, onde geralmente os indivíduos imunocompetente não desenvolvem a doença, é imperativo que, na vigência da Toxoplasmose, o paciente seja avaliado quanto a possível associação com imunodeficiência. Com o surgimento da aids, tem aumentado o numero de casos de Toxoplasmose. Esses pacientes, após o tratamento especifico e a cura clínica, devem receber tratamento profilático pelo resto de suas vidas.

 

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