Última revisão: 31/05/2009
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Reproduzido de:
Dermatologia na Atenção Básica de Saúde / Cadernos de Atenção Básica Nº 9 / Série A - Normas de Manuais Técnicos; n° 174 [Link Livre para o Documento Original]
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Políticas de Saúde
Departamento de Atenção Básica
Área Técnica de Dermatologia Sanitária
BRASÍLIA / DF – 2002
Leishmaniose Tegumentar Americana
CID-10: B55.1
Doença parasitária da pele e mucosas, de caráter pleomórfico, causada por protozoários do gênero Leishmania. A doença cutânea apresenta-se classicamente por pápulas, que evoluem para úlceras com bordas elevadas e fundo granuloso, que podem ser únicas ou múltiplas e são indolores. Também pode manifestar-se como placas verrucosas, papulosas, localizadas ou difusas. A forma mucosa, secundária ou não à cutânea, caracteriza-se por infiltração, ulceração e destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe (Figura 1). Quando a destruição dos tecidos é importante, podem ocorrer perfurações do septo nasal e/ou do palato.
Figura 1: Leishmaniose cutânea mucosa com cicatriz no antebraço.
Úlcera de Bauru, nariz de tapir, ferida brava, botão do oriente.
Há várias Leishmanias envolvidas na transmissão. No Brasil, as mais importantes são Leishmania Viannia braziliensis, Leishmania Leishmania amazonensis e Leishmania Viannia guyanensis.
Masurpiais, roedores, preguiça, tamanduá, cão, eqüinos e mulas; e o homem.
Através da picada de insetos flebotomíneos do gênero Lutzomya.
Pode variar de 2 semanas a 12 meses, com média de 2 a 3 meses.
Desconhecido. Não há transmissão pessoa a pessoa. A transmissão dá-se através do vetor que adquire o parasita ao picar reservatórios, transmitindo, ao homem.
Infecção secundária das lesões cutâneas; disfagia, disfonia, quando de lesões mucosas.
Suspeita clínico-epidemiológica associada a dados laboratoriais. Exame parasitológico direto, através de exame do raspado da borda da lesão, ou “in-print” feito com o fragmento da biópsia; histopatologia, intradermorreação, reação de Montenegro-IRM. Sorologia pode ser útil.
Úlceras traumáticas, piodermites, úlceras vasculares, úlcera tropical, paracoccidioidomicose, esporotricose, cromomicose, neoplasias cutâneas, sífilis e tuberculose cutânea.
Hanseníase virchowiana, paracoccidioidomicose, sífilis terciária, neoplasias.
Os medicamentos citados abaixo estão em ordem de prioridade para uso.
Antimoniato de N-metil-glucamina, apresentação: 1 ml = 81 mg Sb+5, 10 a 20 mg/Sb+5/kg/dia - sugere-se 15 mg/ Sb+5/kg/dia, IV lento ou IM, por 20 dias consecutivos; pentamidina, 4 mg/kg, IM, a cada 2 dias, até completar no máximo 2 g de dose total (aplicar após alimentação e fazer repouso em seguida); anfotericina B, indicar 0,5 mg/kg/dia, IV, aumentando-se 1 mg/kg em dias alternados (máximo de 50mg/dia), até atingir dose total de 1 a 1,5g.
Antimoniatol de N-metil-glucamina, 20 mg/Sb+5/kg/dia, por 30 dias consecutivos; pentamidina, no mesmo esquema para forma cutânea, até atingir dose total de 2 g; anfotericina B, conforme esquema para forma cutânea, até completar, se possível, 2 g de dose total.
No Brasil, tem caráter endêmico e já é encontrada em todos os estados. A LTA é uma zoonose de animais silvestres que atinge o homem quando entra em contato com focos zoonóticos, áreas de desmatação, extrativismo. Houve mudança no perfil dos pacientes afetados; inicialmente, eram adultos jovens do sexo masculino e passaram a ser pessoas de todas as idades e sexos. A literatura já traz vários casos de LTA associados à aids.
Investigar e controlar os focos, visando a redução do número de casos, diagnóstico e tratamento precoces dos doentes para evitar a evolução e complicações da doença.
É doença de notificação compulsória nacional.
Indivíduo com presença de úlcera cutânea com fundo granuloso e bordas infiltradas em moldura (Figura 2).
Figura 2: Leishmaniose com úlcera com moldura.
Todo indivíduo com presença de úlcera na mucosa nasal, com perfuração ou perda do septo nasal, podendo atingir lábios e boca.
A confirmação dos casos clinicamente suspeitos deverá preencher no mínimo um dos critérios a seguir: residência, procedência ou deslocamento em área endêmica associado ao encontro do parasita nos exames parasitológicos diretos; residência, procedência ou deslocamento em área endêmica associado à Intradermo Reação de Montenegro (IRM) positiva; residência, procedência ou deslocamento em área endêmica sem associação a outro critério, quando não há acesso a métodos de diagnóstico. Nas formas mucosas, considerar a presença de cicatrizes cutâneas anteriores como critério complementar para confirmação do diagnóstico.
Na cadeia de transmissão: diagnóstico precoce e tratamento adequado dos casos humanos e redução do contato homem-vetor. Realizar investigação epidemiológica em situações específicas visando determinar se a área é endêmica ou se é um novo foco; se o caso é autóctone ou importado; as características do caso (forma clínica, idade, sexo e ocupação); e identificar se há indicação de desencadear as medidas de controle: orientação quanto às medidas de proteção individual, mecânicas, como o uso de roupas apropriadas, repelentes, mosquiteiros. Controle de reservatórios. Medidas educativas. Em áreas de risco para assentamento de populações humanas, sugere-se uma faixa de 200 a 300 metros entre as residências e a floresta, com o cuidado de evitar-se o desequilíbrio ambiental.
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