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CAPÍTULO 4 – Sistema de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-vacinais

Última revisão: 24/06/2009

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Reproduzido de:

Guia de Vigilância Epidemiológica – 6ª edição (2005) – 2ª reimpressão (2007)

Série A. Normas e Manuais Técnicos [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de Vigilância Epidemiológica

Brasília / DF – 2007

 

CAPÍTULO 4 – Sistema de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-vacinais

 

As vacinas previnem o adoecimento e a morte de milhões de pessoas a cada ano, representando a intervenção com melhor custo-benefício. Apesar disso, cerca de dois milhões de crianças morrem anualmente por doenças imunopreveníveis que poderiam ser evitadas pela utilização de vacinas de baixo custo. No começo do século XX, de cada 1 mil crianças nascidas 160 morriam de uma causa infecciosa antes dos 5 anos.

As vacinas, como todo produto farmacêutico, não são isentas de efeitos colaterais ou eventos adversos. Como significativa proporção da população é vacinada a cada ano, há certo número de eventos adversos após a vacinação – tanto apenas coincidentes como com relação causal com a vacina.

O grande impacto que um evento adverso pós-vacinal pode causar na sociedade deve-se ao fato de que as vacinas geralmente são utilizadas em pessoas saudáveis, principalmente crianças. Deste modo, qualquer reação, por mais leve que seja ou apenas associada temporalmente (coincidente), causa grande repercussão.

Diante da redução expressiva na ocorrência de doenças imunopreveníveis, os eventos adversos passaram a ter maior destaque, conseqüentes ao aumento progressivo do uso de imunobiológicos em todo o mundo. Entende-se por evento adverso toda situação clínica ocorrida em tempo variável após a utilização de produtos imunobiológicos, respeitando-se um diagnóstico diferencial adequado, o afastamento de situação coincidentes e a plausibilidade biológica do evento. De modo geral, podem ser locais ou sistêmicos, leves, moderados ou graves, categorizados em:

 

      relação à vacina (tipos de cepas, substâncias estabilizadoras e/ou conservadoras, manipulação, conservação e administração);

      relação aos vacinados (fatores predisponentes e/ou imunologicamente idiossincráticos).

 

Apesar do constante aperfeiçoamento dos métodos de produção e purificação das vacinas, estas são constituídas, em sua maioria, por agentes infecciosos atenuados ou inativados ou por algum dos seus produtos ou componentes, podem induzir a eventos adversos.

Diversos países mantêm sistemas de vigilância e investigação de eventos adversos pós-vacinais, considerando que o monitoramento adequado e a investigação oportuna e competente são de fundamental importância para a manutenção da confiança nos programas de imunizações, uma vez que ao cumprirem os seus objetivos orientam, quando necessárias, a tomada de medidas, como a retirada de um produto do calendário vacinal, ou alterações na posologia ou faixa etária, entre outras.

No Brasil, o registro da chegada da primeira vacina data de 1805, trazida pelo marquês de Barbacena, sob a forma de vírus vacínico da varíola no braço dos escravos. Em 1925, o BCG, já utilizado mundialmente, começa a ser utilizado e produzido no país, bem como a vacina contra a febre amarela, em 1937 – mas só em meados de 1987 inicia-se a sistematização do registro de eventos adversos. No início dos anos 90, a Organização Mundial da Saúde recomenda a notificação e investigação de eventos adversos pós-vacinais. Em 1992, o Programa Nacional de Imunizações implantou oficialmente este sistema, que gradativamente aprimorado conta a partir de 2000 com o Sistema Informatizado de Eventos Adversos Pós-Vacinais, que permite uma análise mais rápida e contempla maior número de variáveis quanto à reatogenicidade dos produtos usados pelo Programa Nacional de Imunizações.

 

OBJETIVOS DO SISTEMA

      Identificar os eventos adversos pós-vacinação.

      Identificar eventos novos e/ ou raros.

      Acompanhar a investigação dos eventos adversos.

      Promover uma investigação capaz de estabelecer ou descartar a relação de causalidade com a vacina.

      Identificar os fatores de risco e/ou condições que potencializem eventos adversos.

      Fornecer dados que possibilitem uma avaliação descritiva e/ou analítica da ocorrência dos eventos adversos.

      Sinalizar a necessidade de estudos mais elaborados para melhor interpretar os dados da vigilância e investigação de eventos adversos pós-vacinais.

 

NOTIFICAÇÃO E INVESTIGAÇÃO DOS EVENTOS ADVERSOS: ATRIBUIÇÕES DOS DIFERENTES NÍVEIS DO SISTEMA DE SAÚDE

Todos os eventos ocorridos após a aplicação de um produto imunobiológico utilizado pelo Programa Nacional de Imunizações, devem ser notificados, desde que respeitadas a plausibilidade biológica da ocorrência, o diagnóstico diferencial abrangente e descartadas as condições concomitantemente ocorridas ao uso da vacina, mas sem qualquer relação com a mesma. No Manual de Vigilância de Eventos Adversos, 1998 (em revisão), encontram-se definições de caso para os eventos adversos específicos ou não para cada vacina.

O fluxo de informação deve obedecer as seguintes orientações:

 

Nível Local

      A unidade de saúde deverá identificar, investigar inicialmente e notificar a Coordenação de Imunizações e/ou serviço de vigilância do município.

      Adotar as condutas clínicas pertinentes e avaliar a necessidade de ampliar a investigação.

      Consolidar e analisar os casos notificados.

 

Nível Municipal

      Receber as notificações das unidades de saúde.

      Notificar de imediato os casos graves (fluxo imediato) ao nível regional ou estadual.

      Promover a investigação das notificações recebidas, analisando e estabelecendo a conduta adequada, no âmbito de sua competência.

      Detectar e notificar a ocorrência de surtos de eventos adversos.

      Consolidar e avaliar os dados municipais.

      Repassar cópias das fichas e consolidado para as regionais de saúde (quando houver) ou secretarias estaduais de saúde, até o quinto dia útil de cada mês.

      Promover a capacitação e atualização dos recursos humanos.

 

Nível Regional (Quando Houver)

      Receber, analisar e consolidar os dados dos municípios de sua área de abrangência.

      Notificar de imediato os casos graves (fluxo imediato) ao nível estadual.

      Assessorar os municípios na investigação dos casos, quando necessário.

      Detectar e notificar a ocorrência de surtos de eventos adversos.

      Repassar cópias das fichas e consolidado para as secretarias estaduais de saúde, até o décimo dia útil de cada mês.

      Promover a capacitação e atualização dos recursos humanos.

 

Nível Estadual

      Receber, consolidar e analisar as notificações regionais ou municipais.

      Notificar de imediato os casos graves (fluxo imediato) ao nível nacional.

      Garantir, através dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), os mecanismos necessários para a investigação, acompanhamento e elucidação de eventos adversos graves ou inusitados, associados temporalmente às aplicações de imunobiológicos (Instrução Normativa nº 2, de 24 de setembro de 2002).

      Assessorar as regionais ou os municípios na investigação dos casos, quando necessário.

      Detectar e notificar a ocorrência de surtos de eventos adversos.

      Consolidar e analisar os dados do estado.

      Repassar o consolidado para o nível nacional até o décimo quinto dia útil de cada mês.

      Promover a capacitação e atualização dos recursos humanos e/ou colaborar, nesta área, com as regionais e municípios.

 

Nível Nacional

      Estabelecer as diretrizes gerais para vigilância de eventos adversos pós-vacinação.

      Receber e analisar os consolidados estaduais.

      Garantir, através dos Crie, apoio técnico aos estados, participando inclusive da investigação epidemiológica de campo, quando necessário.

      Elaborar e manter atualizados os protocolos de investigação dos eventos adversos.

      Adotar medidas imediatas frente à ocorrência de surtos de eventos adversos.

      Realizar supervisões sistemáticas aos estados.

      Promover e colaborar, com os estados, na capacitação e atualização dos recursos humanos.

 

ANEXO 1 – Descrição, tempo decorrente entre aplicação e evento, freqüência, conduta e exames para cada vacina do Calendário Básico de Vacinação

Vacina

Eventos adversos

Tempo decorrente

Freqüência das doses

Conduta

Exame

Tétano Difteria

Dor

1° dia

1/2 a 5 Aumenta com a repetição das doses

Notificar e investigar reações muito intensas ou “surtos”

-

Edema, eritema

Idem

1/4 a 1/3 Aumentam com a repetição das doses

Idem

-

Edema acentuado

Idem

Menos de1/50

Idem

-

Febre

24/48 horas

1/14 a 1/200

Idem

-

Febre alta

Idem

Rara

Notificar e investigar

-

Reação anafilática

Menos de 2 horas, geralmente nos primeiros 30 minutos

1/100 mil a 1/150 mil

Notificar e investigar.

Contra-indica doses subseqüentes

-

Síndrome de Guillain-Barré

Semanas

Extremamente rara

Notificar e investigar

Tratamento especializado

Contra-indica doses subseqüentes

Investigação clínica e laboratorial especializada

Neuropatia periférica

Horas a semanas

0,4/1milhão

Notificar e investigar.

Avaliação neurológica.

Contra-indica doses subseqüentes

Idem

DTP (I)

Rubor, calor, dor, endurecimento local

De 24 a 48 horas

De 1/3 a 1/2

Notificar reações mais intensas ou “surtos”

-

Febre

Nas primeiras 48 horas

1/330

Notificar e investigar

Tratamento: ver Anexo 2

-

Febre maior ou igual a 39,5°C

Nas primeiras 48 horas

1/330

Não contra-indica doses subseqüentes

Recomenda-se antitérmico profilático

-

Sonolência

Ocorre nas primeiras 24 horas

1/3

-

-

Choro persistente

Inicia-se entre 2 a 8 horas, prolongando-se até 48 horas após a vacina

1/100

Tratamento: ver Anexo 2

Recomenda-se tratamento sintomático

Observar

Não contra-indica doses subseqüentes

Notificar e investigar a existência de relação com outras causas

-

DTP (II)

Irritabilidade

Nas primeiras 24 horas

1/2

Não há necessidade de notificar e investigar

Não contra-indica doses subseqüentes

-

Vômito

Idem

1/15

Idem

-

Anorexia

Idem

1/5

Idem

-

Episódio hipotônico-hiporresponsivo (EHH)

Nas primeiras 48 horas, principalmente nas primeiras 6 horas após a vacina

1/1.750

Notificar e investigar

Tratamento de suporte

Avaliar o EHH e o risco de adquirir coqueluche.

Utilizar nas doses subseqüentes a dupla infantil DT ou a DTP, de preferência acelular, se disponível, com as precauções indicadas

Alertar os pais quanto às complicações da coqueluche

Clínico, para diagnóstico diferencial

Encefalopatia

Nos primeiros 7 dias

1/110 mil

Notificar e investigar Tratamento a cargo do neurologista

Contra-indica as doses subseqüentes de DPT.

Completar o esquema com a DT (dupla infantil)

Alertar os pais quanto às complicações da coqueluche

Exame neurológico

Investigação clínica e laboratorial especializada

Convulsão

Até 72 horas, quase sempre nas primeiras 12 horas

1/1.750

Notificar e investigar

Tratamento: ver Anexo 2

Continuar esquema com DT ou DPT ou DTaP, caso disponível, com precauções (avaliar riscos)

Administrar antitérmico profilático e alertar os pais quanto ao risco da coqueluche

No caso de convulsões de mais de 15 minutos, exame neurológico e investigação clínica e laboratorial

Anafilaxia

Geralmente nos primeiros 30min até 2 horas

Extremamente rara

-

Clínico

Reações imunoalérgicas

Mais de 2 horas até dias após a aplicação da vacina

-

Notificar e investigar

Tratamento: ver Anexo 2

Não contra-indica doses subseqüentes

Clínico, para diagnóstico diferencial

Tríplice viral (I)

Ardência, eritema, hiperestesia, enduração

1º dia

Raros

Notificar e investigar reações intensas e “surtos”.

Não contra-indica doses subseqüentes

-

Linfadenopatia regional

-

Rara

Idem

-

Resposta local imune

-

Rara

Idem

-

Febre baixa, cefaléia, irritabilidade, conjuntivite ou manifestações catarrais

5-12 dias

1/25 a 1/200

Idem

-

Febre alta

5-12 dias

1/6,7 a 1/20

Idem

Exame clínico

Exantema

7-10 dias

1/20

Idem

Idem

Linfadenopatias

7-21 dias

1/100

Idem

Idem

Tríplice viral (II)

Meningite

2-3 semanas

Desde 1/1 mil até 1/1 milhão conforme a cepa do componente caxumba

Notificar e investigar.

Tratamento sintomático.

Contra-indica dose subseqüente

Investigação clínica e laboratorial especializada

Pan-encefalite

Em média, 5 a 7 anos

0,7/1 milhão

Notificar e investigar.

Tratamento com neurologista.

Contra-indica dose subseqüente

Idem

Púrpura trombocitopênica

Até 2 meses

De 1/30 mil a 1/1 milhão

Notificar e investigar

Tratamento a cargo de especialista

Contra-indica dose subseqüente

Idem

Urticária local

-

Muito rara

Notificar e investigar.

Tratamento: ver Anexo 2.

Aplicar dose subseqüente, se necessária, com precauções

-

Tríplice viral (III)

Reação anafilática

Nos primeiros 30 min até 2 horas

1/2,1 milhões

Notificar e investigar.

Contra-indica dose subseqüente.

-

Articulares

-

Em crianças: 1/333 Em mulheres adultas: 1/6,7

Notificar e investigar.

Tratamento sintomático.

Contra-indica doses subseqüentes

Investigação clínica, para diagnóstico diferencial

Parotidite

10-14 dias

-

Notificar e investigar.

Tratamento sintomático.

Não contra-indica doses subseqüentes

Idem

Orquite, pancreatite

-

Raras

Notificação e investigação: desnecessárias.

Tratamento sintomático.

Não há contra-indicação para doses subseqüentes

Idem

Hepatite B

Dor

1º dia

1/3,5 a 1/33,3

Notificar e investigar.

Contra-indica dose subseqüente

-

Enduração

Idem

1/12,5

Idem

-

Febre

Idem

1/16,9 a 1/100

Idem

-

Mal-estar, cefaléia, astenia, mialgia, artralgia

Idem

-

Não é necessário notificar e investigar.

Tratamento sintomático.

Não contra-indica doses subseqüentes

Clínico, para descartar intercorrência infecciosa

Febre amarela

Local (dor, abcesso)

1º dia

-

-

-

Febre, mialgia, cefaléia

6 dias

1/20

Idem

-

Reação anafilática

Nos primeiros 30 min até 2 horas

1/1 milhão Geralmente em pessoas com alergia a proteínas do ovo de galinha

Notificar e investigar.

Contra-indica doses subseqüentes

-

Encefalite

-

1/17 milhão (USA). No Brasil não há relato

Notificar e investigar.

Contra-indica doses subseqüentes.

Tratamento da encefalite

Investigação clínica e laboratorial para afastar outros diagnósticos

Visceralização

30 dias após vacinação

Raro. Em investigação

Notificar

-

BCG (I) Lesões locais e regionais

Úlcera com diâmetro maior que 1 cm

Maior freqüência nos 6 primeiros meses

O risco médio descrito para efeitos locais e regionais (úlcera, abcesso e linfadenopatia regional supurada) é de 0,387 por mil vacinados

Notificar e investigar.

No caso de não cicatrização até seis meses após a aplicação da vacina, Isoniazida, na dose de 10 mg/kg/dia, dose máxima de 400 mg, até a regressão completa da lesão

Garantir limpeza local e não usar pomadas, antibióticos ou anti-sépticos

-

Abcessos subcutâneos frios

Nos primeiros 3 meses

Idem

Notificar, investigar e acompanhar.

Isoniazida na dose de 10 mg/kg/dia, dose máxima de 400 mg/dia, até a regressão completa da lesão

-

Abcessos subcutâneos quentes

Podem ocorrer precocemente, até o 15º dia

Idem

Notificar, investigar e acompanhar.

Conduta indicada para qualquer processo infeccioso agudo de pele

-

Linfadenopatia regional não supurada

Em média nos três primeiros meses

Idem

Notificar, investigar e acompanhar

Não puncionar e não administrar Isoniazida

-

Linfadenopatia regional supurada

Em média, nos três primeiros meses

Idem

Notificar, investigar e acompanhar

Isoniazida na dose de 10 mg/kg/dia, dose máxima de 400 mg/dia, até o desaparecimento da supuração e diminuição significativa do tamanho do gânglio.

Na presença de gânglios, não fazer incisão; não fazer exérese

-

Reação quelóide

Após a cicatrização

-

Normalmente não se faz nada

Em situação especial, indicam-se cirurgia e radioterapia superficial, para diminuir a probabilidade de formação de quelóide após a cirurgia

-

Reação lupóide

Tardia

Menos de 1 por 10 milhões de vacinados

Notificar, investigar e acompanhar

Esquema tríplice com: Isoniazida: 10 mg/kg/dia

Rifampicina: 10 mg/kg/dia

Etambutol: 25 mg/kg/dia, durante 2 meses, seguido de:

Isoniazida: 10 mg/kg/dia

Rifampicina: 10 mg/kg/dia, durante 4 meses

Biópsia de fragmentos de pele

Exame bacteriológico direto, cultura, tipificação e exame histológico

BCG (II) Lesões resultantes de disseminação

Lesões generalizadas

Em geral, no decorrer do 1º ano

1,9 por milhão de vacinados

Idem

Obs.: o esquema acima deve ser prescrito por um período mínimo de 6 meses

Exame bacteriológico:

– direto

– cultura

– tipificação

– exame histopatológico

– exame radiológico

Anti-pólio oral

Poliomielite associada à vacina

Vacinado: 4-40 dias

Comunicante de vacinado: 4-85 dias após a vacinação

Todas as doses

Vacinados: 1 caso/4,4 a 6,7 milhões de doses administradas

Comunicantes: 1 caso/6,7 a 15,5 milhões de doses administradas

Na 1ª dose

Vacinados: 1 caso/670 mil doses administradas

Comunicantes: 1 caso/milhão de doses administradas

Notificar e investigar

Tratamento de suporte

Encaminhar aos Centros de Referência

No caso de imunodeficiência, continuar a vacinação com vacina inativada

Fezes: colher 2 amostras nos primeiros 15 dias após o início da deficiência motora, observando um intervalo mínimo de 24 horas da 1ª para a 2ª coleta

Eletroneuromiografia

Soro anti-rábico

Reação anafilática

Nos primeiros 30 minutos até 2 horas

Raro

Todos os casos deverão ser notificados e investigados

Substituir o soro heterólogo por imunoglobulina humana anti-rábica

-

 

ANEXO 2 – Conduta Frente a Alguns Eventos Adversos Comuns a Vários Imunobiológicos

As vacinas situam-se entre os produtos de maior segurança de uso. Entretanto, é possível que haja reações, até mesmo graves, com a sua utilização. A orientação a seguir destina-se aos serviços de rotina de imunização, com os seus recursos habituais. Não é impositiva, devendo ser adaptada às circunstâncias operacionais e à experiência e treinamento de cada grupo.

 

Manifestações Locais

Podem ocorrer após a aplicação de qualquer vacina. Os casos de abscesso geralmente encontram-se associados com infecção secundária e erros na técnica de aplicação.

 

Notificação e Investigação

Notificar e investigar os casos com abscessos ou outras reações locais muito intensas (edema e/ou vermelhidão extensos, limitação de movimentos acentuada e duradoura); também notificar o aumento exagerado de determinadas reações locais associadas eventualmente a erros de técnica ou a lote vacinal (“surtos”).

 

Conduta

1.    Tratamento

      Analgésico, se necessário;

      Compressas frias ou quentes: é prática comum em nosso país a aplicação local de compressas frias ou quentes, para alívio da dor e/ou inflamação. Embora sua eficácia não tenha sido validada em estudos controlados, seu emprego não é contra-indicado. Observação: o Programa Nacional de Imunizações, em seu Manual de Capacitação de Pessoal da Sala de Vacinação, recomenda apenas o uso de compressas frias para tratamento de eventos locais;

      Os abscessos devem ser submetidos à avaliação médica, para conduta apropriada.

 

2.    Contra-indicação para doses subseqüentes

Não há.

 

Febre

Pode ocorrer logo após a aplicação da vacina (como na vacina tríplice DPT, vacina meningocócica B/C) ou alguns dias depois (como na vacina contra o sarampo). É possível que se deva a alguma infecção intercorrente ou desidratação. A criança deve ser examinada quando a febre for alta ou fugir do padrão esperado para o tipo de vacina aplicada.

 

Notificação e Investigação

Notificar e investigar se detectada com intensidade e freqüência acima do esperado, associadas eventualmente a lotes (“surtos”).

 

Conduta

1.    Tratamento

      Manter a criança em repouso, em ambiente bem ventilado, administrar água e outros líquidos apropriados, tais como o leite materno e terapia de reidratação oral (TRO). Administrar antitérmico, se necessário, de 6/6 horas. Quando a febre for decorrente da vacinação, o quadro é benigno e autolimitado. Não aplicar gelo, álcool ou clisteres gelados.

      Antitérmicos: de preferência paracetamol, 15 mg/kg, via oral. Nos casos de febre muito alta, dipirona, 15mg/kg/dose, via oral ou intramuscular. Evitar aspirina.

      Antitérmico profilático: utilizá-lo quando na dose anterior houve febre elevada ou convulsão febril.

      Administrar no momento da vacinação e repetir de 6/6 horas durante 24 a 48 horas. Usar de preferência o paracetamol, na dose já indicada.

      Ficar atento para a possibilidade de infecção intercorrente, que pode necessitar de tratamento apropriado.

 

2.    Contra-indicação para doses subseqüentes

Não há. Considerar a conveniência de antitérmico profilático.

 

Convulsão Febril

As convulsões febris são observadas geralmente entre os 6 meses a 6 anos de idade, com maior freqüência entre os 12 e 18 meses, incidindo em cerca de 3% da população infantil. São geralmente de curta duração. Podem, entretanto, ocorrer crises múltiplas e prolongadas, circunstâncias em que a pesquisa de doença neurológica, especialmente meningite, é obrigatória. Deve-se oferecer repetidamente às crianças com febre, sobretudo nos dias muito quentes, água, leite materno e outros líquidos apropriados; bem como mantê-las em ambiente ventilado e longe do sol ou de outras fontes de calor.

 

Notificação e Investigação

Notificar e investigar todos os casos.

 

Conduta

1.    Tratamento

      Colocar o paciente em decúbito lateral e Trendelenburg;

      Aspirar secreções;

      Afrouxar as roupas;

      Proteger a língua do paciente, com gaze dobrada entre os dentes;

      Aplicar anticonvulsivante: o medicamento de escolha para a terapêutica inicial é o Diazepan, administrado por via intravenosa, lentamente, na dose de 0,3 mg/kg. O qual não deve ser aplicado caso a crise tenha cessado espontaneamente. Pode também ser utilizada a via retal, na dose de 0,5mg/kg. Dose máxima: 10mg/dose. É droga de meia-vida curta, com pequeno período de ação terapêutica. Fenobarbital – a ser utilizado como alternativa inicial, quando não houver diazepínico disponível, ou para dar continuidade ao tratamento. Sua atividade é duradoura, por ter meia-vida prolongada. Dose de ataque: 15mg/kg, por via intramuscular;

      Oxigênio úmido, se necessário (cianose, mesmo após aspiração);

      É comum a criança dormir após a crise, mesmo sem medicação; não se deve acordá-la.

 

2.    Contra-indicação para doses subseqüentes

Quando a convulsão for associada à vacina tríplice DTP, completar o esquema vacinal com a dupla infantil DT, ou, se a avaliação do caso e a situação epidemiológica o indicar, com a vacina tríplice, de preferência acelular (DTaP), se disponível, com administração de antitérmico profilático e demais precauções indicadas.

 

Reações de Hipersensibilidade Graves: Choque Anafilático (Anafilaxia, Reação Anafilática)

São reações que ocorrem menos de 2 horas após a aplicação da vacina (ou medicamento), geralmente na primeira meia hora, sendo extremamente raras em associação com as vacinações, embora possam ocorrer. Contra-indicam doses subseqüentes com qualquer um dos componentes vacinais do agente imunizante que provocou o choque anafilático.

O choque anafilático caracteriza-se por alterações do tônus muscular, paralisia parcial ou completa, palidez, cianose, resposta diminuída ou ausente aos estímulos, depressão ou perda do estado de consciência, alterações cardiovasculares com hipotensão ou choque, alterações respiratórias e, às vezes, parada cardíaca.

A reação anafilática induzida pela aplicação de vacina pode estar associada com:

 

      reações ao ovo de galinha, como a vacina de febre amarela;

      reação à gelatina, usada como estabilizador em algumas vacinas, como a tríplice viral;

      reação a alguns antibióticos (por exemplo, kanamicina) contidos em algumas vacinas;

      reação a alguns dos componentes do próprio imunógeno.

 

As manifestações podem ser:

 

      Dermatológicas (prurido, angioedema, urticária generalizada e/ou eritema);

      Cardiocirculatórias (hipotensão, arritmias, choque, etc.);

      Respiratórias (edema de laringe, com estridor, dificuldade respiratória, tosse, dispnéia, sibilos, etc.);

      Neurológicas (síncope, convulsão, alteração da consciência, etc.).

 

Notificação e Investigação

Notificar e investigar todos os casos.

 

Conduta

1.    Tratamento

Toda unidade que aplique vacinas (ou medicamentos) deve ter um estojo de reanimação permanente, com os medicamentos dentro do prazo de validade.

É preciso que o pessoal médico e de enfermagem esteja treinado em relação às condutas para tratamento do choque anafilático.

A rapidez do tratamento é fundamental, devendo ser feito no local do primeiro atendimento, pelo menos inicialmente:

 

      adrenalina, 0,01ml/kg, via subcutânea (em caso de choque intramuscular) até 3 vezes, com intervalos de 20 minutos, se necessário;

      prometazina, 0,5-1mg/kg, via intramuscular;

      acesso venoso;

      hidrocortisona, 5mg/kg/dose, via intravenosa, podendo ser repetida a cada 4 ou 6 horas;

      manter as vias aéreas permeáveis;

      O2 sob máscara ou ambú ou entubação, segundo indicado e possível;

      expansores de volume nos choques hipovolêmicos;

      encaminhar para unidade hospitalar. Alguns pacientes podem apresentar um segundo episódio até 24 horas após a recuperação do primeiro; por esse motivo, todos os que apresentarem crise grave devem permanecer hospitalizados por 36 horas no mínimo.

 

2.    Contra-indicação para doses subseqüentes

Sim, de todos os componentes vacinais do imunobiológico causador.

 

Reações Moderadas (Urticária, Prurido Cutâneo, Exantema, Petéquias)

São reações que envolvem apenas um sítio/sistema, ocorrendo mais de duas horas após a vacinação.

 

Notificação e Investigação

Notificar e investigar todos os casos.

 

Conduta

1.    Tratamento

Anti-histamínicos via oral, no caso de urticária ou exantema pruriginoso. No caso de manifestações petequiais e/ou purpúricas generalizadas, encaminhar a unidade hospitalar para avaliação por especialista; nas reações locais, apenas observação.

 

2.    Contra-indicação para doses subseqüentes

Não há, mas devem ser aplicadas com precauções.

 

Reação Local Grave, Consistente com Reação tipo Arthus

Notificação e Investigação

Sim.

 

Conduta

1.    Tratamento

Sintomático.

 

2.    Contra-indicação para doses subseqüentes

Não administrar dose de reforço até dez anos após a última dose.

 

Alergia ao Timerosal (Merthiolate)

Usado como preservativo de várias vacinas, como DTP, DT, dT, TT, meningocócica B/C, etc., o timerosal pode provocar dermatite de contato mediada por células (hipersensibilidade tardia). Caso alguém tenha alergia cutânea ao timerosal, pode apresentar discreto aumento do processo inflamatório local nos primeiros dias após a vacinação.

 

Notificação e Investigação

Desnecessárias.

 

Conduta

1.    Tratamento

Desnecessário.

 

2.    Contra-indicação para doses subseqüentes

Não há. Orientar a família.

 

Tabela de eventos adversos

Código

Nome do evento adverso

Descrição

3

Abscesso frio

Tumoração no local de aplicação com flutuação, SEM sinais inflamatórios evidentes

2

Abscesso quente

Tumoração no local de aplicação com flutuação, COM sinais inflamatórios (edema, calor, rubor e dor)

23

Artralgia

Dor nas articulações

45

Artrite

Dor nas articulações, associada com inflamação das mesmas – inchaço, vermelhidão e calor

39

Ataxia

Alteração da marcha. Deve ser avaliada por um profissional habilitado

57

Atrofia no local da aplicação

Retração da pele no local da aplicação

50

Cefaléia

Dor de cabeça

54

Cefaléia e vômito

Dor de cabeça e vômito

28

Choque anafilático

Hipotensão ou choque associado à urticária, edema de face, laringoespasmo

12

Convulsão afebril

Alteração do nível de consciência acompanha

11

Convulsão febril

Alteração do nível de consciência acompanhada de contra

52

Dificuldade de deambular

Dificuldade para caminhar. Deve ser avaliada por profissional habilitado

29

Dor, rubor e calor

Tipo de reação no local de aplicação

35

Encefalite Inflamação do encéfalo (cérebro) diagnosticada por profissional habilitado, sendo afastadas outras causas conhecidas mediante realização de exames complementares

 

36

Encefalopatia

Distúrbio do sistema nervoso central não explicado por clinicamente à encefalite, mas sem evidência de reação inflamatória

9

Enduração

Tipo de reação com endurecimento no local de aplicação

13

Episódio hipotônico hiporresponsivo

Palidez ou cianose perioral, hipotonia (“flacidez”) e diminuição de resposta a estímulos de curta duração

17

Exantema

Erupção cutânea generalizada com ou sem prurido

10

Febre maior ou igual a 39,5°C

Verificada com termômetro

58

Granuloma

Tipo de reação com formação de “caroço” no local de aplicação (diagnóstico histopatológico)

56

Icterícia

Coloração amarelada da pele e mucosas, mais evidente nos olhos

41

Lesões generalizadas

Lesões semelhantes às da tuberculose, decorrentes da disseminação do BCG nos órgãos

6

Linfadenomegalia maior que 3 cm não supurada

Aumento dos gânglios linfáticos (“ínguas”) SEM flutuação ou supuração

5

Linfadenomegalia maior que 3 cm supurada

Aumento dos gânglios linfáticos (“ínguas”) COM flutuação ou supuração

7

Linfadenomegalia não supurada

Aumento dos gânglios linfáticos (“ínguas”) SEM flutuação ou supuração

8

Linfadenomegalia supurada

Aumento dos gânglios linfáticos (“ínguas”) COM flutuação ou supuração

22

Meningite asséptica

Inflamação das meninges com culturas do LCR negativas

53

Mialgia

Dor muscular

42

Mielite

Inflamação da medula espinhal com diagnóstico por profissional habilitado e realização de exames complementares

14

Nódulo

Tipo de reação com caroço palpável no local da aplicação

46

Orquite

Inflamação dos testículos

49

Osteomielite

Infecção do aparelho ósteo-articular

47

Outros eventos

Sem definição – Usar campo de resumo clínico para especificar o evento

43

Pancreatite

Inflamação do pâncreas diagnosticado por profissional habilitado e realização de exames complementares

26

Paralisia de membros inferiores

Paralisação das pernas. Deve ser avaliada por profissional habilitado

55

Paresia

Diminuição de força de membros ou de um grupo muscular. Deve ser avaliada por profissional habilitado

15

Parestesia

Alteração de sensibilidade na pele (formigamento, dormência). Deve ser avaliada por profissional habilitado

21

Parotidite

Inflamação das parótidas – região submandibular – normalmente acompanhada de febre e mal-estar

38

Poliomielite associada à vacina Paralisia flácida aguda que ocorre entre 4-40 dias após a apl é de 4-85 dias

 

48

Polirradiculite (síndrome de Guillain-Barré)

Inflamação profissional habilitado e realização de exames complementares

18

Púrpura trombocitopênica

Presença de mancha

27

Quelóide

Cicatriz elevada e disforme no local da aplicação

32

Reação de Arthus

Reação de hipersensibilidade local importante

51

Reação de hipersensibilidade após 2h

Urticária localizada ou disseminada, edema de face, laringoespasmo

20

Reação de hipersensibilidade até 2h

Urticária localizada ou disseminada, edema de face, laringoespasmo

4

Úlcera maior que 1 cm

Formação de lesão ulcerada maior que 1cm no local da aplicação

24

Visceralização

Quadro de disseminação do vírus vacinal da FA com quadro semelhante ao da doença por vírus selvagem. Deve ser avaliada por profissional habilitado e realização de exames complementares

1

Outras reações locais

Sem definição – Usar campo de resumo clínico para especificar o evento

25

Febre menor que 39,5°C

Verificada com termômetro

54

Cefaléia/mialgia/mal-estar

Sintomas inespecíficos associados que podem ocorrer após a aplicação de algumas vacinas

 

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