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6 Medidas de Controle

Última revisão: 10/09/2009

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Reproduzido de:

Ações de Controle da Malária – Manual para Profissionais de Saúde na Atenção Básica [Link Livre para o Documento Original]

Série A. Normas e Manuais Técnicos

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Diretoria Técnica de Gestão

Brasília / DF – 2005

 

6 Medidas de Controle

As medidas de prevenção e controle da malária devem ser úteis no cumprimento dos objetivos estratégicos mencionados. O diagnóstico precoce e o tratamento imediato e adequado dos casos da doença, especialmente os casos graves, constituem ações de relevância capital no controle da malária.

Essas medidas devem ser desenvolvidas por todas as Unidades Básicas do SUS em toda a área endêmica para malária.

As medidas de controle do vetor devem ser seletivas, ajustadas à realidade entomo-epidemiológica, de modo a garantir a redução da prevalência e interrupção da transmissão.

No desenvolvimento das ações de controle da malária no Brasil, deve-se levar em consideração as seguintes condutas.

 

6.1 CONDUTA EM RELAÇÃO À DOENÇA (DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO)

O elemento fundamental no controle efetivo da malária é dispor de meios para a realização do diagnóstico precoce e tratamento imediato e adequado dos casos. Esse é um direito constitucional das pessoas e comunidades afetadas pela malária, independente das condições locais existentes. A efetivação desse procedimento garante a prevenção de óbito por malária, a redução do aparecimento de casos graves, a redução de fonte de infecção e a diminuição da transmissão, mantendo a doença em níveis endêmicos, epidemiológica e socialmente suportáveis.

 

6.2 CONDUTA EM RELAÇÃO AO VETOR (CONTROLE SELETIVO DE VETORES)

A Estratégia de Controle Integrado prevê a aplicação seletiva de medidas antivetoriais, orientadas para cada área específica que sejam de baixo custo, viáveis, para que se possa obter uma eficaz, significativa e permanente redução da densidade de anofelinos de uma determinada área.

A seleção das medidas antivetoriais a serem utilizadas pressupõe um conhecimento prévio da área onde serão aplicadas e relativos ao comportamento do vetor e das pessoas. Para o conhecimento do vetor, utilizam-se avaliações entomológicas e, para o conhecimento do comportamento das pessoas, deve-se utilizar as análises sociais.

As medidas antivetoriais disponíveis compreendem o manejo adequado do ambiente, o tratamento químico do domicílio, o tratamento químico de espaços abertos e o tratamento de criadouros, os quais exigem pessoal capacitado para a aplicação das mesmas.

O manejo adequado ao meio ambiente pode reduzir a densidade de anofelinos, eliminando criadouros por meio de aterro, drenagem ou limpeza da vegetação. As obras de saneamento são medidas de eficácia indiscutíveis e resultados permanentes para o controle da malária, em que é possível a sua aplicação. Por isso, devem ser medidas de escolha quando o objetivo do controle é a redução e/ou eliminação da transmissão em áreas urbanas e periurbanas. Em áreas de alta transmissão da Região Endêmica, esta medida é de suma importância e deve ser indicada e executada sempre que possível, mediante a participação da comunidade.

O tratamento químico domiciliar foi a principal medida de intervenção na estratégia de erradicação e, ainda hoje, é um importante instrumento de controle de vetores em uso. Contudo, a borrifação intradomiciliar deve ter sua indicação avaliada, mediante os aspectos entomo-epidemiológicos da localidade, pois a aplicação desta medida sem uma indicação precisa pode comprometer sobremaneira sua eficácia. Quando indicada, a borrifação intradomiciliar deve ser feita com inseticidas de contato e longo efeito residual.

O tratamento químico de espaços abertos deve ser indicado em situações especiais onde a densidade anofélica é bastante elevada e quando o tratamento químico domiciliar e manejo ambiental não for eficaz para a redução dos anofelinos. Nessa situação, a aplicação espacial de inseticida a Ultra Baixo Volume (UBV) e nebulização térmica (FOG ou fumacê) pode ser indicada, levando em consideração que é uma medida de alto custo, de baixa efetividade e produz impacto ecológico desfavorável. Seu uso deve ser bem avaliado e monitorado.

O tratamento de criadouros é uma medida de uso limitado e deve ser usado quando não for possível a eliminação definitiva do criadouro. Para a sua indicação, deve-se levar em conta, principalmente na Amazônia, as características físicas, químicas e biológicas dos criadouros.

Na avaliação entomológica, é importante considerar o vetor em sua fase imatura (larvas e pupas) e na fase adulta.

Para o combate ao vetor na fase adulta há que se considerar:

 

      densidade;

      quando e onde picam;

      hábitos de repouso;

      suscetibilidade aos inseticidas.

 

Na fase imatura é necessário:

      caracterizar os criadouros e identificar a espécie de anofelinos existentes;

      mapear os criadouros.

 

O comportamento das pessoas tem um papel igualmente importante na seleção das medidas a serem utilizadas para o controle da malária.

Isso diz respeito aos fatores sociais que estão relacionados ao maior ou menor contato homem/vetor, determinando sobremaneira a dinâmica de transmissão da doença. Alguns desses fatores estão relacionados a seguir e devem ser criteriosamente analisados.

 

      Tipo de habitação.

      Distribuição dos casos de malária na localidade.

      Uso de medidas de proteção individual.

      Atividades crepusculares ou noturnas.

      Deslocamentos humanos (migrações).

      Tipo de ocupação.

      Participação comunitária.

      Vias de acesso.

      Educação e escolas.

 

De forma resumida, são apresentados os principais métodos utilizados no controle da fase imatura do vetor. Ordenamento do meio, por meio de:

 

      drenagem de criadouros;

      aterro;

      aumento do fluxo da água;

      limpeza da vegetação aquática;

      uso de larvicidas químicos e biológicos;

      borrifação intradomiciliar de efeito residual;

      aplicação espacial por meio da termonebulização (FOG ou fumacê); e

      aplicação a Ultra Baixo Volume (UBV).

 

As aplicações espaciais de inseticidas devem ser utilizadas em áreas de alta incidência de malária, urbana ou aglomerados populacionais das áreas rurais, onde o uso fica restrito ao redor da casa, pressupondo que este seja o local de repouso do mosquito.

Não se recomenda o uso dessa medida em áreas rurais onde as casas são dispersas, pois o impacto da medida é mínimo e não produzirá o efeito desejado. Esses métodos devem ser monitorados e avaliados regularmente. Além do mais, os equipamentos devem estar absolutamente calibrados.

As medidas de proteção individual e familiar têm como finalidade proteger o indivíduo, sua família ou sua comunidade e leva em consideração as características das atividades humanas, mas, de um modo geral, os métodos mais indicados são:

 

      uso do repelente;

      uso de roupas e acessórios apropriados;

      uso de mosquiteiros impregnados ou não com inseticidas;

      telagem de portas e janelas das casas;

      melhoria das habitações.

 

6.3 AÇÕES EDUCATIVAS E PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA

O setor Saúde não pode, sozinho, melhorar a qualidade de vida das pessoas. Problemas ligados a saneamento, alimentação, produção econômica, escolarização e condições de trabalho constituem grandes dificuldades e só poderão encontrar soluções efetivas, a partir de decisões políticas e da integração de esforços de outros setores da sociedade. Pensar a saúde como prática social é o que se propõe devido à configuração das relações entre os “atores sociais”, o que implica em reconhecer a possibilidade de sua alteração na medida em que podemos intervir concretamente sobre os fatores multicausais da relação saúde/doença. Discutir com as pessoas, as famílias e as populações a história natural, real, das doenças que mais as afligem, considerando todas as variáveis de causa e efeito que interferem na situação de saúde – função importante do setor Saúde, e fortemente ligado à área de Educação em Saúde. A educação passa a ser repensada como um processo capaz de desenvolver nas pessoas a consciência crítica das causas dos seus problemas e, ao mesmo tempo, criar prontidão para atuar no sentido de mudança.

As ações educativas no controle da malária são de suma importância e devem ser buscadas e valorizadas permanentemente. Devem estar inseridas em todas as ações, de modo a garantir a eficiência e a eficácia das atividades desenvolvidas.

Componentes como, reuniões, seminários, encontros, palestras, planejamento participativo, conferências e oficinas de educação em saúde e mobilização comunitária podem ser utilizados para o desenvolvimento de práticas educativas relativas ao controle da malária, como forma de trocar experiência, aprimorar idéias e avançar em novos conhecimentos de forma integrada.

Mediante componentes educativos, a população busca melhores condições de vida a partir do conhecimento da realidade malárica em que ela vive e participa de:

 

      discussão da situação de saúde de sua comunidade;

      análise dos determinantes da doença; e

      programação e execução de medidas que venham a melhorar a qualidade de vida das pessoas e da comunidade.

 

A participação da comunidade e o desenvolvimento de ações de informação, educação e comunicação deverá produzir mudanças de condutas e hábitos da população, respeitada a sua identidade cultural e antropológica, capaz de melhorar a eficácia das ações de controle da malária.

 

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