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Pulso irregular e perda de força no braço direito

Autor:

Leonardo Vieira da Rosa

Médico Cardiologista pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Médico Assistente da Unidade de Terapia Intensiva do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Doutorando em Cardiologia do InCor-HC-FMUSP. Médico Cardiologista da Unidade Coronariana do Hospital Sírio Libanês.

Última revisão: 19/02/2013

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Pulso irregular e perda de força no braço direito

Você está no quinto ano de medicina e, por “coincidência”, faz uma visita a sua avó e pratica as suas habilidades semiológicas. Ao examiná-la, percebe que ela apresenta um pulso irregular e um recente relato de perda de força no braço direito, com duração de minutos. Rapidamente, você faz o diagnóstico presuntivo e, para confirmá-lo, leva a sua avó ao pronto-socorro universitário, onde é realizado o seguinte eletrocardiograma:

 

 

O assistente de plantão lhe parabeniza pelo excelente diagnóstico e explica os achados eletrocardiográficos da fibrilação atrial (FA), suas características clínicas e um pouco da sua história:

 

Em 1906, Einthoven publicou o traçado eletrocardiográfico de um caso de pulsus inaequalis et irregularis, em que complexos QRS com morfologia normal ocorriam irregularmente, "sob interferência", e não permitia a identificação de atividade elétrica. Esse traçado foi obtido por meio de um galvanômetro, desenvolvido por Einthoven, que pesava 270 kg e utilizava 1,5 km de fiação, o que motivou a denominação de télécardiogramme. Em 1909, Sir Thomas Lewis provou que ondas eletrocardiográficas irregulares, observadas na diástole, ocorriam somente na presença de fibrilação das aurículas.

 

As principais características dessa entidade ao eletrocardiograma são:

 

1.     Onda P com aspecto bimodal, caracterizando aumento da duração ou amplitude da despolarização atrial. É vista na forma paroxística.

2.     O ECG pode manifestar apenas uma linha de base com inúmeras “ondas f” sem qualquer atividade elétrica normal dos átrios, ou seja, sem ondas P.

3.     A frequência das ondas f normalmente está entre 350 a 600, promovendo um RR irregular.

 

A classificação clínica da fibrilação atrial é simples:

 

         FA inicial: 1º episódio;

         FA paroxística: episódios recorrentes;

         FA persistente: > 7 dias, que pode ser terminada por cardioversão;

         FA permanente: tentativa de cardioversão sem sucesso.

 

Ao analisar especificamente o ECG, verificam-se

 

         ritmo irregular: o RR (distâncias diferentes entre o nadir de 3 complexos QRS consecutivos);

         frequência cardíaca: como o RR é irregular, a frequência muda constantemente; porém, de forma aproximada, pode-se dizer que se encontra entre 100 a 150 bpm;

         fórmula: 1.500/nº de quadrados pequenos ou 300/nº de quadrados grandes;

         eixo elétrico: complexo QRS predominantemente positivo em D1 e D2 (eixo entre – 30° e +90°;

         morfologia do QRS: QRS < 100 ms e sem aspecto de bloqueio de ramo;

         segmento ST: alterações difusas da repolarização ventricular.

 

Obs.: em DII, verifica-se a presença de ondas F que variam em frequência e regularidade. Em alguns momentos, as ondas F atingem frequências entre 250 e 350 bpm (flutter); em outros, 350 a 600 btmin (fibrilação) com resposta ventricular irregular.

A primeira apresentação de um episódio de FA pode ser uma complicação embólica ou exacerbação da insuficiência cardíaca, mas a maioria dos pacientes se queixa de palpitações, dor torácica, dispneia, fadiga, tontura ou síncope. A investigação clínica deve ser feita com:

 

         história clínica e exame físico;

         registro de ECG;

         uma radiografia simples de tórax é importante para detectar doença pulmonar, além de avaliar a vascularização dos pulmões;

         é importante avaliar, ao menos uma vez, as funções tireoidiana, renal e hepática, eletrólitos e hemograma;

         todos os pacientes com FA devem ter um ecocardiograma bidimensional com Doppler para avaliar as dimensões das câmaras esquerdas e a espessura ventricular esquerda, além de excluir doença pericárdica, valvular ou cardiomiopatia hipertrófica subclínica.

 

Prevenção de fenômenos tromboembólicos

Nunca se deve esquecer a intensa relação entre FA e AVC, mesmo naqueles pacientes sem doença cardíaca aparente. Nos pacientes de alto risco para fenômenos tromboembólicos, deve-se realizar anticoagulação com o nível de RNI entre 2,0 e 3,0. Esquemas terapêuticos isolados ou combinados com baixas doses de varfarina não demonstraram eficácia. Pacientes com prótese valvar metálica devem manter RNI superior a 2,5. É importante destacar que a manutenção da anticoagulação na FA crônica, sobretudo em pacientes com fatores de risco associados, deve ser feita por tempo indefinido, inclusive quando a estratégia de controle do ritmo parece ter sido efetivamente alcançada.

 

Dica – Leia mais sobre Fibrilação Atrial.

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