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Abscesso de Próstata

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 03/11/2015

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Quadro Clínico

Paciente masculino, 78 anos, hipertenso e diabético em uso regular de suas medicações (clortalidona 25mg/dia e enalapril 10mg/dia, insulina glargina e lispro), e portador de hiperplasia prostática benigna em seguimento ambulatorial, é trazido para atendimento por seus familiares com história de febre há uma semana, dificuldade de micção pior que o basal e disúria, prostração e sonolência excessiva, que fica bem caracterizada como um delirium. É realizado um exame de urina que demonstra claramente leucocitúria, e a urocultura confirma a infecção urinária por uma E.coli. O paciente estava internado recebendo antibióticos guiados pelo antibiograma, mas não melhorava mesmo após 72h, o que levou à realização de um exame de imagem. Podemos ver a tomografia realizada nas imagens 1 e 2.

 

Imagem 1 – Tomografia de Pelve

 

 

Imagem 2 – Tomografia de Abdômen e Pelve – Coronal

 

 

 

Diagnóstico e Discussão

Do laudo da tomografia podemos destacar:

Próstata de dimensões aumentadas, abaulando o assoalho vesical, com atenuação heterogênea. Destaque para coleção na zona periférica à esquerda, medindo aproximadamente 6,6 x 4,2 x 3,1 cm (volume estimado em 45 ml). Esta coleção apresenta extensão para a vesícula seminal esquerda. Nota-se densificação do plano gorduroso pélvico periprostático, com envolvimento das vesículas seminais, notadamente à esquerda.

Ou seja, podemos concluir que este paciente teve na verdade uma prostatite complicada por um abscesso prostático. No geral, as prostatites agudas podem ocorrer na vigência de uma cistite, uretrite, ou outras infecções do trato urogenital. O risco é maior quando há anomalias anatômicas (por exemplo, aumento da próstata, ou estenose uretral). Também pode ocorrer prostatite após manipulação urogenital, incluindo cateterismo crônico de bexiga, cateterismo vesical intermitente e biópsia da próstata.

Os patógenos associados com prostatite aguda são os mesmos das infecções urinárias em geral. Assim, infecções por bactérias gram-negativas, especialmente por Enterobacteriaceae (tipicamente Escherichia coli ou espécies de Proteus), são as mais comuns.

A apresentação clínica da prostatite aguda geralmente não é tão óbvia. Os pacientes tipicamente se apresentam com outras possíveis infecções de trato urinário, como febre, calafrios, mal-estar, mialgia, disúria, sintomas urinários irritativos (frequência, urgência, incontinência de urgência), dor pélvica ou perineal, e urina turva. Os pacientes podem também queixar-se de dor na ponta do pênis. O inchaço da próstata pela inflamação aguda pode causar sintomas miccionais, variando de hesitação a retenção urinária aguda. Ao exame físico, a próstata é muitas vezes quente, firme e edematosa. Achados laboratoriais comuns incluem leucocitose, piúria, bacteriúria, e, ocasionalmente, hemoculturas positivas. Marcadores inflamatórios (VHS e PCR) são elevados na maioria dos casos. A inflamação da próstata também pode levar a um PSA sérico elevado.

Complicações da prostatite bacteriana aguda incluem bacteremia, epididimite, prostatite crônica bacteriana, abcessos prostáticos e infecção metastática (infecção por exemplo, para medula ou sacroilíacas). Os pacientes com doença valvular cardíaca subjacente ou uma prótese valvular podem estar em risco de endocardite associada à prostatite quando esta for causada por determinadas bactérias, especialmente bactérias gram-positivas. Estas complicações são mais prováveis de ocorrer se o diagnóstico e a terapia antimicrobiana demorarem para ocorrer.

A incidência de abscesso prostático é atualmente baixa, com o uso de antibioticoterapia adequada. Porém, certas condições subjacentes, tais como diabetes mellitus ou imunossupressão relacionada com o HIV, podem predispor ao desenvolvimento de abscessos prostáticos.

Sinais e sintomas de um abcesso prostático são semelhantes aos da prostatite bacteriana em geral, mas podem persistir apesar da terapia adequada com antibióticos; além disso, uma próstata flutuante no exame digitais pode sugerir um abscesso subjacente. Na ultrassonografia transretal, abcessos aparecem como áreas hipoecoicas ou anecoica com paredes espessas ou edema periférico. Os achados de tomografia computadorizada incluem coleções de fluido que podem ser multiloculadas.

 

Bibliografia

Pontari MA, Joyce GF, Wise M, et al. Prostatitis. J Urol 2007; 177:2050.

 

Krieger JN, Nyberg L Jr, Nickel JC. NIH consensus definition and classification of prostatitis. JAMA 1999; 282:236.

 

Lipsky BA, Byren I, Hoey CT. Treatment of bacterial prostatitis. Clin Infect Dis 2010; 50:1641.

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