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Paciente Anemia Falciforme Com Dispneia

Autor:

Rodrigo Antonio Brandão Neto

Médico Assistente da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Última revisão: 02/03/2017

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Caso de anemia falciforme com dispneia

 

Paciente com 31 anos de idade, sexo feminino, com diagnóstico de anemia falciforme desde a infância, procura o serviço de emergência por quadro de dor torácica, tosse há 3 dias e dispneia há 1 dia. Alcançou um pico febril, medido na noite anterior, de 38,3ºC. Há 5 dias, haviam iniciado dores de forte intensidade em membros superiores e inferiores, com controle álgico parcial com opioides, conforme orientação do seu médico. Refere que a dor, atualmente, é retroesternal, de forte intensidade (9/10), sem irradiações e sem relação com esforços. Informa sensação de dispneia aos mínimos esforços.

Ao exame, a paciente apresenta:

               descoramento (2+/4+), desidratação (1+/4+), icterícia (1+/4+), cianose, febre (37,9ºC), taquipneia;

               BRNF s/s FC 107 PA 110x70 TEC 3s;

               MV+, diminuídos em base direita, spO2 89%, FR 30RPM, raros sibilos;

               Abdome plano, flácido, RHA+, indolor à palpação, sem visceromegalias palpáveis;

               MMII sem edema ou empastamento;

               ausência de alterações neurológicas focais, com consciência e orientação discretamente agitada.

 

A Figura 1 mostra a radiografia de tórax.

Figura 1 ? Radiografia de tórax.

 

Comentário:

Trata-se de um caso de paciente jovem com antecedente de anemia falciforme, que iniciou um quadro álgico em membros, evoluindo, posteriormente, com quadro de dor torácica e dispneia. A radiografia de tórax revelou a presença de infiltrado heterogêneo à D e uma retificação do arco pulmonar.

Em pacientes com esse antecedente, o diagnóstico inicial seria de crise álgica secundária à anemia falciforme. A paciente apresenta um infiltrado pulmonar à D sugestivo de quadro infeccioso, com infiltrado interstício alveolar ? o que sugere um quadro pneumônico associado, lembrando que esses pacientes têm risco particularmente aumentado de infecção e complicações infecciosas, sobretudo por agentes encapsulados como o pneumococo. Pacientes com anemia falciforme e infiltrado pulmonar têm como diagnóstico diferencial, necessariamente, a síndrome torácica aguda.

A fisiopatologia da síndrome torácica aguda não é completamente determinada, sendo, com frequência, desencadeada após crise vaso-oclusiva, e diversos fatores são responsabilizados como infecção, embolia gordurosa, hiper-hidratação, hipoxemia, microatelectasias ? sendo, os quadros de embolias gordurosas, os mais comuns, em associação e com possível relação causal com a síndrome. Quando são encontradas etiologias infecciosas nesses pacientes, é mais frequente o isolamento de agentes atípicos como Mycoplasma pneumoniae ou Chlamydia pneumoniae do que o próprio pneumococo.

O Quadro 1 apresenta os critérios diagnósticos e o Quadro 2, as medidas terapêuticas para a síndrome torácica aguda.

 

Quadro 1

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA A SÍNDROME TORÁCICA AGUDA

               Presença de infiltrado novo na radiografia

               Dor torácica

               Febre com temperatura >38,5ºC

               Taquipneia, tosse e sibilância

 

Quadro 2

MEDIDAS TERAPÊUTICAS PARA A SÍNDROME TORÁCICA AGUDA

               Anbioticoterapia com cobertura para pneumococo e agentes atípicos.

               Combinação de cefalosporina de terceira geração e macrolídeo.

               Hidratação e analgesia, da mesma forma que para os pacientes com complicações agudas da anemia falciforme, observando-se que a analgesia, no caso de dor severa, deve iniciar com opioide de alta potência endovenoso, como a morfina.

               Espirometria de incentivo.

               Uso de broncodilatadores.

               Oxigenoterapia (para os pacientes com hipoxemia).

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