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Doença de Lyme

Última revisão: 30/01/2011

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Reproduzido de:

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de Vigilância Epidemiológica

8ª edição revista

BRASÍLIA / DF – 2010

 

Doença de Lyme

 

CID 10: A69.2

 

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição

Zoonose transmitida por carrapatos é causada por uma espiroqueta (Borrelia burgdorferi), caracterizada por pequena lesão cutânea, expansiva, única ou múltipla, do tipo mácula ou pápula de coloração avermelhada no local em que o carrapato sugou o sangue, denominada de eritema crônico migratório (EM). É um importante marcador clínico para a suspeita diagnóstica e alerta a vigilância epidemiológica. À medida que a área de rubor se expande até 15 cm (limites de 3 a 68 cm), a lesão assume característica anelar, quente e raramente dolorosa. Dias após o estabelecimento do EM, manifestações clínicas iniciais como mal-estar, febre, cefaleia, rigidez de nuca, mialgias, artralgias migratórias e linfadenopatias muitas vezes estão presentes. Não é incomum esses sinais e sintomas durarem várias semanas, nos casos em que o tratamento não é instituído. Nessas situações, semanas ou meses apos podem surgir manifestações neurológicas (15% dos casos), tais como meningite asséptica, encefalite, coreia, neurite de pares cranianos (incluindo a paralisia facial bilateral), radiculoneurite motora e sensorial. O padrão usual é a meningoencefalite flutuante, com paralisia de nervo craniano. Cerca de 8% dos pacientes desenvolvem comprometimento cardíaco com bloqueio atrioventricular, miopericardite aguda e evidências de disfunção ventricular esquerda. Cerca de 60% dos pacientes, apos semanas a 2 anos do inicio da doença, podem desenvolver artrite franca, em geral caracterizada por crises intermitentes de edema e dor articular assimétricos, em especial nas grandes articulações.

 

Sinonímia

Borreliose de Lyme, meningopolineurite por carrapatos, artrite de Lyme, eritema migratório.

 

Agente Etiológico

Borrelia burgdorferi.

 

Reservatório

Carrapatos do gênero Ixodes (Ixodes scapularis, I. ricinus, I. pacificus).

 

Modo de Transmissão

Pela picada das ninfas do carrapato, que ficam aderidas a pele do hospedeiro para sucção de sangue por 24 horas ou mais. Não ocorre transmissão inter-humana e é incomum a transmissão materno-fetal.

 

Período de Incubação

Varia de 3 a 32 dias (em media, 7 a 14 dias) e vai desde a exposição ao carrapato-vetor até o aparecimento do eritema crônico migratório. Mesmo que não haja lesão cutânea na fase inicial, ainda assim a doença pode se manifestar anos mais tarde.

 

Período de Transmissibilidade

Ocorre durante toda a vida do vetor infectado.

 

Complicações

A doença poderá cursar com grave envolvimento neurológico, cardíaco e articular.

 

Diagnóstico

O diagnostico da Doença de Lyme baseia-se na identificação dos aspectos clínicos da doença em paciente com relato de possível exposição (epidemiológico) ao microrganismo causal, associados com testes laboratoriais. A cultura para isolamento da B. burgdorferi é definitiva, mas raramente é bem sucedida a partir de sangue do paciente, ocorrendo em aproximadamente 50% dos casos em material de biopsia da lesão (EM). A sorologia por Elisa e imunofluorescência indireta são os métodos mais utilizados, pois os títulos de anticorpos IgM específicos em geral alcançam o máximo em 3 a 6 semanas. Esse anticorpo exibe reação cruzada com outras espiroquetas, inclusive o Treponema pallidum, mas os pacientes com Doença de Lyme não mostram resultado positivo no VDRL. O Western Blot é valioso quando se suspeita de Elisa falso-positivo. A reação em cadeia da polimerase (PCR) é empregada para detecção do DNA da espiroqueta em material do hospedeiro. Como essas técnicas não estão bem padronizadas, a interpretação dos testes deve ser cautelosa, pois pacientes que recebem tratamento precoce podem apresentar sorologia negativa. A sensibilidade das provas aumenta na fase mais tardia da doença, em pacientes não tratados.

 

Diagnóstico Diferencial

Meningite asséptica, mononucleose infecciosa, febre reumática, artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, cardites, encefalites, uveítes, artrites de outras etiologias.

 

Tratamento

Em adultos, os antibióticos de eleição são: Doxiciclina, 100mg (2 vezes ao dia), por 15 dias, ou Amoxicilina 500mg (4 vezes ao dia), por 15 dias; se as lesões forem disseminadas, prolongar o tratamento por 3 a 4 semanas. Em crianças, com menos de 9 anos, administra-se Amoxicilina, 50mg/kg/dia, fracionada em 3 doses diárias, por 3 semanas. Nas manifestações neurológicas (meningites), usar Penicilina cristalina, 20 milhões UI/dia, fracionadas em 6 doses endovenosas diárias, ou Ceftriaxona, 2g/dia, por 3 a 4 semanas. Em indivíduos alérgicos a Penicilina, usar Eritromicina, 30mg/kg/dia, por 3 semanas. As artrites também respondem a tratamento com Doxiciclina ou Amoxicilina, acrescidos de 500mg de Probenecida, por 4 semanas. Nos pacientes tratados precocemente com antibióticos orais, o eritema crônico migratório desaparece de imediato e as principais complicações tardias (miocardite, meningoencefalite e artrite recidivante) geralmente não ocorrem.

 

Características Epidemiológicas

Embora os casos da doença estejam concentrados em certas áreas endêmicas, os focos da Doença de Lyme encontram-se amplamente distribuídos nos Estados Unidos, Europa e Ásia. No Brasil, os estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Amazonas tem relatado casos isolados.

 

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivos

Detecção de casos suspeitos ou confirmados, visando à instituição de tratamento precoce para evitar as complicações comuns à doença, além da identificação de focos, por meio da investigação, para o desencadeamento de medidas de educação em saúde e impedir a ocorrência de novas infecções.

 

Notificação

Por ser doença rara em território brasileiro, caracteriza-se como agravo inusitado, sendo, portanto, de notificação compulsória e investigação obrigatória.

 

Definição de Caso

A presença do eritema crônico migratório associado a quadro clínico e epidemiológico sugestivo reforça a suspeita clínica. Sendo doença incomum no país e com manifestações clínicas bastante variadas, ainda não tem definição de caso padronizada.

 

MEDIDAS DE CONTROLE

Investigação epidemiológica com busca ativa de casos e verificação da extensão da área onde os carrapatos transmissores estão presentes (delimitação dos focos). Ações de educação em saúde sobre o ciclo de transmissão para impedir que novas infecções ocorram. Orientar moradores, transeuntes e/ou trabalhadores de áreas infestadas para a adoção de medidas de proteção do corpo, com roupas claras, de mangas compridas, uso de repelentes nas partes descobertas da pele e nas bordas das roupas. Observação frequente da pele, em busca da presença dos transmissores e eliminação imediata dos mesmos, caso existam. A retirada dos carrapatos deve ser feita com as mãos protegidas (luvas ou sacos plásticos) e uso de pinças com trações suaves e constantes, evitando-se o maceramento do corpo do artrópode ou a permanência de seu aparelho bucal na pele do individuo. Alertar a comunidade sobre os danos da doença. Os casos suspeitos e/ou confirmados devem ser tratados conforme o esquema de antibioticoterapia preconizado. As medidas para redução das populações de carrapatos em animais não tem sido efetivas. Não há indicação de isolamento dos pacientes.

 

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