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sarampo

Última revisão: 01/03/2011

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Reproduzido de:

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de Vigilância Epidemiológica

8ª edição revista

BRASÍLIA / DF – 2010

 

Sarampo

 

CID 10: B05

 

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição

Doença infecciosa aguda, de natureza viral, transmissível e extremamente contagiosa. A viremia decorrente da infecção provoca uma vasculite generalizada, responsável pelo aparecimento das diversas manifestações clínicas. A evolução apresenta três períodos bem definidos:

     Período prodrômico ou catarral - Tem duração de 6 dias: no início da doença, surge febre, acompanhada de tosse produtiva, corrimento seromucoso do nariz, conjuntivite e fotofobia. Nas ultimas 24 horas deste período, surge, na altura dos pré-molares, o sinal de Koplik – pequenas manchas brancas com halo eritematoso, consideradas sinal patognomônico do Sarampo.

     Período exantemático - Ocorre acentuação de todos os sintomas anteriormente descritos, com prostração importante do paciente e surgimento do exantema característico: maculopapular, de cor avermelhada, com distribuição em sentido cefalocaudal, que surge na região retroauricular e face. De 2 a 3 dias depois, estende-se ao tronco e as extremidades, persistindo por 5 - 6 dias.

     Período de convalescença ou de descamação furfurácea - As manchas tornam-se escurecidas e surge descamação fina, lembrando farinha.

 

Agente Etiológico

Vírus RNA, pertencente ao gênero Morbillivirus, familia Paramyxoviridae.

 

Reservatório e Fonte de Infecção

O homem.

 

Modo de Transmissão

Diretamente de pessoa a pessoa, através das secreções nasofaríngeas, expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar.

 

Período de Incubação

Geralmente, dura 10 dias (variando de 7 a 18 dias), desde a data da exposição à fonte de infecção até o aparecimento da febre, e cerca de 14 dias até o início do exantema.

 

Período de Transmissibilidade

De 4 a 6 dias antes do aparecimento do exantema e até 4 dias apos. O período de maior transmissibilidade ocorre 2 dias antes e 2 dias apos o início do exantema. O vírus vacinal não é transmissível.

 

Complicações

Infecções respiratórias, pneumonias, encefalites, otites medias, laringites, diarreias, panencefalite esclerosante subaguda (Peesa), dentre outras.

 

Diagnóstico

Clínico, laboratorial e epidemiológico. O diagnostico laboratorial mais usado é o ELISA, para detecção de anticorpos específicos IgM e IgG. Atualmente, faz-se também a identificação do vírus que tem como objetivos estabelecer o padrão genético circulante no país, diferenciar os casos autóctones do Sarampo dos casos importados, e diferenciar o vírus selvagem do vírus vacinal. Período para coleta: as amostras dos espécimes clínicos (urina e secreções nasofaríngea) devem ser coletadas até o 5o dia a partir do início do exantema, preferencialmente nos 3 primeiros dias. Em casos esporádicos, para não se perder a oportunidade deve-se tomar amostras para a identificação viral, o período pode ser estendido em consonância com a SVS e a Fiocruz. Critérios para a coleta de espécimes para identificação: em presença de surto de Sarampo, independente da distância do laboratório central; casos importados, independente do país de origem; em todos os casos com resultado laboratorial IgM positivo ou indeterminado para o Sarampo, observando o período de coleta adequado.

 

Diagnóstico Diferencial

Doenças exantemáticas febris agudas: rubéola, exantema súbito, escarlatina, eritema infeccioso, dengue, sífilis secundaria, enteroviroses e eventos adversos à vacina.

 

Tratamento

É sintomático, podendo ser utilizados antitérmicos, hidratação oral, terapia nutricional com incentivo ao aleitamento materno e higiene adequada dos olhos, pele e vias aéreas superiores. As complicações bacterianas do Sarampo são tratadas especificamente com antibióticos adequados para cada quadro clínico e, se possível, com identificação do agente bacteriano. Nas populações onde a deficiência de vitamina A é um problema reconhecido, a OMS e o Unicef recomendam o uso de uma dose elevada e única de vitamina A nas pessoas acometidas pelo Sarampo e suas complicações, nos indivíduos com imunodeficiências, com evidência de xeroftalmia, desnutrição e problemas de absorção intestinal. A suplementação de vitamina A é indicada na seguinte dosagem:

 

     Crianças de 6 a 12 meses: 100.000UI, VO, em aerossol;

     Crianças de 1 ano ou mais: 200.000UI, VO, em cápsula ou aerossol.

 

Quando se detectar xerodermia, repetir a dose de vitamina A no dia seguinte.

 

Características Epidemiológicas

Doença de distribuição universal, endêmica nos grandes conglomerados urbanos, com epidemias a cada 2 ou 4 anos, dependendo da relação entre o grau de imunidade e a suscetibilidade da população, bem como da circulação do vírus na área. Atualmente, há evidências de interrupção da transmissão autóctone do Sarampo no Brasil. Todos os últimos casos confirmados foram importados da Ásia e da Europa. Entretanto, como a homogeneidade da cobertura vacinal de rotina encontra-se em níveis abaixo do necessário para uma adequada imunidade de grupo e como o vírus continua circulando em outros países do mundo, ha o risco de recirculação deste agente infeccioso no Brasil.

 

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivos

Identificação precoce de casos para adoção das medidas de prevenção e controle, bem como identificar e monitorar as demais condições de risco.

 

Notificação

Doença de notificação compulsória nacional e de investigação epidemiológica obrigatória imediata.

 

Definição de Caso

     Suspeito - Todo paciente que, independente da idade e situação vacinal, apresentar febre e exantema maculopapular, acompanhados de um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite.

     Suspeito de Sarampo importado - Todo caso suspeito que tenha historia de viagem para fora do país, nos últimos 30 dias, ou que tenha historia de contato com alguém que viajou para fora do país, no mesmo período.

     Confirmado - Todo paciente considerado como caso suspeito e que foi comprovado como caso de Sarampo a partir de, pelo menos, um dos seguintes critérios:

     Laboratorial Exame “reagente” ou “positivo para IgM”, quando a analise clínico-epidemiológica indicar tratar-se efetivamente de um caso de Sarampo.

 

Observação: Na situação epidemiológica atual, existem muitos resultados falso-positivos. Por isso, todos os casos IgM positivo ou indeterminado para o Sarampo devem ser analisados conjuntamente pela secretaria estadual de saúde e pela Secretaria de Vigilância em Saúde/SVS/MS.

-      Vínculo epidemiológico: paciente que, em um período máximo de 7 a 18 dias, teve contato com um ou mais casos de Sarampo confirmados pelo laboratório; ou com exame laboratorial “não reagente” ou “negativo para IgM” em amostra de sangue colhida precocemente (1o e 3o dias a partir do aparecimento do exantema), mas que teve contato com um ou mais casos de Sarampo confirmados pelo laboratório (dentro de um período de 7 a 18 dias antes do aparecimento dos sinais e sintomas).

-      Clínico: quando se fez a suspeita clínica, mas não houve coleta de amostra para sorologia, não foi investigado ou evoluiu para óbito sem a realização de qualquer exame laboratorial. A confirmação apenas clínica do Sarampo representa uma falha grave do sistema de vigilância epidemiológica.

     Descartado - Todo paciente considerado como caso suspeito e que não foi comprovado como caso de Sarampo a partir de, pelo menos, um dos critérios acima definidos.

 

MEDIDAS DE CONTROLE

Todos os países das Américas estão desenvolvendo ações para erradicar esta virose. Nesse sentido, as principais atividades são:

 

     Vacinação - A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência do Sarampo na população, sendo sua principal medida de controle. Esquema básico: uma dose da vacina tríplice viral (Sarampo, Rubéola e caxumba) aos 12 meses de idade e a segunda dose entre 4 a 6 anos de idade. A vacinação de bloqueio deve ser realizada, de forma oportuna, a partir da notificação de casos suspeitos ou de surtos, envolvendo o grupo de 6 meses a 39 anos de idade, seletivamente. Via de administração: a vacina tríplice viral é administrada por via subcutânea, de preferência na face externa da parte superior do braço (região deltoide).

-      Falsas contraindicações: alergia e intolerância, que não sejam de natureza anafilática, a ingestão de ovo; contato íntimo com pacientes imunodeprimidos; vacinação recente com a vacina oral contra a Poliomielite; exposição recente ao Sarampo.

-      Situações em que se recomenda o adiamento da vacinação – tratamento com imunodepressores (corticoterapia, quimioterapia, radioterapia, etc.). Nessas circunstâncias, adiar até 3 meses após a suspensão de seu uso, pela possível inadequação da resposta imunológica; vigência de doença aguda febril grave, atribuída ou confundida com possíveis efeitos adversos da vacina.

     Investigação epidemiológica - Obter informações detalhadas e uniformes para todos os casos suspeitos de Sarampo, que permitam caracterizar os mecanismos de transmissão da doença. Para tal faz-se necessário documentar as manifestações clínicas, as medidas de controle adotadas, coleta de sangue para diagnostico sorológico, identificação de outros possíveis casos suspeitos, classificação do caso conforme os critérios estabelecidos, avaliação da cobertura vacinal e a execução imediata das ações de controle. Se houver suspeita de ser um caso de Sarampo importado, a investigação epidemiológica tem que se dar de forma mais extensa, incluindo-se atividades de busca ativa e vacinação de bloqueio ampliada; coleta de material para identificação viral (urina e/ou secreção nasofaríngea), aprazamento e realização de revisita para avaliar a evolução do caso.

-      Bloqueio vacinal: deve ser feito de forma seletiva em todos os contatos do caso, abrangendo: pessoas do mesmo domicílio, vizinhos, creches, salas de aula, alojamentos, sala de trabalho, dentre outros.

-      Operação limpeza: deve ser realizada a partir de todo caso confirmado, devendo ser ampliada para a vizinhança, bairro ou até município, conforme avaliação realizada. Tanto para o bloqueio como para a operação limpeza, a faixa etária prioritária devera ser de 6 meses a 39 anos de idade.

-      Isolamento de casos: o isolamento domiciliar ou hospitalar dos casos pode diminuir o risco de transmissão. Deve-se evitar, principalmente, a frequência a escolas ou creches, agrupamentos, ou qualquer contato com pessoas suscetíveis, durante o período de eliminação do vírus. Os locais com agrupamento (creches, escolas) devem ser visitados e todos os contatos não vacinados devem receber a vacina tríplice ou dupla viral.

 

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