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Editorial MedicinaNET - Abril - 2015

Última revisão: 09/04/2015

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O Triunfo do Aedes

        Uma epidemia assola o país. Uma doença que causa febre e pode matar amedronta as pessoas. Sanitaristas buscam soluções. Um mosquito é o grande agente transmissor nas cidades: o Aedes aegypti. Só que estamos falando do século XIX, e a doença, a Febre Amarela.

       Doença típica dos trópicos, foi espalhada pelas américas durante o período de colônias, chegando ao Rio de Janeiro em 1685. Osvaldo Cruz se tornou um ícone graças às campanhas de combate instituídas na virada do século XX no Rio de Janeiro. Hoje ele viveria um pesadelo. Pouco mais de um século depois, novamente o Aedes é o vilão das cidades brasileiras. Apenas a doença mudou, pois temos a dengue.

         O mosquito transmissor foi declarado erradicado do Brasil em 1957 durante a XV Conferência Sanitária Panamericana,isso ao custo de fortes campanhas governamentais. Se Osvaldo Cruz acordasse hoje de seu sono eterno, poderíamos contar com orgulho que isso aconteceu. Mas logo a seguir teríamos a vergonha de falar sobre o que nos amedronta em pleno século XXI. Não o HIV, não as hepatites (sem nenhum demérito à gravidade e importância destas doenças), mas, sim, uma doença transmissível por vetor artrópode.

         Os biólogos mostram como o Aedes foi brilhante em seu processo de adaptação, uma vez que competia por espaço e comida com outros mosquitos, principalmente os famosos pernilongos (Culex), que atacam à noite devido a sua lentidão de vôo e dificuldade de sugar sangue. O Aedes se tornou capaz de picar de dia, usando as horas mais frescas (logo cedo e ao entardecer) para atuar. Além disso, desenvolveu a capacidade de sugar mais sangue em apenas uma picada. Uma mostra darwiniana de sobrevivência com adaptação, apoiada pelo requintado fato de que o ser humano deixou isso acontecer.

         Os números de casos de dengue só crescem. O ano de 2015 está sendo marcado por pronto-socorros lotados de pacientes com casos suspeitos. A imprensa tem noticiado quase que diariamente a epidemia. A população segue assustada, e o governo, em suas diversas instâncias, continua correndo atrás de um prejuízo, de uma dívida construída ao longo de anos, e que nunca foi quitada.

         Melhor que Osvaldo Cruz continue seu descanso. Teríamos vergonha de mostrar o que acontece hoje em nosso país. E esperamos que um dia, em breve, a epidemia de dengue seja apenas fato da história.

 

 Os Editores.

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