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Editorial MedicinaNET - Março - 2016

Última revisão: 10/03/2016

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           Zika - Informações sem base científica viralizam mais do que a doença

Muito tem se falado sobre o Zika vírus e sua relação com a microcefalia. Temos  divulgado um surto dessa manifestação congênita no Nordeste, um pânico populacional e repelentes sendo vendidos como água para gestantes preocupadas. Por hora, por mais que tenhamos que encarar a possibilidade desses problemas serem reais, a verdade é que ainda não sabemos ao certo se a relação entre o Zika e o “surto” de microcefalia é algo epidemiologicamente e fisiopatologicamente comprovável.

No início do mês de fevereiro, após uma reunião de um comitê de emergência em Genebra, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou emergência em saúde pública de interesse internacional em razão do aumento de casos de infecção pelo Zika em diversos países e de uma possível relação da doença com quadros de malformação congênita e síndromes neurológicas.

A OMS precisava se posicionar e o fez. Mas também deixou claro que estamos diante de uma possibilidade. Não temos dados prévios de outros países, principalmente na África e na Ásia, de onde vem o Zika. Pode ser mera falta de divulgação, problemas para fazer o diagnóstico, mas a verdade é que não existia esse nexo causal antes. Mesmo recentemente, foram divulgados casos, como na Colômbia, em que não ocorreram casos de microcefalia mesmo em gestantes infectadas.

Pesquisadores da Fiocruz, que recentemente fizeram uma publicação na revista Lancet, estão à frente de trabalho dentro do Brasil e pontuaram recentemente algumas necessidades que temos frente a uma chuva de informações não tão científicas correndo.

Um ponto inicial que é fundamental é aumentar o conhecimento sobre a infecção, algo que não tínhamos até agora, provavelmente porque se trata de doença que acometia apenas países de baixa renda, e agora temos uma “ameaça global”.  Isso é necessário, pois a questão da microcefalia não é tão óbvia assim. Em fevereiro de 2016, uma retrospectiva sobre dados da microcefalia no Nordeste mostrou picos sazonais não detectados de microcefalia datados pelo menos de 2012, e um número mais alto de casos severos a partir de 2013 - o que é congruente com padrões de distribuição sazonal do Aedes, mas começou antes da primeira detecção de Zika no Brasil.

Precisamos ainda melhorar o diagnóstico e a detecção. Aqui um desafio sem precedentes, pois há dados que apontam para 80% dos infectados serem assintomáticos. Além disso, o diagnóstico de Zika se apoia na detecção do RNA viral, presente apenas num breve período do desenvolvimento da doença. Outra coisa é que, independente do Zika, temos que controlar o Aedes, uma vez que a dengue está muito mais propagada e é uma doença que pode ser fatal.

Ainda temos um longo caminho pela frente. O problema é que informações com pouca base técnica parecem que viralizam mais rápido do que o próprio vírus se espalha. A ciência tem que correr e trazer luz a essa situação, antes que muita coisa seja feita com o risco de ser totalmente desnecessário.

 

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