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Hospitalistas Pronto-Socorro e Gerenciamento de Leitos

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 30/03/2009

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Hospitalistas, Pronto-Socorro e Gerenciamento de Leitos

 

Manejo ativo de leitos por hospitalistas e transferências do departamento de emergência .

Howel E et al. Active Bed Management by Hospitalists and Emergency Department Throughput. Ann Inter Med 2008; 149 (11): 804-810. [Link para o abstract].


Fator de Impacto (Annals of Internal Medicine): 14,780


Contexto Clínico

            Em 2006 o Institute of Medicine dos EUA publicou um relato sobre a situação caótica em que se encontram os pronto-socorros deste país, onde 91% desses locais se encontram trabalhando acima de sua capacidade. A causa primária da superlotação dos PS´s é o gerenciamento inadequado de leitos por parte dos hospitais, pois os pacientes ficam aguardando leitos disponíveis no hospital para conseguirem deixar o departamento de emergência. Essa situação dramática não só diminui a satisfação do paciente (e de familiares), mas também impacta diretamente na qualidade da assistência prestada e até mesmo nos desfechos (mortalidade e morbidade). Essa realidade norte-americana não é distante de muitos hospitais em nosso país.

O médico hospitalista é uma especialidade em contínua ascensão nos EUA e começa a ter destaque aqui em nosso país. A natureza de seu trabalho implica na coordenação da assistência ao paciente da admissão até a alta hospitalar. Sendo assim, esse médico possui um perfil que pode ser utilizado de forma positiva ao auxiliar o gerenciamento de leitos em função da superlotação do pronto-socorro.


O Estudo

            Este estudo procurou avaliar o impacto de um “manejo ativo de leitos” por médicos hospitalistas frente a um pronto-socorro lotado. O estudo foi feito no Johns Hopkins Bayview Medical Center, um hospital-escola de 335 leitos, cujo P.S. atente mais de 54000 consultas por ano, sendo que 25% desses pacientes são admitidos, totalizando 61% das internações desse hospital.

Foram realizadas duas fases, uma pré e outra pós-intervenção (manejo ativo de leitos por médicos hospitalistas), de novembro de 2005 a fevereiro de 2006 (pré) e de novembro de 2006 a fevereiro de 2007 (pós). Todo paciente adulto admitido pelo P.S. foi incluído no estudo.

O “manejo ativo de leitos” se constituía no seguinte: 2 visitas diárias à UTI para manejar leitos (informar sobre leitos vagos e agilizar a alta a pacientes com condição da mesma), visitas regulares ao P.S. para avaliar o fluxo e a lotação, avaliar e aceitar pedidos de internação conforme o caso, direcionar o paciente para o nível adequado de assistência (UTI x Enfermaria x Semi) recebendo suporte do “bed director”, que é o hospitalista chefe, capaz de redirecionar recursos em tempo real para melhorar a capacidade do hospital em resolver os problemas do P.S.

 

Resultados

            O P.S. esteve, interessantemente, 8,8% mais cheio durante o período de intervenção, o que poderia desfavorecer a intervenção, entretanto isso não foi observado. O tempo para os pacientes serem transferidos do P.S. foi em média 98 minutos menor (10 min. de desvio padrão) durante a intervenção. A porcentagem de tempo em que o departamento de emergência ficou em “alerta amarelo” quanto à lotação diminuiu 6%, e a porcentagem de horas em que ficou em “alerta vermelho” diminuiu 27%.

O número de funcionários, a média de permanência, o perfil dos casos, a taxa de transferências para a UTI, e as taxas de mortalidade não foram diferentes nos dois períodos.


Aplicação para a Prática Clínica

            Infelizmente o estudo foi feito em um único hospital, o que nos faz pensar em dificuldades de generalização, entretanto seu resultado é interessantíssimo, e parece indicar ser fundamental colocar um médico cuja capacidade tanto de nível assistencial, quanto do ponto de vista administrativo são excelentes para gerenciar os leitos do hospital frente à situação de superlotação do departamento de emergência.

            Essa é uma estratégia que parece ser promissora não só na realidade dos EUA, como na nossa própria, onde hospitais lidam diariamente com seus P.S. lotados, bem como seus leitos com alta taxa de ocupação. Não foi o foco do estudo, mas é provável que o impacto financeiro (de forma positiva) seja interessantíssimo para o hospital, bem como o impacto assistencial, por melhorar a possibilidade de atrasos de tratamento e diagnóstico a diversos pacientes, acarretando melhores resultados de mortalidade e morbidade, aumentando em muito a segurança oferecida a doentes graves como são aqueles que tipicamente procuram o pronto-socorro.     

 

Bibliografia

1.             Institute of Medicine. Committee on the Future of Emergency Care in the United States Health System. Hospital-Based Emergency Care: At the Breaking Point. Washington, DC: National Academies Pr; 2007.

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