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Diabetes mellitus após diabetes gestacional

Autor:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Última revisão: 15/11/2008

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Diabetes mellitus após diabetes gestacional

 

Risco de desenvolvimento de diabetes mellitus após o diagnóstico de diabetes gestacional.

Risk of development of diabetes mellitus after diagnosis of gestational diabetes. CMAJ 2008;179(3):229-34 [Link Livre para o Artigo Original]

 

Fator de impacto da revista (Canadian Medical Association Journal): 7,067

 

Contexto Clínico

            O diabetes gestacional é geralmente considerado como um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2, entretanto a relação exata entre estas duas condições permanece desconhecida. Este estudo tentou estabelecer qual o risco de desenvolver diabetes mellitus após o diagnóstico de diabetes gestacional.

 

O Estudo

            Os autores utilizaram um banco de dados de base populacional para identificar todos os partos na província de Ontario durante um período de 7 anos (de 1995 a 2002). Estes nascimentos foram analisados para identificar mães que tivessem tido o diagnóstico de diabetes gestacional através de outro banco de dados administrativo que registra pessoas com diabetes com base em diagnósticos de faturas de serviços médicos ou em registros de admissão hospitalar. Estes registros foram analisados do momento do parto até março de 2004, num total de 9 anos. A presença de diabetes mellitus foi determinada de acordo com uma definição administrativa validada para esta condição.

 

Resultados

            Foram identificadas 659.164 mulheres grávidas sem diagnóstico prévio de diabetes. Deste total, 21.823 mulheres (3,3%) tiveram o diagnóstico de diabetes gestacional. A incidência de diabetes gestacional aumentou significativamente durante o período de estudo de 9 anos, de 3,2% em 1995 para 3,6% em 2001 (p<0,001). A probabilidade de desenvolver diabetes após o diabetes gestacional foi de 3,7% nove meses após o nascimento, e 18,9% nove anos após o nascimento. Após ajuste para idade, residência rural ou urbana, renda da comunidade da gestante, paridade das gestantes, hipertensão após o nascimento índice e nível de atenção primária antes do nascimento índice, o fator de risco mais significante para desenvolver diabetes foi ter tido diabetes gestacional durante a gestação índice (RR:37,28 IC95% 34,99 – 40,88; p<0,001). Idade, residência urbana e menor renda da comunidade também foram importantes fatores de risco para o desenvolvimento subseqüente de diabetes. Quando analisado pelo ano do parto, a taxa de desenvolvimento de diabetes foi mais alta na sub-coorte mais recente de mulheres com diabetes gestacional (parto durante 1999 – 2001) do que entre as gestantes da sub-coorte mais antiga (parto durante 1995 – 1996) (16% aos 4,7 anos após o nascimento para a sub-coorte mais recente vs 16% aos 9 anos após o nascimento para a sub-coorte mais antiga).

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Estes resultados apenas reforçam a compreensão geral de que o diabetes gestacional é um fator de risco para desenvolvimento de diabetes. Nesta grande coorte de base populacional (vide Dicas de Epidemiologia e Medicina baseada em Evidências), a taxa de desenvolvimento de diabetes tipo 2 após o diagnóstico de diabetes gestacional aumentou ao longo do tempo chegando a cerca de 20% após 9 anos da gestação índice. Estes dados reforçam a necessidade de monitorar e aconselhar adequadamente este grupo de gestantes.

 

Dicas de Epidemiologia e Medicina baseada em Evidências

Estudos de coorte

Como já comentamos em outras “Dicas”, os estudos de coorte2 são estudos analíticos, longitudinais que selecionam os participantes com base em um fator de exposição. Geralmente dois grupos são acompanhados (o dos expostos e o dos não expostos) para se identificar a incidência de determinados desfechos clínicos e assim comparar a incidência nos expostos com a incidência nos não expostos. As coortes são os desenhos mais adequados para se estudar a história natural das doenças, seus fatores de risco e de proteção. No presente estudo os grupos foram selecionados com base no fator “diabetes gestacional” e o desfecho incidente avaliado foi “diabetes mellitus tipo 2”. Foi uma coorte com um grande número de participantes, o que a torna extremamente robusta, mas ao mesmo tempo foi uma coorte realizada com dados secundários, isto é, dados provenientes de fontes administrativas, não necessariamente coletados para esta finalidade específica. Além disso, foram utilizadas fontes diferentes para selecionar as participantes e para contabilizar os desfechos. A forma de adjudicação de desfechos também foi feita com base numa definição administrativa, o que pode ter levado a algum viés. Entretanto, o grande número de participantes e a boa qualidade dos registros médicos administrativos canadenses fazem com que este estudo tenha produzido informações de qualidade.

 

Bibliografia

1. Feig DS, Zinman B, Wang X, Hux JE. Risk of development of diabetes mellitus after diagnosis of gestational diabetes. CMAJ 2008;179(3):229-34. [Link Livre para o Artigo Original]

2.Brandão Neto RA, Lotufo PA. Estudos de coorte. In “Epidemiologia. Abordagem prática”. Sarvier, 1ª edição, 2005.

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