Ao longo dos últimos anos, tanto a incidência quanto as taxas de complicações de úlcera péptica diminuíram; entretanto, a mortalidade de pacientes hospitalizados por úlcera péptica manteve-se inalterada. Dados de longo prazo sobre a mortalidade desses pacientes ainda são incompletos. Apresentamos um estudo cujo objetivo foi avaliar a mortalidade de curto e longo prazo, e as principais causas de morte em doentes com úlcera péptica.
Neste estudo de coorte retrospectivo, foram utilizados dados de 8.146 pacientes adultos hospitalizados com úlcera péptica, durante os anos de 2000-2008, coletados na região da capital da Finlândia. O tempo médio de acompanhamento foi de 4,9 anos. A mortalidade geral foi substancialmente aumentada, com razão padronizada de mortalidade 2,53 (intervalo de confiança (IC) 95%: 2,44-2,63); 3,7% morreram dentro de 30 dias, e 11,8% dentro de um ano. Com seis meses, a sobrevida de pacientes com úlcera perfurada ou com sangramento foi menor em comparação com aqueles com úlcera não complicada; as razões de risco foram de 2,06 (1,68-2,04) e 1,32 (1,11-1,58), respectivamente. Para úlceras duodenais perfuradas, a sobrevivência foi significativamente pior em mulheres tanto a curto como a longo prazo. As principais causas de mortalidade em um ano foram neoplasias e doenças cardiovasculares. O uso prévio de estatinas foi associado com redução significativa na mortalidade por qualquer causa.
Segundo este estudo, ainda existe uma mortalidade importante em pacientes hospitalizados com úlcera péptica, infelizmente com a manutenção dos valores ao longo do tempo. Os dados sobre pacientes com úlcera péptica complicadas demonstram que provavelmente as taxas de mortalidade para doentes graves continuam sendo as mesmas, e que para esses casos as terapias disponíveis ainda são insuficientes. Ainda temos muito a avançar nesta área.