Contexto Clínico
O tratamento farmacológico atual da síndrome de abstinência neonatal com morfina está associado a uma longa duração da terapia e à hospitalização. A buprenorfina pode ser mais eficaz do que a morfina para esse caso.
O Estudo
Foi realizado um ensaio clínico de um único sítio, duplo-cego, no qual foram atribuídos aleatoriamente 63 bebês a termo (=37 semanas de gestação) que haviam sido expostos a opioides no útero e que apresentavam sinais de síndrome de abstinência neonatal para receber buprenorfina sublingual ou morfina oral.
Os bebês com sintomas que não foram controlados com a dose máxima de opioide foram tratados com fenobarbital adjuvante. O ponto final primário foi a duração do tratamento para sintomas de retirada de opioides neonatais. Os pontos finais clínicos secundários foram o tempo de permanência hospitalar, a porcentagem de lactentes que necessitaram de tratamento suplementar com fenobarbital e a segurança.
A duração mediana do tratamento foi bem menor com a buprenorfina do que com a morfina (15 versus 28 dias), assim como a duração mediana da internação (21 versus 33 dias) - P <0,001 para ambas as comparações. O fenobarbital adjuvante foi administrado em 5 dos 33 lactentes (15%) no grupo buprenorfina e em 7 dos 30 lactentes (23%) no grupo da morfina (P = 0,36). As taxas de eventos adversos foram semelhantes nos dois grupos.
Aplicação Prática
Este estudo mostra que, entre os lactentes com síndrome de abstinência neonatal, o tratamento com buprenorfina sublingual resultou em menor duração do tratamento e menor tempo de internação do que o tratamento com morfina oral, com taxas semelhantes de eventos adversos. Apesar de ter sido feito em apenas um sítio de estudo, é razoável indicar essa conduta para o tratamento da síndrome de abstinência neonatal.
Bibliografia