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Fibrilação atrial aguda na emergência

Autor:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Última revisão: 15/11/2008

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Fibrilação atrial aguda na emergência

 

Um ensaio clínico randomizado de uma unidade de observação para fibrilação atrial aguda no departamento de emergências

A Prospective, Randomized Trial of an Emergency Department Observation Unit for Acute Onset Atrial Fibrillation. Ann Emerg Med 2008 Oct 52:322-28 [Link para o Abstract]

 

Fator de impacto da revista (annals of emergency medicine): 3,500

 

Contexto Clínico

            A prevalência de fibrilação atrial (FA) é estimada em torno de 0,4% da população geral no Brasil. Nos EUA este número chega a cerca de 2,3 milhões de pessoas. A incidência anual de FA de início recente é cerca de 1% em indivíduos entre 60 e 68 anos e cerca de 5% em indivíduos com mais de 69 anos. As admissões hospitalares decorrentes de FA aumentaram 66% nos últimos 20 anos nos EUA, e os custos anuais com tratamento de FA chegam a 6,65 bilhões de dólares, sendo que a maior parte deste montante se deve a custos de internação hospitalar. O diagnóstico e o manejo adequado da FA são de extrema importância uma vez que suas principais complicações (AVC embólico e insuficiência cardíaca) estão associadas a um alto grau de morbi-mortalidade. Este estudo comparou um protocolo de tratamento da FA aguda numa unidade de observação no pronto-socorro (UOPS) com o manejo tradicional de rotina associado à admissão hospitalar.

 

O Estudo

            Pacientes chegando ao pronto-socorro com FA com menos de 48h de evolução, sem instabilidade hemodinâmica ou outras comorbidades necessitando de internação hospitalar foram incluídos no estudo. Os participantes (n=153) foram randomizados para tratamento na UOPS (n=75) ou para tratamento de rotina com internação hospitalar (n=78). O protocolo da UOPS durava 8 horas e consistia de controle da freqüência cardíaca (com um bloqueador de canal de cálcio ou beta-bloqueador), monitorização cardíaca, reavaliação após 6 horas e cardioversão elétrica se a FA persistisse com 2 horas adicionais de observação. Os participantes nos quais a FA fosse revertida recebiam alta e um seguimento cardiológico ambulatorial em 3 dias, enquanto os que permaneciam em FA eram internados. No grupo controle os pacientes recebiam bloqueador de canal de cálcio ou beta-bloqueador, infusão de heparina e eram internados num leito cardiológico monitorizado e o manejo era deixado a cargo do médico plantonista. Todos os casos foram seguidos por 6 meses. O desfecho primário foi reversão a ritmo sinusal ou controle da freqüência após a observação no PS ou após a alta hospitalar. Os desfechos secundários foram recorrência da FA e eventos adversos (infarto agudo, insuficiência cardíaca, AVC ou morte), além de utilização subseqüente de recursos de saúde.

 

Resultados

            A reversão para ritmo sinusal ocorreu em 85% dos participantes no grupo da UOPS e 73% no grupo controle (diferença de 12% IC 95% -1% a 25%; p=0,06). O tempo médio de permanência hospitalar foi de 10,1 hora para UOPS e 25,2 horas para controle (diferença de 15,1 hora IC 95% 11,2 a 19,6 horas; p<0,001). A recorrência da FA foi semelhante nos dois grupos (11% VS 10%; p=0,93). Não houve nenhuma diferença significativa entre os dois grupos no que diz respeito a frequência de hospitalizações ou número de exames bem como em relação ao número de eventos adversos. A conclusão dos autores é que o manejo da FA aguda com um protocolo que inclui cardioversão elétrica no PS é uma alternativa factível ao manejo tradicional de internação hospitalar, e resulta num tempo de permanência hospitalar significativamente mais curto.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Esta abordagem já é frequentemente realizada em muitos pronto-socorros, mesmo sem uma unidade de observação com um protocolo definido de manejo de FA aguda. Isto é feito particularmente em hospitais da rede pública em virtude da carência de leitos monitorizados. Este estudo, embora seja um estudo pequeno, mostra que esta abordagem é tão segura e eficaz como a tradicional, sendo mais econômica, pois o tempo de permanência no hospital foi significativamente menor. Além disso, embora satisfação do paciente não tenha sido alvo de análise, nos parece correto supor que a maioria dos pacientes ficaria mais satisfeita com um tempo menor de permanência no hospital.

 

Bibliografia

1. Decker WW, Smars PA, Vaidyanathan L et al. A Prospective, Randomized Trial of an Emergency Department Observation Unit for Acute Onset Atrial Fibrillation. Ann Emerg Med 2008 52(4):322-28. [Link para o Abstract]

 

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