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Grau de ligação médico-paciente e qualidade na atenção primária

Autor:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Última revisão: 09/03/2009

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Grau de ligação médico-paciente e qualidade na atenção primária

 

Ligação médico-paciente e qualidade da atenção primária

Patient–Physician Connectedness and Quality of Primary Care. Ann Intern Med. 2009;150:325-335 [Link para Abstract].

 

Fator de impacto da revista (annals of internal medicine): 15,516

 

Contexto Clínico

            Uma medida válida do desempenho dos médicos requer uma identificação precisa dos pacientes pelos quais o médico é responsável. Entre todos os pacientes vistos por um médico, alguns estarão mais fortemente ligados ao médico do que outros. Entretanto o efeito desta ligação sobre as medidas de desempenho do médico não é conhecido. No presente estudo o termo ligação é usado para descrever o quão próxima é a relação entre médico e paciente.  O objetivo do presente estudo foi avaliar se o grau de ligação médico-paciente afeta as medidas de desempenho clínico.

 

O Estudo

            Foi um estudo observacional do tipo coorte, de base populacional, realizado em 4 centros de saúde comunitários e 9 clínicas de atenção primária. Foram avaliados 155.590 pacientes com 1 ou mais visitas a uma das clínicas do estudo durante o período 2003 – 2005. Foi utilizado um algoritmo validado para conectar os pacientes a 1 dos 181 médicos ou a 1 das 13 clínicas nas quais os pacientes receberam a maior parte de seus cuidados. O grau de ligação entre médicos e pacientes era avaliado com base na probabilidade do médico identificar o paciente como “meu paciente”. As medidas de desempenho incluíram rastreamento de câncer de mama, cólon e colo de útero em pacientes elegíveis; medida da hemoglobina glicosilada e controle do diabetes em pacientes diabéticos; medida do LDL colesterol e controle do colesterol em pacientes diabéticos e coronarianos. A hipótese do estudo é a de que pacientes muito ligados a um médico específico tem uma probabilidade maior de receber cuidados médicos consistentes com diretrizes baseadas em evidências, de acordo com medidas de desempenho comuns.

 

Resultados

            De uma forma geral, 92.315 pacientes (59,3%) estavam ligados a um médico específico, enquanto que 53.669 pacientes (34,5%) estavam ligados apenas a uma clínica específica e 9.606 pacientes (6,2%) não estavam ligados nem a um médico nem a uma clínica específica. A proporção de pacientes numa clínica que puderam ser ligados a um médico específico variou marcadamente (45,6% a 71,2% dos pacientes por clínica). Pacientes ligados a um médico específico tinham uma probabilidade significativamente maior que os pacientes ligados apenas a uma clínica de receber cuidados baseados em diretrizes (por exemplo: taxas de mamografia ajustada = 78,1% X 65,9%; p<0,001; e taxas de hemoglobina glicosilada ajustada = 90,3% X 74,9%; p<0,001). O recebimento de cuidados preventivos variou mais em virtude do grau de ligação do paciente ao médico do que em virtude da raça ou etnia.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            Nos hospitais públicos brasileiros (serviços terciários), em muitos centros de especialidade (atenção secundária) e mesmo em muitas unidades básicas de saúde (atenção primária), os pacientes acabam ficando vinculados ao serviço e não a um médico ou profissional de saúde específico. Este cenário tem mudado com o aumento da cobertura dos programas de medicina de família e comunidade, abordagem na qual, não só o paciente, mas toda a família e a comunidade toda estão vinculadas a um médico e a uma equipe de saúde da família específica. Este estudo, embora norte-americano, mostra que um laço mais forte entre os pacientes e profissionais de saúde específicos está associado a uma melhor qualidade dos cuidados, pelo menos no que se refere a algumas medidas específicas de desempenho como as avaliadas no presente estudo (controle do diabetes, rastreamento de neoplasias e controle da dislipidemia). Claro que estas medidas isoladas não podem ser tomadas como sinônimo de qualidade de cuidados médicos na atenção primária, mas são indicadores parciais de algumas intervenções específicas realizadas na atenção primária (intervenções preventivas e cuidados com doenças crônicas). Assim, é da opinião deste editor, que esforços devem ser feitos, na organização de um sistema de saúde baseado em serviços de atenção primária de qualidade, para se conectar pacientes, famílias e comunidades a equipes de saúde e médicos específicos.

 

Bibliografia

1. Atlas SJ, Grant RW, Ferris TG, Chang Y, Barry MJ. Patient–Physician Connectedness and Quality of Primary Care. Ann Intern Med. 2009;150:325-335

 

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