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Prognóstico da trombose venosa superficial

Autores:

Rodrigo Díaz Olmos

Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de são Paulo (FMUSP). Diretor da Divisão de Clínica Médica do Hospital Universitário da USP. Docente da FMUSP.

Euclides F. de A. Cavalcanti

Médico Colaborador da Disciplina de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Última revisão: 08/03/2010

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Prognóstico da trombose venosa superficial

 

Trombose venosa superficial e tromboembolismo venoso. Um grande estudo epidemiológico prospectivo1 [Link para Abstract].

 

Fator de impacto da revista (annals of internal medicine): 17,457

 

Contexto Clínico

            A trombose venosa superficial (TVS) é uma condição comum, dolorosa e tida como benigna. Entretanto esta percepção tem mudado com os resultados de alguns estudos. Estima-se que de 6 a 53% dos pacientes com TVS também apresentam uma TVP, e que TEP sintomático pode ocorrer em até 10% dos pacientes com TVS. As grandes variações destas estimativas refletem as limitações de pequenos estudos retrospectivos. Assim, os autores objetivaram avaliar a prevalência de tromboembolismo venoso em pacientes com trombose venosa superficial e a incidência de complicações tromboembólicas em 3 meses.

 

O Estudo

            Trata-se de um estudo epidemiológico nacional transversal e de coorte prospectivo, realizado na França com participantes provenientes de serviços de cirurgia vascular, hospitalares e ambulatoriais. O estudo foi patrocinado tanto pelo governo da França através do Ministério da Saúde como pela indústria farmacêutica (GlaxoSmithKline e Sanofi-Aventis – fabricantes de inúmeros anticoagulantes como enoxaparina, nadroparina, fondaparinux). Foram selecionados 844 participantes com TVS sintomática dos membros inferiores com pelo menos 5 cm de extensão à ultrassonografia. Foram avaliadas as prevalências de trombose venosa profunda (TVP) e complicações tromboembólicas, bem como a incidência de fenômenos tromboembólicos, a extensão e a recorrência de TVS nos participantes com TVS isolada na apresentação.

 

Resultados

            Entre os 844 participantes com TVS à inclusão (idade mediana 65 anos, sendo 547 mulheres), 210 (24,9%) também tinham TVP ou tromboembolismo de pulmão (TEP) sintomático. Entre os 600 pacientes sem TVP e sem TEP à inclusão que foram selecionados para o seguimento de 3 meses, 8,3% desenvolveram complicações tromboembólicas sintomáticas aos 3 meses [3 TEPs (0,5%); 15 TVPs (2,8%); 18 extensões de TVS (3,3%) e 10 recorrências de TVS (1,9%)], a despeito da grande maioria (90,5%) ter recebido anticoagulantes. Fatores de risco para complicações aos 3 meses foram sexo masculino, história de TEP ou TVP, câncer prévio e ausência de veias varicosas. Os autores concluem que um número substancial de pacientes com TVS apresentam tromboembolismo venoso à apresentação, e alguns que não apresentam esta complicação no momento da apresentação, as desenvolvem nos três meses subsequentes. Os autores apontam dois fatores de limitação do estudo: 1) participantes selecionados de clínicas de especialistas e 2) estudo foi finalizado antes de se atingir o número alvo de participantes em virtude da baixa taxa de recrutamento.

 

Aplicações para a Prática Clínica

            A primeira questão a ser comentada é que este estudo foi patrocinado por indústrias farmacêuticas produtoras de anticoagulantes. A segunda crítica refere-se ao fato de ser uma amostra de pacientes já referidos a um especialista, o que por si só faz com que o risco destes pacientes seja mais elevado. Outra questão interessante a ser comentada é o fato de que dentre as 8,3% de complicações tromboembólicas ocorridas nos três meses de seguimento, houve apenas 0,5% de TEPs. De qualquer forma, parece que as tromboses venosas superficiais não são tão benignas quanto se imaginava. Na sua abordagem deve-se avaliar a presença concomitante de TVP, bem como fatores de risco que podem aumentar a chance de um evento tromboembólico subsequente como sexo masculino, TVP ou TEP prévio, câncer prévio e ausência de veias varicosas, além dos fatores de risco clássicos para TVP/TEP. Este estudo, embora traga novas informações a respeito do prognóstico das TVS, não é suficiente para se concluir que as TVS devam ser anticoaguladas. Para esta conclusão, um estudo randomizado bem feito deve ser levado a cabo.

 

Bibliografia

1. Decousus H, Quéré I, Presles E, Becker F, Barrellier MT, Chanut M, Gillet JL, Guenneguez H, Leandri C, Mismetti P, Pichot O, Leizorovicz A, , for the POST (Prospective Observational Superficial Thrombophlebitis) Study Group. Superficial Venous Thrombosis and Venous Thromboembolism. A Large, Prospective Epidemiologic Study. Ann Intern Med. 2010;152(4):218-224.

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