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Proteína C reativa e infecções bacterianas em idosos

Autor:

Leonardo da Costa Lopes

Especialista em Geriatria pela SBGG; Médico Colaborador do Serviço de Geriatria do HC-FMUSP; Médico Assistente da Divisão de Clínica Médica do HU-USP

Última revisão: 03/11/2010

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Proteína C reativa como um biomarcador para detecção precoce de infecções bacterianas em pacientes idosos [Link para Abstract]1

 

Fator de impacto da revista (Age and Ageing): 3.052

 

Contexto Clínico

A proteína C reativa (PCR) tem sido muito estudada em jovens como preditora de quadros infecciosos bacterianos. O seu valor, entretanto, na predição de infecção entre idosos ainda é incerto. O diagnóstico precoce de infecções bacterianas em idosos pode ser difícil, dada a apresentação atípica dos sintomas. Estratégias para o diagnóstico precoce podem auxiliar no uso adequado de antibióticos, com impacto no prognóstico destes pacientes. Especialmente nos idosos hospitalizados, as infecções representam significativa causa de mortalidade.

 

O Estudo

Trata-se de um estudo de coorte prospectivo que teve por objetivo avaliar o poder de predição da PCR para infecções bacterianas. Foram envolvidos no estudo 232 idosos australianos com mais de 70 anos atendidos consecutivamente durante 3 meses em 4 serviços de emergência e internados em enfermarias de geriatria. Foram excluídos pacientes com altas hospitalares recentes (últimas 24 horas), bem como aqueles em término de vida. Todos tiveram seus níveis de PCR determinados nas primeiras 24 horas após a chegada ao PS. Foram ainda avaliadas outras variáveis clínicas potencialmente relacionadas a quadros infecciosos, tais como temperatura, contagem leucocitária, saturação de oxigênio, pressão arterial (PA) e frequência cardíaca (FC). A amostra foi dividida em dois grupos: infectada e não infectada, de acordo com critérios da Conferência Internacional de Definição da Sepse2.

 

Resultados

A média de idade da amostra foi de 82 anos. O nível médio de PCR no grupo infectado (n = 83) foi de 150 mg/L e de 21 mg/L no grupo não infectado (n=149, p<0,001). Os diagnósticos infecciosos mais comuns foram pneumonia, infecções de pele, infecções urinárias, exacerbação infecciosa de DPOC e gastroenterite. No grupo sem infecção os quadros mais comuns foram ICC, quedas, fraturas, doenças articulares, AVC e insuficiência renal. Foi definido um valor de corte de 60 mg/L, para o qual a PCR apresentou seu maior poder de predição clínica, com 80,7% de sensibilidade, 96,0% de especificidade, 91,9% de valor preditivo positivo e 89,8% de valor preditivo negativo para o diagnóstico de infecção bacteriana. A PCR e a temperatura apresentaram maior acurácia para o diagnóstico de infecção que a contagem leucocitária e de neutrófilos totais que, juntamente a outros fatores, não se correlacionaram com o quadro de infecção. Para cada aumento de 1 mg/L na PCR, o risco de infecção bacteriana cresceu em 2,9%.

 

Aplicações para a Prática Clínica

A PCR parece ser um marcador útil para a predição de infecção nos idosos com mais de 70 anos, especialmente quando outros sinais e sintomas estão ausentes, o que se torna mais frequente com o envelhecimento. O estudo, entretanto, apresenta algumas limitações. A principal delas é a avaliação dos valores preditivos da PCR a partir de sua dosagem indiscriminada. Com a ausência de análise das outras variáveis clínicas que influenciam na suspeita de quadros infecciosos, devemos tomar cuidado para evitar a solicitação de PCR para aqueles pacientes em que o quadro infeccioso já é evidente. Nestes, a sua determinação torna-se desnecessária.

 

Bibliografia

1.    Liu A, Bui T, Van Nguyen H, Ong B, Shen Q, Kamalasena D. Serum C-reactive protein as a biomarker for early detection of bacterial infection in the older patient. Age and ageing 2010;39:559-65.

2.    Levy MM, Fink MP, Marshall JC et al. International Sepsis Definition Conference. Crit Care Med 2003;31:1250-6.

 

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