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Transferindo casos da UTI para as enfermarias

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 03/02/2012

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Especialidades: Medicina Intensiva / Medicina Hospitalar / Segurança do Paciente & Qualidade Assistencial

 

Resumo

Este estudo observacional avaliou a qualidade da informação nas transferências de casos de unidades de terapia intensiva (UTI) para enfermarias.

 

Contexto clínico

A passagem de casos entre setores é um ponto crítico no que tange a segurança do paciente, pois a falta de informações ou informações com qualidade aquém do necessário podem ser fontes de erros e eventos adversos. Um dos pontos mais críticos é a passagem de casos entre UTI e enfermarias. Poucos são os estudos que avaliam a qualidade da passagem de casos entre setores.

 

O estudo

Este é um estudo observacional realizado em um hospital terciário e universitário. Foram avaliadas 112 passagens de casos entre UTI e enfermaria. Os envolvidos (médico da UTI, médico da enfermaria e pacientes/familiares) foram entrevistados para avaliar a qualidade da comunicação nas transferências. Os domínios avaliados foram a efetividade da comunicação, a continuidade do cuidado e a satisfação geral.

A satisfação geral para os médicos da UTI, os médicos da enfermaria e para os pacientes foi (em uma escala de 10 pontos) respectivamente de: 7,9 (± 1,1); 8,1 ( ± 1,0) e 7,9 ( ± 1,7). Entretanto, uma comunicação verbal entre profissionais ocorreu em uma menor parte dos casos (< 30%), e sumários de transferência escritos só estavam disponíveis em 61% dos casos. Ocorreram erros relacionados a falhas de comunicação em cerca de 10% dos casos (os mais comuns foram erros de medicação). Menos de 12% dos médicos da enfermaria receberam uma notificação de que o paciente havia chegado à unidade; 2 pacientes ficaram sem avaliação por mais de 48 horas. A satisfação do paciente foi maior quando a notificação ocorreu antes da transferência (88% satisfeitos) e quando foram apresentados ao médico que iria recebê-los antes da transferência (78% satisfeitos). A satisfação do paciente foi mais baixa quando ele não teve oportunidade de discutir com o médico a transferência em si (32% satisfeitos).

 

Aplicações para a prática clínica

Este é um estudo realizado em apenas 1 hospital e tem caráter observacional utilizando um formulário de pesquisa, então tem limitações. Entretanto, ele tem mérito ao trazer informações sobre a questão da transferência de casos entre setores, algo que é escasso na literatura.

Alguns dados são interessantes: a satisfação geral tanto de médicos como de pacientes foi em média em torno de 8 (em uma escala de 10 pontos), mostrando até que os valores são razoavelmente bons, mas há diversas oportunidades de melhoria identificadas. A primeira é a possibilidade de eventos adversos causados por falhas de comunicação, mais comuns com medicações conforme o relato deste estudo. Outra coisa é a pouca sistematização de passagem de casos, onde menos de 30% teve uma passagem verbal entre médicos, e apenas 61% teve um instrumento escrito para a passagem de caso. Alguma sistemática, seja verbal ou escrita, se feita em todos os casos, poderia minimizar os eventos adversos. Outro ponto foi a falta de informação sobre a chegada do doente em uma unidade. Isso acarretou em algo terrível, pois 2 pacientes ficaram sem ser vistos por 48 horas. Outras questões foram pertinentes ao paciente, onde pesou mais o fato de provavelmente o paciente não saber que estaria sendo mudado de local, mostrando também falhas simples de comunicação que podem ser resolvidas.

Apesar de ser um estudo que mostra a realidade de apenas um local, ele mostra pontos que possivelmente são comuns a outros lugares. O mais importante, no entanto, é mostrar que as transferências têm, sim, impacto na segurança do paciente, e que são pontos que os hospitais devem trabalhar com afinco para padronizar e melhorar.

 

Bibliografia

1.   Li P, Stelfox HT, Ghali WA. A prospective observational study of physician handoff for intensive-care-unit-to-ward patient transfers. Am J Med 2011 Sep; 124:860. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 5,105)

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