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Disfunção erétil após tratamento para câncer de próstata

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 02/04/2012

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Especialidades: Oncologia / Urologia

 

Resumo

A disfunção sexual é o principal problema relacionado à qualidade de vida de pacientes submetidos ao tratamento do câncer de próstata, mas faltam ferramentas preditoras desta complicação e que ajudem na decisão do paciente. Este estudo foi focado em desenvolver tal ferramenta.

 

Contexto clínico

Quando um homem descobre que está com câncer de próstata, diversas decisões sobre o tratamento precisam ser discutidas. As opções de tratamento incluem prostatectomia, radioterapia e braquiterapia, todas com grande chance de cura, mas que podem causar complicações. A disfunção sexual é o principal problema relacionado à qualidade de vida de pacientes que se submetem ao tratamento deste tipo de câncer, no entanto, faltam ferramentas que sirvam como preditoras desta complicação e que ajudem na decisão do paciente.

 

O estudo

Este é um estudo prospectivo, longitudinal e multicêntrico, com 1.027 pacientes com câncer de próstata em estágio T1-T2 que realizaram prostatectomia, ou radioterapia, ou braquiterapia. Este estudo foi focado em desenvolver uma ferramenta para prever disfunção erétil. Foram levantados dados de base dos pacientes, detalhes do tratamento e desfechos relatados 2, 6, 12 e 24 meses após o tratamento.

Alguns resultados são:

 

1.   Antes do tratamento, disfunção erétil (DE) foi relatada por 28%, 33% e 47% dos pacientes, respectivamente, submetidos a prostatectomia (PT), radioterapia (RdT) e braquiterapia (BT). Nestes pacientes, 2 anos após o tratamento, DE foi relatada por 63%, 63% e 57% dos pacientes nos grupos PT, RdT e BT, respectivamente.

2.   Entre os pacientes que não tinham DE, esta foi relatada por 52%, 42% e 37% dos pacientes submetidos a PT, RdT e BT, respectivamente.

3.   Dois anos após o tratamento, a quantidade de pacientes que relatou ter ereções normais foi de 37% do total de pacientes e 48% dos que eram normais do ponto de vista de ereção antes do tratamento.

4.   Fatores associados com normalidade de ereções 2 anos após o tratamento incluíram escore de questionário sexual pré-tratamento, idade, níveis de PSA, raça/etnia/IMC e tratamento escolhido.

5.   Modelos de regressão logística estimaram as probabilidades de ereções normais de = 10% a = 70%, dependendo das características pré-tratamento e do tratamento realizado.

 

Aplicações para a prática clínica

Com base neste estudo, nota-se que pacientes com estádios não muito avançados de câncer de próstata apresentam altas taxas de disfunção erétil após tratamento, mesmo entre aqueles sem disfunção prévia. Neste estudo em específico, a braquiterapia pareceu ter menos tendência de gerar disfunção erétil entre os sadios pré-tratamento. Sendo assim, faz-se necessário, de fato, criar uma forma de prever a chance de disfunção erétil para cada tipo de tratamento viável e com base em dados simples, relacionados às características do paciente. Este é um primeiro estudo e com caráter observacional, portanto, ainda é cedo para utilizar os dados obtidos na prática. O que este estudo tem de mais importante é ter aberto a perspectiva de se usar uma escala de predição de disfunção erétil que possa ser usada para discutir a melhor possibilidade terapêutica para pacientes com câncer de próstata, pensando na principal queixa após tratamento, que é a disfunção erétil. Ainda devemos aguardar estudos com a aplicação dos dados obtidos com o presente estudo para que tenhamos aplicabilidade prática no dia a dia.

 

Bibliografia

1.  Alemozaffar M, Regan MM, Cooperberg MR, Wei JT, Michalski JM, Sandler HM et al. Prediction of erectile function following treatment for prostate cancer. JAMA 2011 Sep 21; 306:1205-14. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 30,000).

2.  Barry MJ. Helping patients make better personal health decisions: The Promise of Patient-Centered Outcomes Research. JAMA 2011 Sep 21; 306:1258-9.

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