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Corticoides em DPOC exacerbada com necessidade de suporte ventilatório

Autor:

Antonio Paulo Nassar Junior

Especialista em Terapia Intensiva pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Médico Intensivista do Hospital São Camilo. Médico Pesquisador do HC-FMUSP.

Última revisão: 10/05/2012

Comentários de assinantes: 1

Área de atuação: Medicina Intensiva

 

Especialidade: Pneumologia, Medicina Intensiva

  

Resumo

O uso de corticoides sistêmicos é recomendado na DPOC descompensada, porém não havia sido estudado em pacientes que necessitavam de ventilação mecânica. Este estudo mostrou que seu uso reduz o tempo de ventilação mecânica e a taxa de falência de ventilação não invasiva.

 

Contexto clínico

Os corticoides constituem uma terapia eficaz em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) exacerbada. Entretanto, os estudos clínicos realizados excluíram pacientes admitidos em UTI. DPOC exacerbada está entre as causas mais comuns de necessidade de ventilação mecânica e saber a eficácia do uso de corticoides nessa população é algo bem interessante. Teoricamente, os benefícios vistos em outras populações poderiam ser ofuscados pela hiperglicemia e fraqueza muscular associadas ao uso de corticoides, o que poderia levar a um aumento do tempo de ventilação mecânica. O principal objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto do uso de corticoides no tempo de ventilação mecânica de pacientes com DPOC exacerbada.

 

O estudo

Foram incluídos pacientes com mais de 18 anos de idade, com DPOC e necessidade de suporte ventilatório invasivo ou não invasivo por insuficiência respiratória. Foram excluídos pacientes com uso de corticoides no último mês ou por mais de 24 horas antes da randomização, com hipertensão arterial descontrolada, uso de vasopressores ou diabetes descompensado.

Os pacientes foram alocados para receber corticoide sistêmico (metilprednisolona 0,5 mg/kg a cada 6 horas durante 3 dias, 0,5 mg/kg a cada 12 horas do 4º ao 7º dia; 0,5 mg/kg/dia do 7º ao 10º dia) ou placebo. Os pacientes alocados ao grupo placebo podiam receber corticoide a partir do 3º dia se tivessem uma evolução desfavorável. A intubação orotraqueal (IOT) era recomendada em pacientes sob ventilação não invasiva (VNI) em casos de pH < 7,20; escala de coma de Glasgow < 8, PaO2 < 45 mmHg ou parada cardiorrespiratória.

Foram incluídos apenas 83 pacientes, após 354 pacientes serem rastreados, não atingindo a amostra planejada pelo excesso de pacientes excluídos. Os pacientes do grupo corticoide tiveram um menor tempo de ventilação mecânica (3 vs. 4 dias; p=0,04), mas não houve diferenças quanto ao tempo de internação na UTI (6 vs. 7 dias; p=0,09) ou mortalidade na UTI (10 vs. 12%; p=0,81). Os pacientes do grupo corticoide sob VNI tiveram uma taxa de falência menor (0 vs. 37%; p=0,004). A incidência de hiperglicemia foi maior no grupo corticoide (46 vs. 25%; p=0,04).

 

Aplicações para a prática clínica

Este estudo sugeriu o benefício do uso de corticoides sistêmicos em pacientes com DPOC com necessidade de ventilação mecânica, invasiva ou não, somando-se às consistentes evidências anteriores. O pequeno número de pacientes recrutados deveu-se ao fato de a maioria dos pacientes rastreados já ter sido tratada com corticoide, o que levanta um questionamento sobre a “pureza” da medicina baseada em evidências, que apenas aceita como “verdade” se um tratamento é testado em todo subgrupo possível, caso contrário é considerada apenas uma “hipótese”.

 

Glossário

Ventilação não invasiva: modalidade ventilatória em que o paciente é submetido à ventilação mecânica por meio de uma máscara, sem necessidade de IOT. É recomendada para evitar IOT em casos de DPOC exacerbada.

 

Bibliografia

1.   Alia I, de la Cal MA, Esteban A, Abella A, Ferrer R, Molina FJ et al. Efficacy of corticosteroid therapy in patients with an acute exacerbation of chronic obstructive pulmonary disease receiving ventilatory support. Arch Intern Med. 2011 Nov 28;171(21):1939-46. [Link para o resumo] Fator de Impacto: 10,639.

Comentários

Por: Alexandre Amaral em 28/04/2012 às 20:38:01

"Muito bem, mais um artigo q fala a respeito de esteróide em pacientes graves. A anos estamos tentando comprovar ou sepuntar essa prática. As evidências na realidade, mostram que jamais iremos chegar a uma conclusão. O julgamento clínico em uma situação complexa como sepsis, SARA, BCP e muitas outras, é q irá nos responder de feramos ou não essa conduta. Abraço, Alexandre Amaral"

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