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Analgesia controlada pelo paciente para dor abdominal no pronto-socorro

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 13/05/2013

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Resumo

Este estudo comparou a analgesia guiada pelo médico e a analgesia controlada pelo paciente (patient controlled analgesia – PCA), em contexto de dor abdominal aguda em pronto-socorro, para saber qual o melhor método.

 

Contexto clínico

Analgesia em pronto-socorro é um dos maiores desafios para qualquer emergencista. Dor é um dos sintomas mais prevalentes em pronto-socorro, seja ou não associada a uma etiologia grave, mas seu controle adequado é fundamental dentro do contexto de atendimento de urgências. O estudo apresentado teve enfoque em dor abdominal no pronto-socorro, porém utilizando uma abordagem diferente: o uso de bombas de infusão para patient controlled analgesia (PCA) ou analgesia controlada pelo paciente.

 

O estudo

Este foi um estudo randomizado feito entre abril de 2009 e junho de 2010, em um departamento de emergência de um hospital urbano. Contou com 3 braços de tratamento e incluiu 211 pacientes de PS com idades entre 18 e 65 anos, com dor abdominal por, no máximo, 7 dias de duração e que precisaram de analgesia com opioides endovenosos. Todos os pacientes receberam uma dose inicial de 0,1 mg/kg EV de morfina (bolus), seguida de diferentes modalidades de controle álgico. Um braço recebeu analgesia a critério do médico e, nos outros 2 braços do estudo, os pacientes ficaram com bomba de PCA com doses permitidas de 1 ou 1,5 mg e com intervalo mínimo de 6 minutos entre as doses.

Os desfechos analisados foram a intensidade da dor em uma escala analógica de 0 a 10 com 30 e 120 minutos, a satisfação com o tratamento fornecido, o desejo de receber um tratamento semelhante no futuro e a necessidade de analgesia extra. Eventos adversos também foram mensurados (saturação de oxigênio < 92%, FR < 10 ipm, PAS < 90 mmHg e necessidade de naloxona).

Uma pequena queda da média da dor ocorreu de forma semelhante nos 3 grupos após 30 minutos (P=0,82). Entre 30 e 120 minutos, a diminuição da dor foi mínima no grupo tratado a critério médico, enquanto nos grupos com PCA, a dor continuou a declinar mais intensamente (queda média de 1,5 e 1,6 pontos nos grupos de PCA vs. 0,4 pontos no grupo controle; P=0,004). A dose média de morfina usada em cada grupo foi de 9,6 mg (grupo “a critério médico”); 13,7 mg (PCA dose 1 mg) e 14,6 mg (PCA dose 1,5 mg). Um paciente no grupo de PCA 1,5 mg e 1 paciente no grupo de tratamento controle (“a critério medico”) tiveram eventos adversos (queda de saturação para 88% e queda transitória de PA sistólica para 87 mmHg, respectivamente). Entretanto, nenhum paciente precisou de abordagem da via aérea ou ressuscitação. A satisfação dos pacientes foi maior nos grupos com uso de PCA.

 

Aplicações para a prática clínica

Estudo pequeno, porém excelente do ponto de vista de abordagem em pronto-socorro. Sabemos que a analgesia em departamento de emergência é um dos pontos fracos em termos de qualidade assistencial em pronto-socorro. Este estudo mostra uma possibilidade de abordagem que, apesar de ter um custo (investimento nas bombas de PCA), traz um benefício nítido de satisfação do paciente e melhor adequação do controle álgico, algo fundamental se considerarmos a possibilidade de alta em casos de dor sem etiologia grave associada, ou simplesmente maior qualidade do serviço prestado.

Claro que o estudo abordou apenas dor abdominal aguda (até 7 dias de evolução), porém é possível pensar em extrapolar estes dados para outros contextos de dor no PS.

Novos estudos são necessários apenas para encorpar as evidências neste sentido, uma vez que o uso de PCA em departamentos de emergência exige um investimento inicial em equipamento. Por outro lado, poupa tanto do médico quanto da enfermagem a necessidade de reabordagens tão frequentes, e provavelmente, em curto prazo, justifica o gasto, além de poder ser algo excelente para o paciente.

 

Bibliografia

1.   Birnbaum A, Schechter C, Tufaro V, Touger R, Gallagher J, Bijur P. Efficacy of patient-controlled analgesia for patients with acute abdominal pain in the emergency department: a randomized trial. Acad Emerg Med 2012 Apr; 19:370. [link para o artigo] (Fator de Impacto: 2,197)

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