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Aumentando a ingesta de fibras para diminuir risco cardiovascular

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 17/03/2014

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Contexto Clínico

         Tem sido visto nos últimos anos nos EUA e nos países europeus um declínio nas doenças cardiovasculares (DCV), em especial na doença coronariana (DAC). Mesmo assim, essas doenças chegam a ser responsáveis por 48% das mortes na Europa e 32,8% das mortes nos EUA.

         Já na década de 1970, havia se proposto que há ligação entre a presença de fibra na dieta, através do consumo de alimentos integrais, e doença coronária, o que motivou estudos que buscaram descobrir se essa relação também existia com outras doenças como hipertensão, obesidade, diabetes e hipercolesterolemia. Esta relação tem plausibilidade biológica, uma vez que as fibras afetam a absorção no delgado, atenuando picos glicêmicos pós-prandiais e aumento de lípides, além de aumentar a saciedade ao diminuir o esvaziamento gástrico, contribuindo para menor ganho de peso, e por último, sua fermentação pelas bactérias do cólon produz ácidos graxos de cadeia curta que ajudam a reduzir o colesterol circulante.

         Tendo esses benefícios biológicos em mente, o objetivo do trabalho a ser apresentado foi revisar a literatura sobre os benefícios da ingesta de fibras no que concerne a doença cardiovascular.

 

O Estudo

         Este é um estudo de revisão sistemática e de meta-análise. Foram incluídos estudos prospectivos que reportaram associação entre ingesta de fibras e doença coronariana ou cardiovascular, com seguimento mínimo de três anos e publicados entre 1990 e 2013.

         Um total de 22 coortes foram elegíveis. A ingesta total de fibras na dieta foi inversamente proporcional ao risco de doença cardiovascular (razão de risco de 0,91 para cada 7g/dia; IC95% 0,88-0,94) e também ao risco de doença coronariana (razão de risco de 0,91 para cada 7g/dia; IC95% 0,87-0,94). Quando analisadas individualmente, a quantidade de ingesta de fibras insolúveis e fibras de cereais e vegetais é inversamente proporcional ao risco de doença coronariana e cardiovascular, e a quantidade de ingesta de fibras de frutas é inversamente proporcional ao risco de doença cardiovascular apenas.

 

Aplicações para a Prática Clínica

         Esta meta-análise demostra que há uma queda de 9% para cada 7g de ingesta diária de fibras quanto ao risco de doença cardiovascular e coronariana. Um benefício bastante importante, mas que pode apenas ter como viés a possibilidade de que pessoas com rotinas de vida mais saudáveis devem comer mais fibras, ou seja, outros fatores poderiam estar associados a esta redução de risco cardiovascular. Esta possibilidade é minimizada em estudos prospectivos e com base nesta meta-análise.

         Atualmente, recomenda-se que mulheres tenham ingesta diária de 25g de fibras e homens tenham 38g. Este montante não é algo absurdo frente aos benefícios encontrados nesta meta-análise.

        Apenas como exemplos de quantidade de fibras em alimentos muito consumidos, podemos citar o seguinte, para fins de recomendação alimentar:

 

1 laranja: 2,6g

1 banana: 2,5g

1 maçã média (com casca): 3,5g

1 copo de suco de laranja: 1,0g

1 copo de cenouras cozidas: 4,6g

1 batata com casca cozida: 2,3g

1 copo de abobrinha cozida: 4,2g

1 maço de brócolis: 5,0g

1 fatia de pão branco integral: 0,55g

1 copo de amendoim: 11,7g

 

Bibliografia

Threapleton DE et al. Dietary fibre intake and risk of cardiovascular disease: Systematic review and meta-analysis. BMJ 2013 Dec 20; 347:f6879 (link para o artigo).

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