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Riscos e Efetividade da Cirurgia Bariátrica

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 22/07/2014

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Especialidades: Cirurgia Geral/Gastrocirurgia/Endocrinologia

 

Contexto Clínico

         A prevalência de sobrepeso e obesidade está aumentando globalmente, principalmente nos países de renda mais alta. Especificamente nos EUA, há o maior índice de massa corpórea (IMC) para homens e mulheres, e mais de dois terços dos adultos norte-americanos com 20 anos ou mais têm sobrepeso ou obesidade. É sabido que sobrepeso e obesidade estão associados com risco aumentado de morbidade e mortalidade, e aproximadamente 112.000 mortes por ano estão associadas com a obesidade nos Estados Unidos.

        Os tratamentos da obesidade, exceto os cirúrgicos, são geralmente ineficazes a longo prazo. Além da perda de peso sustentada, o tratamento cirúrgico oferece benefícios adicionais para as pessoas com comorbidades relacionadas à obesidade e reduz o risco relativo de morte devido a perda de peso significativa. Consequentemente, a demanda por cirurgia bariátrica aumentou dramaticamente nos últimos anos.

        Entretanto, questões gerais a respeito da eficácia do tratamento cirúrgico da obesidade e da eficácia  do procedimento cirúrgico  permanecem sem resposta. Devido aos avanços da tecnologia de cirurgia bariátrica (por exemplo, novos procedimentos como a gastrectomia vertical foram desenvolvidos) e o acúmulo de experiência dos cirurgiões, as informações fornecidas em estudos anteriores estão desatualizadas. Portanto, é necessário reavaliar os tratamentos cirúrgicos com atualização dos dados. Para tanto, foi realizada a revisão sistemática com metanálise que apresentaremos a seguir, a respeito da efetividade e riscos da cirurgia bariátrica.

 

O Estudo

        Este é um estudo do tipo revisão sistemática com metanálise, que com base em seus critérios de seleção identificou 259 estudos para serem incluídos na análise. Os desfechos de interesse avaliados foram mortalidade, complicações, necessidade de novo procedimento cirúrgico, perda de peso e remissão de doenças associadas à obesidade.

        Dentre os estudos pré-selecionados, sobraram 37 estudos randomizados e 127 estudos observacionais para compor a análise. Um total de 161.756  pacientes com idade média de 44,56 anos e IMC médio de 45,62 fizeram parte da amostra. Em estudos randomizados, a mortalidade em 30 dias foi 0,08% (IC95%: 0,01-0,24%); a taxa de mortalidade após 30 dias foi de 0,31% (IC95%: 0,01-0,75%). A perda de IMC em cinco anos após a cirurgia foi de 12 a 17 pontos. A taxa de complicações foi de 17% e a taxa de nova cirurgia foi de 7%. O by-pass gástrico foi a cirurgia mais efetiva, porém mais associada com complicações. A banda gástrica ajustável teve menor mortalidade e taxas de complicação, porém a taxa de novas cirurgias foi mais alta, e a perda de peso menos substancial que o by-pass gástrico. A gastrectomia vertical pareceu ser mais efetiva em perda de peso que a banda gástrica e comparável à cirurgia de by-pass.

 

Aplicações Práticas

         Obesidade parece ser uma doença epidêmica mundialmente, principalmente em países ricos, mas mesmo no Brasil os números só crescem. Entender os reais benefícios e riscos da cirurgia bariátrica, que parece ser a única alternativa atual de tratamento viável, é fundamental. Esta importante metanálise no campo do tratamento cirúrgico para a obesidade é extremamente importante e atual.

         Podemos observar que a cirurgia bariátrica de fato oferece efeitos sustentados por cinco anos em termos de perda de peso e de melhora de doenças associadas na maioria dos pacientes submetidos. Os riscos de complicações, novos procedimentos e morte são aceitáveis, a despeito de serem coisas a serem discutidas individualmente caso a caso para que haja consentimento informado. Ainda assim, a taxa de mortes vista nesta recente metanálise é menor que a reportada anteriormente, o que deve demonstrar que houve evolução técnica neste campo. Escolher a melhor opção terapêutica ainda é algo a ser discutido, uma vez que cada procedimento oferece mais benefícios ou menores riscos quando em comparação um com o outro. Por hora fica claro que a cirurgia é boa opção terapêutica no campo da obesidade mórbida.

 

Bibliografia

Chang SH et al. The Effectiveness and Risks of Bariatric Surgery. An Updated Systematic Review and Meta-analysis, 2003-2012. JAMA Surg. 2014;149(3):275-287. doi:10.1001/jamasurg.2013.3654 (Link para o artigo).

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