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Segurança de betabloqueadores cardiosseletivos em asmáticos

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 14/10/2014

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Especialidades: Cardiologia/Pneumologia /Segurança do Paciente

 

Contexto Clínico

        O uso de betabloqueadores em pacientes asmáticos sempre é algo problemático, e geralmente estas medicações são contraindicadas nestes pacientes. O grande risco é causar ou piorar crises de broncoespasmo. O risco é maior em exposição aguda ao betabloqueador, principalmente pelo efeito antagônico com beta2-agonistas inalatórios que precisam ser utilizados para tratar crises de broncoespasmo. Apresentamos a seguir uma metanálise que buscou demonstrar evidências sobre esta questão, uma vez que deve haver uma resposta sobre o uso de betabloqueadores em pacientes cardiopatas que tenham indicação de usar betabloqueadores.

 

O Estudo

        Este é um estudo de revisão sistemática com metanálise a respeito da segurança da exposição aguda a betabloqueadores cardiosseletivos em pacientes asmáticos. Foram selecionados estudos randomizados, cegados, placebo-controlados.

        O uso agudo de betabloqueadores seletivos em doses dadas habitualmente causam uma queda média de VEF1 de 6,9% (IC95%: -8,5% a -5,2%), uma queda de VEF1 = 20% em 1 a cada 8 pacientes (P=0,03), sintomas em 1 a cada 33 pacientes (P=0,18) e atenuação da resposta ao uso de beta2-agonistas de -10,2% (IC95%: -14,0 a -6,4%). Já para uso agudo de betabloqueadores não seletivos em doses correspondentes, estes causam uma queda média de VEF1 de 10,2% (IC95%: -14,7% a -5,6%), uma queda de VEF1 = 20% em 1 a cada 9 pacientes (P=0,03), sintomas em 1 a cada 13 pacientes (P=0,18) e atenuação da resposta ao uso de beta2-agonistas de -20,0% (IC95%: -29,4 a -10,7%).

 

Aplicações Práticas

        Esta metanálise traz uma importante avaliação sobre o uso de betabloqueadores seletivos em pacientes asmáticos. O uso de betabloqueadores cardiosseletivos é bem tolerado na fase aguda, a despeito de não serem isentos de risco. O risco da exposição aguda em asmáticos pode ser minimizada usando a menor dose possível e escolhendo drogas com maior seletividade beta1. Isso porque o broncoespasmo induzido por betabloqueador respondem parcialmente a beta2-agonistas inalatórios, sendo que essa resposta aos broncodilatadores é melhor com os betabloqueadores cardiosseletivos.

Esta metanálise dá respaldo para se usar betabloqueadores cardiosseletivos em pacientes com asma estável e que têm indicação de uso agudo destas drogas. Nota-se que os betabloqueadores não seletivos devem ser evitados, uma vez que seu efeito é mais deletério para o paciente, uma vez que mesmo as drogas seletivas diminuem o VEF1 e interferem na resposta ao broncodilatador inalatório. Obviamente, em pacientes com crise de asma, ou seja, instáveis em relação a doença de base, continuam tendo contraindicação à introdução aguda de betabloqueadores.

        Interessante que esta metanálise soma informações a uma metanálise precedente realizada pela Cochrane em 2002. Nesta outra metanálise, a conclusão da análise que foi voltada para avaliar o efeito de betabloqueadores cardiosseletivos, em pacientes asmáticos e com DPOC, é que o uso destas drogas em asma ou DPOC de leve a moderado não produzem efeitos respiratórios adversos. Dado o seu benefício demonstrado em condições como insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas e hipertensão, esses agentes não devem ser evitados em tais pacientes. A segurança a longo prazo ainda precisa ser estabelecida.

 

Bibliografia

Morales DR et al. Adverse respiratory effect of acute ß-blocker exposure in asthma: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Chest 2014 Apr; 145:779. (link para o artigo).

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