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Resultado de Antibióticos ao invés de Cirurgia em Apendicite

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 27/11/2015

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Contexto Clínico

Uma quantidade crescente de evidências suporta o uso de antibióticos em vez da cirurgia para o tratamento de pacientes com apendicite aguda não complicada. Para comparar antibioticoterapia com apendicectomia no tratamento da apendicite aguda não complicada, confirmada por tomografia computadorizada, foi feito o estudo que apresentaremos a seguir.

 

O Estudo

O estudo realizado foi multicêntrico, aberto, randomizado e foi realizado de novembro de 2009 até junho de 2012 na Finlândia. Foram incluídos 530 pacientes com idade entre 18 a 60 anos com apendicite aguda não complicada confirmada por uma tomografia computadorizada. Os pacientes foram aleatoriamente designados para apendicectomia precoce ou tratamento antibiótico com um período de acompanhamento de um ano.

Os doentes aleatorizados para a terapia antibiótica receberam ertapenem intravenosa (1 g / d) durante três dias, seguido por sete dias de levofloxacina oral (500 mg uma vez por dia) e o metronidazol (500 mg três vezes por dia). Os pacientes randomizados para o grupo de tratamento cirúrgico fizeram apendicectomia aberta padrão.

O desfecho primário para a intervenção cirúrgica foi a conclusão bem sucedida de uma apendicectomia. O ponto final primário nos doentes tratados com antibióticos foi a alta do hospital, sem a necessidade de cirurgia e nenhuma apendicite recorrente durante um período de seguimento de um ano.

Havia 273 pacientes no grupo cirúrgico e 257 no grupo de antibiótico. Dos 273 pacientes do grupo cirúrgico, todos foram submetidos a uma apendicectomia sucesso, resultando numa taxa de sucesso de 99,6%. No grupo de antibióticos, 70 pacientes (27,3%) foram submetidos à apendicectomia dentro de um ano de apresentação inicial de apendicite. Dos 256 pacientes disponíveis para seguimento no grupo de antibióticos, 186 (72,7%) não precisaram de cirurgia. A análise por intenção de tratamento mostrou uma diferença na eficácia do tratamento entre grupos de -27,0% (IC 95%, -31,6% até 8) (P = 0,89). Dada à margem de não inferioridade pré-especificada de 24%, não fomos capazes de demonstrar a não inferioridade do tratamento antibiótico em relação à cirurgia. Dos 70 pacientes randomizados para o tratamento com antibióticos, que posteriormente foram submetidos à apendicectomia, 58 (82,9%) tiveram apendicite sem complicações, sete (10,0%) tiveram apendicite complicada e cinco (7,1%) não tinham apendicite, mas realizaram apendicectomia por suspeita de recorrência. Não houve abscessos intra-abdominais ou outras complicações principais associadas com apendicectomia retardada em doentes randomizados para o tratamento com antibióticos.

 

Aplicações Práticas

Segundo esse estudo, entre os pacientes com apendicite comprovada por tomografia, na apendicite não complicada o tratamento antibiótico não cumpriu o critério pré-especificado para não inferioridade em comparação com a apendicectomia. A maioria dos pacientes randomizados para o tratamento com antibióticos para a apendicite não complicada não necessitou  de apendicectomia durante o período de acompanhamento de um ano, e aqueles que necessitaram de apendicectomia não experimentaram complicações significativas. O que podemos tomar de prático é que em pacientes com apendicite aguda não complicada com tomografia realizada, e que tenham receio de fazer cirurgia, pode ser oferecido tratamento com antibiótico, porém explicando os riscos de recorrência e alta chance de precisar de cirurgia em um ano.

 

Bibliografia

Salminen P et al. Antibiotic therapy vs appendectomy for treatment of uncomplicated acute appendicitis: The APPAC randomized clinical trial. JAMA 2015 Jun 16; 313:2340.

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