Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
Última revisão: 10/02/2016
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Faltam dados de literatura que demonstrem a evolução em longo prazo das crianças que são expostas ao câncer materno com ou sem tratamento durante a gravidez.
Este estudo de caso-controle multicêntrico comparou crianças cujas mães receberam um diagnóstico de câncer durante a gravidez com crianças de mulheres sem diagnóstico de câncer. Foi utilizado um questionário de saúde e arquivos médicos para coletar dados a respeito de dados neonatais e saúde em geral. Todas as crianças foram avaliadas prospectivamente (por meio de um exame neurológico e das Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil) em 18 meses, 36 meses, ou ambos. A avaliação cardíaca foi realizada em 36 meses.
Um total de 129 crianças (idade média, de 22 meses, variando de 12 a 42) foi incluído no grupo de mães com câncer (grupo pré-natal-exposição), com um número correspondente no grupo de controle. Durante a gravidez, 96 crianças (74,4%) foram expostas à quimioterapia (por si só ou em combinação com outros tratamentos), 11 (8,5%) expostas à radioterapia (isoladamente ou em combinação), 13 (10,1%) à cirurgia por si só, 2 (1,6% ) a outros tratamentos com fármacos e 14 (10,9%) cuja mãe não fez tratamento. O peso ao nascer foi abaixo do percentil 10 em 28 de 127 crianças (22,0%) no grupo pré-natal-exposição e em 19 das 125 crianças (15,2%) no grupo controle (p = 0,16). Não houve diferença significativa entre os grupos no desenvolvimento cognitivo na base do resultado Bayley (P = 0,08) ou em análises de subgrupo. A idade gestacional ao nascimento foi correlacionada com o resultado cognitivo nos dois grupos de estudo. A avaliação cardiológica entre 47 crianças aos 36 meses de idade demonstrou achados cardíacos normais.
Este estudo é muito interessante para auxiliar na orientação de mulheres grávidas e que estão com câncer e têm medo quanto ao bebê. A exposição pré-natal ao câncer materno com ou sem tratamento não prejudicou do ponto de vista cardíaco, ou de desenvolvimento geral cognitivo, as crianças na primeira infância. A prematuridade foi correlacionada com um resultado cognitivo pior, mas esse efeito foi independente do tratamento do câncer.
Amant F. Pediatric Outcome after Maternal Cancer Diagnosed during Pregnancy. N Engl J Med 2015; 373:1824-1834
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