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Terapia Elétrica ou Escitalopram para Depressão

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 18/10/2017

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Contexto Clínico

 

O tratamento para depressão, muitas vezes, pode ser desafiador. Nem sempre as medicações são suficientes, ou podem acarretar efeitos adversos ruins, sendo necessário pensar em alternativas terapêuticas. Neste estudo, os autores compararam uma alternativa que é a estimulação transcraniana de corrente direta (ETCD) contra um inibidor seletivo da recaptação da serotonina para o tratamento da depressão.

 

O Estudo

 

Foi realizado um ensaio de não inferioridade em um único centro, duplo-cego, envolvendo adultos com depressão unipolar, que foram randomizados para receber o ETCD mais o placebo oral, ou ETCD falso mais o escitalopram ou o ETCD mais placebo oral. O ETCD foi administrado em sessões de estimulação pré-frontal de 30 minutos e 2mA por 15 dias úteis consecutivos, seguidos de 7 tratamentos semanais. O escitalopram foi administrado em uma dose de 10mg/dia durante 3 semanas e 20mg/dia depois disso. A medida de resultado primária foi a alteração no escore de avaliação de depressão de Hamilton de 17 itens (HDRS-17) - intervalo de 0 a 52, com pontuações mais altas indicando mais depressão.

Um total de 245 pacientes foi submetido à randomização, sendo 91 atribuídos a escitalopram, 94 a ETCD e 60 a placebo. Na análise de intenção de tratar, a diminuição média (± DP) no escore a partir da linha de base foi de 11,3 ± 6,5 pontos no grupo escitalopram, 9,0 ± 7,1 pontos no grupo ETCD e 5,8 ± 7,9 pontos no grupo placebo. O limite inferior do intervalo de confiança (IC) para a diferença na diminuição para ETCD versus escitalopram (diferença, -2,3 pontos; IC 95%, -4,3 a -0,4; P = 0,69) foi inferior à margem de não inferioridade - 2,75 (50% do placebo menos escitalopram), de modo que a não inferioridade não pode ser evidenciada.

O escitalopram e o ETCD foram superiores ao placebo (diferença versus placebo, 5,5 pontos; [IC 95%, 3,1 a 7,8; P <0,001] e 3,2 pontos [IC 95%, 0,7 a 5,5; P = 0,01], respectivamente). Os pacientes que receberam ETCD apresentaram taxas mais altas de vermelhidão da pele, zumbido e nervosismo do que os dos outros dois grupos, e mania de novo aparecimento foi desenvolvida em 2 indivíduos no grupo ETCD. Os pacientes que receberam escitalopram apresentaram sonolência e obstipação mais frequentes do que os dos outros dois grupos.

 

Aplicação Prática

 

Este estudo foi desenvolvido no Brasil e publicado no The New England Journal of Medicine (NEJM); sendo assim, os autores devem ser congratulados. De acordo com o estudo realizado em um centro único, o ETCD para o tratamento da depressão não mostrou não inferioridade ao escitalopram ao longo de um período de 10 semanas e foi associado a mais eventos adversos. Portanto, ainda não se pode considerar essa uma alternativa viável de tratamento.

 

 

 

Bibliografia

 

Brunoni AR et al. Trial of Electrical Direct-Current Therapy versus Escitalopram for Depression. N Engl J Med 2017; 376:2523-2533.

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