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Tocilizumabe para Arterite de Células Gigantes

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 21/12/2017

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Contexto Clínico

 

A arterite de células gigantes geralmente passa por recaída clínica quando os glicocorticoides passam por desmame, e o uso prolongado de glicocorticoides está associado a efeitos colaterais, o que sempre leva a essa tentativa de retirá-los do uso do paciente. Se houvesse uma forma de criar uma ponte no desmame sem gerar necessidade de se voltar o corticoide às doses plenas, isso seria muito benéfico para os pacientes. O efeito do tocilizumabe (inibidor do receptor a da interleucina-6) nas taxas de recaída durante o desmame de glicocorticoide foi estudado em pacientes com arterite de células gigantes e será apresentado a seguir.

 

O Estudo

 

Foi realizado um ensaio clínico de 1 ano, no qual foram distribuídos aleatoriamente 251 pacientes, em proporção 2:1:1:1, para receber tocilizumabe subcutâneo (a uma dose de 162mg) semanalmente ou a cada 2 semanas, combinado com um desmame de prednisona de 26 semanas, ou placebo combinado com um desmame de prednisona durante um período de 26 semanas ou 52 semanas.

O resultado primário foi a taxa de remissão sem suporte de glicocorticoide sustentada na semana 52 em cada grupo de tocilizumabe em comparação com a taxa no grupo de placebo, que sofreu a redução da prednisona de 26 semanas. O resultado secundário-chave foi a taxa de remissão em cada grupo de tocilizumabe em comparação com o grupo placebo, que sofreu a redução de prednisona de 52 semanas. A dosagem de prednisona e a segurança também foram avaliadas.

A remissão prolongada na semana 52 ocorreu em 56% dos pacientes tratados com tocilizumabe semanalmente e em 53% dos tratados com tocilizumabe a cada 2 semanas, em comparação com 14% do grupo placebo, que passou pelo desmame de prednisona em 26 semanas e 18% daqueles no grupo placebo, que sofreram o desmame de prednisona em 52 semanas (P <0,001 para as comparações dos tratamentos ativos com placebo).

A dose cumulativa de prednisona mediana durante o período de 52 semanas foi de 1.862mg em cada grupo de tocilizumabe, em comparação com 3.296mg no grupo placebo, que sofreu o desmame em 26 semanas (P <0,001 para ambas as comparações) e 3.818mg no grupo placebo, que passou pelo desmame de 52 semanas (P <0,001 para ambas as comparações).

Eventos adversos graves ocorreram em 15% dos pacientes do grupo que receberam tocilizumabe semanalmente, em 14% das pessoas que receberam tocilizumabe a cada 2 semanas, em 22% das pessoas no grupo placebo, que fizeram o desmame de 26 semanas, e em 25% no grupo placebo, que fez o desmame de 52 semanas. A neuropatia óptica isquêmica anterior desenvolveu-se em um paciente no grupo que recebeu tocilizumabe a cada 2 semanas.

 

Aplicação Prática

 

Neste estudo, o tocilizumabe recebido semanalmente ou quinzenalmente combinado com um desmame de prednisona em 26 semanas foi superior aos esquemas de desmame de prednisona em 26 semanas ou em 52 semanas com uso de placebo, pelo menos em relação à remissão isenta de glicocorticoides sustentada em pacientes com arterite de células gigantes. Um maior acompanhamento é necessário para determinar a durabilidade da remissão e a segurança do tocilizumabe. Entretanto, parece ser uma opção promissora, salvo que deve ser feita uma discussão sobre custo-efetividade, dado que se trata de medicamento novo e com alto custo.

 

Bibliografia

 

Stone JH et al. Trial of Tocilizumab in Giant-Cell Arteritis. N Engl J Med 2017; 377:317-328.

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