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Tiotrópio para DPOC em Estágios Iniciais

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 17/01/2018

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Contexto Clínico

 

Pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) leve ou moderada raramente recebem medicamentos, pois apresentam poucos sintomas. Os autores do estudo aqui apresentado hipotetizaram que o uso prolongado de tiotrópio melhoraria a função pulmonar e melhoria o declínio da função pulmonar em pacientes com DPOC leve ou moderada.

 

O Estudo

 

Foi realizado um estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, que foi conduzido na China, no qual foram atribuídos aleatoriamente 841 pacientes com DPOC com GOLD estágio 1 (leve) ou 2 (moderada) para receber uma dose inalada de uma vez por dia (18µg) de tiotrópio (419 pacientes) ou placebo (422 pacientes) por 2 anos.

O ponto final primário foi a diferença intergrupo na mudança da linha de base em 24 meses no volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF 1) antes do uso do broncodilatador. Os pontos finais secundários incluíram a diferença entre grupos na alteração da linha de base em 24 meses no VEF 1 após o uso do broncodilatador e a diferença entre grupos no declínio anual do VEF 1 antes e depois do uso de broncodilatadores do dia 30 ao mês 24.

Dos 841 pacientes submetidos à randomização, 388 pacientes no grupo tiotrópio e 383 no grupo placebo foram incluídos no conjunto completo de análises. O VEF 1 nos pacientes que receberam tiotrópio foi maior do que naqueles que receberam placebo ao longo do ensaio (intervalos de diferenças médias, 127 a 169mL antes do uso de broncodilatadores e 71 a 133mL após o uso de broncodilatadores; P <0,001 para todas as comparações).

Não houve melhora significativa do declínio anual médio (± SE) no VEF 1 antes do uso de broncodilatadores: o declínio foi de 38 ± 6mL/ano no grupo tiotrópio e 53 ± 6mL/ano no grupo placebo (diferença, 15mL/ano; IC 95%, -1 a 31; P = 0,06). Em contrapartida, o declínio anual do VEF1 após o uso de broncodilatadores foi significativamente menor no grupo tiotrópio do que no grupo placebo (29 ± 5mL/ano versus 51 ± 6mL/ano, diferença, 22mL/ano [IC 95%, 6 a 37]; P = 0,006). A incidência de eventos adversos foi similar nos dois grupos.

 

Aplicação Prática

 

Este é um interessante ensaio clínico com um grupo de pacientes DPOC, para os quais, em geral, há poucas alternativas. O interessante é notar que o desfecho primário estudado não foi atingido de forma significativa neste estudo patrocinado pela indústria (que seria o declínio no VEF 1 antes do uso do broncodilatador em 24 meses, cujo IC 95% foi de -1 a 31). Houve melhora em um desfecho secundário, que foi o VEF 1 após o uso de broncodilatador em 24 meses com diferença de 22mL entre os grupos. Apesar de não haver diferenças em efeitos adversos, a evidência não chega a ser contundente a ponto de mudar a prática. Talvez reste a hipótese de fazer o mesmo estudo em outras populações (o estudo é chinês) para avaliar seus resultados.

 

 

 

Bibliografia

 

Zhou Y et al. Tiotropium in Early-Stage Chronic Obstructive Pulmonary Disease. N Engl J Med 2017; 377:923-935.

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