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Benefícios e Malefícios da Terapia Manipulativa Espinhal para o Tratamento da Dor Lombar Crônica

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 20/12/2019

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Contexto Clínico

 

A lombalgia é umdistúrbio comum e incapacitante. O tratamento adequado da lombalgia é,portanto, importante para pacientes, médicos e formuladores de políticas desaúde. A terapia manipulativa espinal (SMT) é amplamente utilizada para tratara dor lombar e foi examinada em numerosos ensaios clínicos randomizados dequalidade e tamanho metodológico variados, com resultados variados. Nestarevisão, consideramos SMT como qualquer tratamento manual da coluna vertebral,incluindo mobilização e manipulação.

As mobilizações usamvelocidade de baixo grau, técnicas de movimentação passiva de pequena ou grandeamplitude de movimento, dentro do controle e amplitude de movimento do própriopaciente, enquanto a manipulação usa um impulso de alta velocidade ou impulsoaplicado a uma articulação sinovial em uma amplitude pequena no final oupróximo do final da movimentação passiva. O principal objetivo desta revisãofoi examinar a eficácia da SMT no alívio da dor e melhora da função no curto,médio e longo prazo de acompanhamento em comparação com tratamentos de controlepara adultos com dor lombar crônica.

 

O Estudo

 

Nesta revisão sistemática,foram selecionados ensaios clínicos randomizados que examinaram o efeito damanipulação ou mobilização da coluna vertebral em adultos (=18 anos) com dorlombar crônica com ou sem dor referida. Estudos que examinavam exclusivamente aciática foram excluídos. Nenhuma restrição foi aplicada ao idioma ouconfiguração.

Dois revisoresselecionaram independentemente os estudos, extraíram os dados e avaliaram orisco de viés e a qualidade das evidências. O efeito do SMT foi comparado comterapias recomendadas, terapias não recomendadas, placebo (SMT) e SMT comoterapia adjuvante. Os principais desfechos foram dor e estado funcionalespecífico, examinados como diferenças de média e diferenças de médiapadronizadas (SMD), respectivamente. Os resultados foram examinados em 1, 6 e12 meses. A qualidade da evidência foi avaliada usando o GRADE.

Foram selecionados 47ensaios clínicos randomizados, incluindo um total de 9.211 participantes, queestavam em média de meia-idade (35?60 anos). A maioria dos estudos comparou o SMTcom as terapias recomendadas. Evidências de qualidade moderada sugeriram que aSMT tem efeitos semelhantes a outras terapias recomendadas para alívio da dor acurto prazo (diferença média, -3,17; intervalo de confiança [IC] de 95%, -7,85a 1,51) e uma melhoria pequena clinicamente melhor na função (SMD, -0,25; IC 95%,-0,41 a -0,09).

Evidências de altaqualidade sugerem que, em comparação com terapias não recomendadas, a SMTresulta em efeitos pequenos, não clinicamente melhores, para alívio da dor acurto prazo (diferença média, - 7,48; -11,50 a -3,47) e melhora clínica pequenaa moderada na função (SMD, -0,41; -0,67 a -0,15). Em geral, esses resultadosforam semelhantes para os resultados intermediários e de longo prazo, assimcomo os efeitos do SMT como terapia adjuvante.

A heterogeneidadeestatística não pôde ser explicada. Cerca de metade dos estudos examinoueventos adversos, mas na maioria deles não ficou claro como e se esses eventosforam registrados sistematicamente. A maioria dos eventos adversos observadosfoi relacionada aos músculos, de natureza transitória e de gravidade leve amoderada. Um estudo com baixo risco de viés de seleção e com poder de examinaro risco (n = 183) não encontrou risco aumentado de evento adverso (riscorelativo 1,24; IC 95%, 0,85 a 1,81) ou duração do evento (1,13, 0,59 a 2,18) emcomparação com sham SMT. Em umestudo, o Conselho de Monitoramento de Segurança de Dados julgou que um eventoadverso grave estava possivelmente relacionado ao SMT.

 

Aplicação Prática

 

Esta revisão sistemáticamostra que a SMT tem efeitos semelhantes às terapias recomendadas para dorlombar crônica, embora pareça ser melhor para melhora de curto prazo na função.Os dados para as outras comparações (placebo SMT e SMT como terapia adjuvante)podem ser considerados menos robustos e, portanto, pouco claros. A informação élimitada sobre a incidência de eventos adversos e eventos adversos graves comSMT para a população estudada. Ainda é necessário demonstrar acusto-efetividade dessa modalidade terapêutica. Por ora, pode-se afirmar que hácustos menores com terapias menos invasivas e que a SMT é razoável nessesentido.

 

Bibliografia

 

1.            Rubistein SM et al.Benefits and harms of spinal manipulative therapy for the treatment of chroniclow back pain: systematic review and meta-analysis of randomised controlledtrials. BMJ2019;364:l689

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