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Profilaxia com Hidroxicloroquina Pós-exposição para COVID-19

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 16/11/2020

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Contexto Clínico

 

A doença causada pelo coronavírus 2019(Covid-19) ocorre após a exposição ao coronavírus 2 da síndrome respiratóriaaguda grave (SARS-CoV-2). Para as pessoas expostas, o padrão de atendimento éobservação e quarentena. Não se sabe se a hidroxicloroquina pode prevenir ainfecção sintomática após a exposição à SARS-CoV-2.

 

O Estudo

 

Este é um estudorandomizado, duplo-cego e controlado por placebo, feito nos EUA e no Canadá,testando a hidroxicloroquina como profilaxia pós-exposição. Foram inscritosadultos que tiveram exposição domiciliar ou ocupacional a alguém com Covid-19confirmado a uma distância inferior a2m por mais de 10 minutos, sem usarmáscara facial nem protetor ocular (exposição de alto risco) ou com máscara,mas sem proteção ocular (exposição de risco moderado). Dentro de 4 dias após aexposição, foram designados aleatoriamente os participantes para receberplacebo ou hidroxicloroquina (800mg, uma vez, seguidos por 600mg, em 6 a 8horas, depois 600mg, diariamente, por mais 4 dias). O desfecho primário foi aincidência de Covid-19 confirmada em laboratório ou doença compatível com a Covid-19em 14 dias.

Foraminscritos 821 participantes assintomáticos. No geral, 87,6% dos participantes(719 de 821) relataram uma exposição de alto risco a um contato confirmado com aCovid-19. A incidência de novas doenças compatíveis com a Covid-19 não diferiusignificativamente entre os participantes que receberam hidroxicloroquina (49de 414 [11,8%]) e os que receberam placebo (58 de 407 [14,3%]); a diferençaabsoluta foi de -2,4 pontos percentuais (intervalo de confiança de 95%, -7,0 a2,2; P = 0,35). Os efeitos colaterais foram mais comuns com a hidroxicloroquinado que com o placebo (40,1% versus 16,8%), mas nenhuma reação adversagrave foi relatada.

 

Aplicação Prática

 

Há pontosmuito importantes que devem ser debatidos com este estudo. Primeiramente, omais importante é que os resultados apresentados remetem à hipótese nula, istoé, de que não há evidência de eficácia da hidroxicloroquina na prevenção deevolução de Covid-19 para pessoas expostas. Obviamente, há algumas limitações aserem expostas. A primeira delas é que os participantes foram randomizados apartir do 4º dia de exposição, o que pode ser considerado tratamento precoce, enão profilaxia. Como não houve confirmação por PCR de forma sistematizada, édifícil precisar quem de fato teria ?adquirido? o vírus. Por fim, não há muitaprecisão sobre a aderência à tomada da intervenção ou placebo.

Mesmo comessas limitações, a probabilidade pré-teste de algum efeito dahidroxicloroquina na profilaxia ainda é muito baixa (há estudo em modelo animal,publicado em julho na revista Nature, que mostra não haver benefício naprofilaxia) e novos ensaios clínicos sobre este tema tendem à futilidade.

 

Bibliografia

 

1.            Boulware DR, Pullen MF, Bangdiwala AS, et al.A randomized trial of hydroxychloroquine as postexposure prophylaxis forCovid-19. N Engl J Med. DOI: 10.1056/NEJMoa2016638.

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