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Ácido Tranexâmico na Prevenção de Sangramento pós Cesária

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 09/07/2021

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Contexto Clínico

 

Temos visto que o ácido tranexâmico vemsurgindo em ensaios randomizados para responder questões práticas vivenciadasem situações graves da prática clínica. Uma dessas situações é o sangramentopós-parto cesárea. Há evidências ainda pouco conclusivas a respeito daadministração profilática de ácido tranexâmico e de seu impacto na redução daperda sanguínea pós-parto cesárea.

 

O Estudo

 

Apresentamosum ensaio clínico randomizado com duplo cegamento,multicêntrico, no qual mulheres submetidas a parto cesáreo antes ou durante otrabalho de parto com 34 ou mais semanas de gestação foram randomizadas parareceber um agente uterotônico profilático administrado por via intravenosa e ácidotranexâmico (1 g) ou placebo. O desfecho primário foi hemorragia pós-parto,definida como perda de sangue com cálculo estimado maior que 1.000 ml ourecebimento de transfusão de hemácias dois dias após o parto. Os desfechossecundários incluíram perda de sangue estimada gravimetricamente, hemorragiapós-parto clinicamente significativa avaliada pelo profissional responsável docaso, uso de agentes uterotônicos adicionais e transfusão de sangue pós-parto.

Das 4.551 mulheres que foram submetidasà randomização, 4.431 foram submetidas a parto cesáreo, 4.153 (93,7%) das quaistinham dados de desfecho primário disponíveis. O desfecho primário ocorreu em556 de 2.086 mulheres (26,7%) no grupo de ácido tranexâmico e em 653 de 2.067(31,6%) no grupo de placebo (razão de risco ajustada, 0,84; IC 95%, 0,75 a0,94; P = 0,003). Não houve diferenças significativas entre os grupos na perdamédia estimada de sangue gravimetricamente ou na porcentagem de mulheres comhemorragia pós-parto clinicamente significativa avaliada pelo provedor, uso deagentes uterotônicos adicionais ou transfusão de sangue pós-parto. Eventostromboembólicos nos três meses após o parto ocorreram em 0,4% das mulheres (8de 2.049) que receberam ácido tranexâmico e em 0,1% das mulheres (2 de 2.056)que receberam placebo (razão de risco ajustada, 4,01; IC 95%, 0,85 a 18,92; P =0,08).

 

Aplicação Prática

 

Entre as mulheres que realizaram partocesáreo e receberam agentes uterotônicos profiláticos, o tratamento com ácidotranexâmico resultou em incidência significativamente menor de perda de sangue comcálculo estimado maior que 1.000 ml ou transfusão de hemácias no dia 2 do que oplacebo.

Para redução de hemorragia pós-parto, oácido tranexâmico ofereceu redução de risco absoluto de 4,9%, com o NNT ficandoem 20, o que é um bom resultado. Entretanto, estamos falando de um desfechosubstituto, pois não analisamos morbidade ou mortalidade dessas mulheres, masnão resultou em incidência menor de desfechos clínicos secundários relacionadosà hemorragia, e isso é uma limitação deste estudo que temos que levar em conta.Ou seja, a intervenção é potencialmente promissora, mas ainda precisamos denovos dados para confirmar o papel do ácido tranexâmico para as hemorragias pós-partocesárea.

 

 

Bibliografia

 

1.            Sentilhes L et al. Tranexamic Acid for thePrevention of Blood Loss after Cesarean Delivery. N Engl J Med 2021;384:1623-1634

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