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tracoma

Última revisão: 01/03/2011

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Reproduzido de:

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de Vigilância Epidemiológica

8ª edição revista

BRASÍLIA / DF – 2010

 

Tracoma

 

CID 10: A71

 

ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS

Descrição

É uma ceratoconjuntivite crônica recidivante, afecção inflamatória ocular de começo insidioso ou súbito, que pode persistir durante anos se não tratada. Em áreas hiperendêmicas, em decorrência de infecções repetidas, produz cicatrizes na conjuntiva palpebral superior. No inicio, o paciente pode apresentar fotofobia, blefaropasmo, lacrimejamento e sensação de “areia nos olhos”, com ou sem secreção. Evolui para hipertrofia papilar como consequência da presença de folículos e inflamação difusa da mucosa, principalmente da conjuntiva tarsal, que cobre a pálpebra superior. Essa inflamação crônica resulta em cicatrizes que evoluem para deformidades palpebrais e dos cílios (entrópio e triquíase) que, por sua vez, determinam a abrasão crônica da córnea com diminuição progressiva da visão. Caso não sejam tratadas, evoluem ate a cegueira. As infecções bacterianas secundárias são frequentes e as secreções que se formam contribuem para aumentar a transmissibilidade da doença.

 

Sinonímia

Conjuntivite granulomatosa.

 

Agente Etiológico

Chlamydia trachomatis, uma bactéria gram-negativa, dos sorotipos A, B, Ba e C.

 

Reservatório

O homem, com infecção ativa na conjuntiva ou outras mucosas.

 

Modo de Transmissão

Contato direto, pessoa a pessoa, ou contato indireto, por meio de objetos contaminados (toalhas, lenços, fronhas). As moscas podem contribuir para a disseminação da doença, por transporte mecânico.

 

Período de Incubação

De 5 a 12 dias.

 

Período de Transmissibilidade

Enquanto existirem lesões ativas nas conjuntivas, que podem durar anos.

 

Complicações

Entrópio (inversão da borda da pálpebra na direção da córnea) e triquíase (cílios em posição defeituosa nas margens das pálpebras, tocando o globo ocular), ulcerações de córnea, astigmatismo irregular, ptose palpebral, xerose e cegueira.

 

Diagnóstico

Essencialmente clinico-epidemiológico. O exame ocular deve ser feito por meio de lupa binocular, com 2,5 vezes de aumento. Na presença de sinais oculares característicos, e importante saber a procedência do paciente para se fazer o vinculo epidemiológico. O diagnostico laboratorial do Tracoma e utilizado para a constatação do agente etiológico na comunidade e não tem objetivos de confirmação de casos, no nível individual. A técnica laboratorial padrão é a cultura de células, não sendo utilizada de rotina. Atualmente, tem-se utilizado a imunofluorescência direta com anticorpos monoclonais, que apresenta alta especificidade e baixa sensibilidade, disponível nos laboratórios da rede publica.

 

Diagnóstico Diferencial

Com as conjuntivites foliculares agudas ou crônicas de qualquer etiologia, por exemplo: adenovírus, herpes simples, conjuntivite de inclusão do adulto, molusco contagioso, dentre outras.

 

Tratamento

O tratamento deve ser realizado nas formas inflamatórias do Tracoma - Tracoma Inflamatório Folicular/ TF e Tracoma Inflamatório Intenso/ TI - e consiste na administração de antibióticos de uso local/tópico ou uso sistêmico.

 

     Tratamento tópico - Pomadas de Tetraciclina a 1% (pomada oftálmica), 2 vezes ao dia, durante seis semanas consecutivas. Na ausência ou hipersensibilidade a pomada de Tetraciclina, recomenda-se o uso de colírio de sulfa, uma gota, 4 vezes ao dia, durante 6 semanas.

     Tratamento sistêmico - Tratamento seletivo, com antibiótico sistêmico via oral, indicado para casos portadores das formas ativas do Tracoma - Tracoma inflamatório folicular (TF) e/ou Tracoma inflamatório intenso (TI). O tratamento sistêmico deve ser usado com critério e acompanhamento médico, devido as possíveis reações adversas.

     Azitromicina - 20mg/kg de peso para menores de 12 anos de idade, e 1g para adultos, em dose única oral. Antibióticos de uso oral. Outros antibióticos também são utilizados para o tratamento do Tracoma ativo:

-      Eritromicina: 250mg, de 6/6 horas, via oral, durante 3 semanas (50mg por kg de peso, por dia); na sua falta, utilizar;

-      Tetraciclina: 250mg, de 6/6 horas, via oral, durante 3 semanas (somente para maiores de 10 anos);

-      Doxiciclina: 50mg, de 12/12 horas, via oral, durante 3 semanas (somente para maiores de 10 anos);

-      Sulfadiazina (Sulfa): 250mg, de 6/6 horas, via oral, durante 3 semanas.

     Tratamento em massa - A Organização Mundial de Saúde recomenda a utilização do tratamento sistêmico, em massa, quando as taxas de prevalência do Tracoma Inflamatório (TF e/ou TI) em crianças de 1 a 9 anos de idade for igual ou maior que 10%, em uma localidade, distrito ou comunidade.

 

Controle do Tratamento

Todos os casos positivos de Tracoma inflamatório (TF/TI) devem ser examinados aos 6 meses e 12 meses apos o início do tratamento.

     Alta clínica – Deve ser dada 6 meses após o início do tratamento, quando, ao exame ocular externo, não mais persistem os sinais clínicos do Tracoma inflamatório (TF/TI).

     Alta por cura – Deve ser dada 12 meses após o inicio do tratamento, quando, ao exame ocular externo, não mais persistem os sinais clínicos do Tracoma Inflamatório (TF/TI), nem estão presentes as formas cicatriciais do Tracoma. O critério para encerramento do caso e o da alta curado sem cicatrizes, situação em que o caso sai do sistema de informação.

     Os casos de entrópio palpebral e triquíase tracomatosa devem ser encaminhados para avaliação e cirurgia corretiva das pálpebras. Todos os casos de opacidade corneana devem ser encaminhados a um serviço de referência oftalmológica, para medida de acuidade visual.

 

Características Epidemiológicas

Apesar da acentuada diminuição da ocorrência do Tracoma nas ultimas décadas, o agravo persiste acometendo especialmente populações carentes de todas as regiões do país, inclusive nas grandes metrópoles. O Tracoma e a principal causa infecciosa de cegueira evitável.

 

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Objetivos

Controlar a ocorrência de Tracoma, mediante a realização regular de busca ativa de casos e visita domiciliar dos contatos, acompanhar os focos da doença, para verificar a tendência de expansão da infecção, realizar o diagnostico e tratar os casos com infecção ativa, adotando medidas de controle pertinentes.

 

Notificação

O Tracoma não é doença de notificação compulsória nacional, sendo de notificação obrigatória em algumas unidades federadas. No entanto, é doença sob vigilância epidemiológica, sendo recomendável a realização de registros sistemáticos de casos detectados e tratados, o que permite avaliar a situação epidemiológica, evolução e impacto das ações de controle.

 

Definição de Caso

     Suspeito - Todo paciente com historia de conjuntivite prolongada ou que referir sintomatologia ocular de longa duração (ardor, prurido, sensação de corpo estranho, fotofobia, lacrimejamento e secreção ocular), especialmente na faixa etária de 1 a 10 anos.

     Confirmado - Qualquer paciente que, ao exame ocular, apresentar um ou mais dos seguintes sinais:

-      Inflamação Tracomatosa folicular (TF): presença, na conjuntiva tarsal superior, de, no mínimo, de 0,5mm de diâmetro, na conjuntiva tarsal superior;

-      Inflamação Tracomatosa intensa (TI): presença de espessamento da conjuntiva tarsal superior, com mais de 50% dos vasos tarsais profundos não visualizados;

-      Cicatrização conjuntival Tracomatosa (TS): presença de cicatrizes na conjuntiva tarsal superior, de bordas retas, angulares ou estreladas;

-      Triquíase tracomatosa (TT): quando, pelo menos, um dos cílios atrita o globo ocular ou quando ha evidencia de recente remoção de cílios associados à presença de cicatrizes na conjuntiva tarsal superior (TS) sugestivas de Tracoma;

-      Opacificação corneana (CO): opacificação da córnea visível sobre a pupila, obscurecendo, pelo menos, uma parte da margem pupilar.

 

MEDIDAS DE CONTROLE

     Relativas à fonte de infecção - Diagnóstico e tratamento individual e em massa, quando indicado; busca ativa de casos nas escolas, casas e, principalmente, na familia, a partir de um caso-índice, visando tratamento e conscientização da população. Investigação epidemiológica de casos, prioritariamente em instituições educacionais e/ou assistenciais, e domicílios que constituem locais de maior probabilidade de transmissão da doença.

     Medidas referentes às vias de transmissão - As áreas endêmicas do Tracoma, em sua maioria, apresentam precárias condições de saneamento e higiene, sendo esses fatores determinantes para a manutenção de elevados níveis endêmicos. Assim, a melhoria sanitária domiciliar, o destino adequado do lixo e o acesso ao abastecimento de agua representam importantes ações no controle da doença.

     Educação em saúde - Planejar ações educativas. Buscar apoio dos meios de comunicação de massa, como forma de divulgação e prevenção da doença, especialmente quanto à lavagem sistemática do rosto. Orientar quanto ao uso correto da medicação, observação dos prazos de tratamento e comparecimento às consultas clínicas subsequentes.

 

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