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Taquiarritmias e Medicações Antiarrítmicas

Autores:

Rodrigo Antonio Brandão Neto

Médico Assistente da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 15/12/2009

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As arritmias cardíacas podem ser divididas, conforme a frequência cardíaca, em taquiarritmias e bradiarritmias. As bradiarritmias são definidas pela presença de frequência cardíaca menor que 60 batimentos por minuto (bpm) ou frequência cardíaca inapropriadamente baixa para determinada condição clínica, por exemplo paciente com sepse, choque ou hipotensão, lembrando que alguns pacientes em repouso apresentam frequências menores que 60 bpm, sem que isso represente necessariamente uma condição patológica. As taquiarritmias, por sua vez, apresentam frequência cardíaca maior que 100 bpm e podem ser classificadas em:

 

1.    Taquicardias com QRS estreito (origem supraventricular): taquicardia sinusal; fibrilação atrial; flutter atrial; taquicardia atrial; taquicardia por reentrada nodal; taquicardia juncional e taquicardia atrioventricular (ortodrômica, envolvendo uma via acessória).

2.    Taquicardias com QRS largo (na maioria das vezes, são de origem ventricular): taquicardia ventricular; fibrilação ventricular e taquicardia supraventricular com aberrância de condução intraventricular (com bloqueio de ramo antigo ou funcional).

3.    Taquicardias com pré-excitação (origem supraventricular): taquicardia antidrômica (utiliza uma via acessória em sentido anterógrado e nó atrioventricular em sentido retrógrado); taquiarritmias atriais conduzidas através de uma via acessória.

 

ALGUMAS QUESTÕES ESPECÍFICAS QUE PODEM AUXILIAR NO DIAGNÓSTICO DAS ARRITMIAS

1ª Questão: o QRS tem aparência e duração normais?

Caso a resposta seja NÃO, existem quatro possibilidades:

 

1.    Assistolia.

2.    Fibrilação ventricular (Figura 1).

3.    Taquicardia ventricular.

4.    Taquicardia ventricular polimórfica (Torsades de Pointes).

 

Caso não seja possível identificar complexos QRS, restam duas alternativas: assistolia e fibrilação ventricular. Nesses ritmos, o paciente apresenta parada cardiorrespiratória (PCR) e deve ser abordado de acordo com as diretrizes avançadas de vida.

 

Figura 1: Fibrilação ventricular.

 

 

Caso seja possível identificar o complexo QRS e este tenha duração maior que 0,12 s, encarar como uma taquicardia ventricular (Figura 2), que é definida como a presença de 3 batimentos consecutivos com FC > 120 bpm e QRS alargado (mais que 0,12 s de duração). O ritmo geralmente é regular e a onda P geralmente não é visualizada; se presente, não deve gerar batimento ventricular.

 

Figura 2: Taquicardia ventricular.

 

 

Torsades de Pointes é uma forma de taquicardia ventricular na qual os complexos QRS aparentam estar constantemente mudando de eixo a cada 15 a 20 batimentos. Em geral, a Torsades é desencadeada por distúrbios metabólicos como hipomagnesemia ou hipocalemia, alargamento do intervalo QT congênito ou adquirido (mesmo que seja por drogas).

 

2ª Questão: existe onda P?

Após a identificação de um QRS normal, a ausência de ondas P, ou a presença de ondas P atípicas, permite o diagnóstico de determinadas arritmias.

 

Fibrilação Atrial (FA)

Arritmia caracterizada pela ausência de onda P e atividade elétrica irregular na linha de base do eletrocardiograma. É causada por múltiplas áreas de reentrada nos átrios, causando uma contração irregular. A FA é considerada aguda quando seu início aconteceu a menos de 48 horas; após esse período, pode ser considerada crônica.

A fibrilação atrial merece algumas considerações, pois é associada com eventos cardioembólicos. Pacientes com fibrilação atrial aguda (até 48 horas de evolução) podem ser submetidos à cardioversão. Para pacientes com mais de 48 horas de evolução e nos quais se deseja realizar cardioversão elétrica, existem duas opções:

 

1.    Realizar ecocardiograma transesofágico; caso não sejam visualizados trombos, procede-se com a cardioversão.

2.    Iniciar anticoagulação, que deve ser realizada por 3 semanas antes da cardioversão e mantida por mais 4 semanas apos a realização da cardioversão.

 

Muitos pacientes apresentam recorrência da fibrilação atrial, principalmente quando apresentam átrio aumentado, ICC e outros achados associados. Neste caso, pode-se optar por controle de frequência, que pode ser realizado com medicações como betabloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio; também pode-se considerar o uso de digitálicos em pacientes com ICC associada. Em fato, a literatura não demonstra benefícios adicionais com a cardioversão elétrica, quando comparado ao controle de frequência ventricular.

Deve-se ainda considerar anticoagulação se paciente apresentar as seguintes condições:

 

      evento cardioembólico prévio;

      ICC ou fração de ejeção abaixo de 45%;

      HAS;

      diabetes melito;

      idade acima de 65 anos;

      valvulopatia reumática.

 

Em pacientes sem estas condições, pode-se considerar o uso de aspirina em doses de 200 mg/dia, ou pode-se não realizar nenhuma intervenção. O consenso americano recomenda o uso de aspirina, mas a literatura ainda não demonstrou a superioridade desta conduta. Em pacientes com indicação de anticoagulação, a droga de escolha são os varfarínicos, embora estudos recentes sugiram outras possibilidades medicamentosas, como o dabigatram, que, em estudo recente, mostrou resultados similares aos varfarínicos, mas não precisa de monitoração. O objetivo com o uso de varfarínicos é manter o INR entre 2,0 e 3,0.

 

Flutter Atrial

Arritmia desencadeada por reentrada atrial – as ondas são observadas em dente de serra, com frequência entre 220 e 350 despolarizações por minuto. No entanto, o estímulo sofre um bloqueio fisiológico no nó AV, caracterizando os bloqueios 2:1 e 3:1. Em geral o ritmo é regular.

A presença de ondas P marca atividade atrial organizada gerando um ritmo cardíaco.

 

Taquicardia Atrial

Um marca-passo atrial comanda o ritmo cardíaco, a onda P tem orientação muito parecida com a P sinusal, em geral é uma arritmia benigna ocasionada por fatores extracardíacos como sepse, choque, distúrbios hidreletrolíticos ou ácido-base.

 

Figura 3.

 

 

Taquicardia de Reentrada Nodal

É uma taquicardia que ocorre por mecanismo de reentrada no nó AV; em geral tem frequência de 150 e onda P retrógrada após o complexo QRS. Normalmente, acontece por um mecanismo de reentrada intrínseco ao coração. Requer estudo eletrofisiológico para o seu tratamento definitivo.

 

DIAGNÓSTICO

Todo paciente que chega com uma taquicardia no departamento de emergência deve ser conduzido à sala de emergência para ser examinado e determinar se é um paciente estável ou instável.

Na sala de emergência, é necessário:

 

      monitoração: medidas frequentes de PA, oxímetro de pulso e monitor cardíaco;

      administração de oxigênio suplementar;

      acesso venoso calibroso;

      obtenção de um ECG de 12 derivações na urgência, sem retardar as medidas de estabilização do paciente.

 

Os sinais clínicos de instabilidade são:

 

      alteração do nível de consciência (ainda que transitória);

      hipotensão ou choque;

      dor precordial;

      sinais de insuficiência cardíaca aguda ou descompensada.

 

Causas secundárias de taquicardia, como embolia pulmonar, infecção, sangramento, choque, distúrbios eletrolíticos, isquemia cardíaca, doença cardíaca ou pulmonar, doença tireoidiana, uso de medicações e uso de drogas ilícitas, devem ser investigados.

Exames laboratoriais incluem: enzimas cardíacas, gasometria, eletrólitos e função renal.

 

TRATAMENTO

As taquicardias instáveis devem ser revertidas o mais breve possível.

 

1.    Determinar se a taquicardia é reversível por cardioversão elétrica sincronizada (CVE).

2.    Tratar as causas de base das arritmias que não podem ser revertidas (taquicardia sinusal). Por exemplo, paciente com choque séptico ou hipovolêmico que necessita da administração de volume.

 

Cardioversão

A cardioversão elétrica sincronizada (CVE) é o tratamento de escolha para a reversão de taquicardias instáveis e está indicada para a reversão imediata da arritmia.

A CVE deve ser feita tomando-se alguns cuidados:

 

      o paciente deve estar na sala de emergência monitorado, e o médico deve ter acesso venoso e material para controle de vias aéreas à mão;

      o paciente não está parado, portanto, o procedimento requer analgesia e sedação, visando ao conforto e à ausência de dor para o doente;

      a sincronização é necessária e visa evitar o fenômeno Q sobre T, prevenindo a possibilidade de degeneração do ritmo para fibrilação ventricular ou assistolia.

 

Drogas Recomendadas para Analgesia e Sedação

1.    Analgesia:

      morfina 4 mg IV; cuidado com paciente hipotenso e com depressão respiratória, pois pode ocorrer reação alérgica por liberação de histamina.

      fentanil 2 mL (100 mcg); provoca menos hipotensão que a morfina, também pode provocar depressão respiratória.

 

2.    Sedação:

      etomidato: hipnótico, droga de escolha nos pacientes com instabilidade hemodinâmica; a dose é 10 a 20 mg; cuidado com depressão respiratória;

      propofol: hipnótico, dose de 30 a 50 mg (3 a 5 mL); é a droga mais miocardiodepressora entre as sedativas, portanto, deve-se ter muito cuidado com hipotensão e depressão respiratória; doses adicionais do sedativo podem ser requeridas;

      midazolam: hipnótico, dose de 3 a 5 mg; cuidado com hipotensão e depressão respiratória.

 

Técnica para Preparar o Paciente

      Monitoração cardíaca e oximetria de pulso, acesso venoso calibroso (se possível, mais que um), oxigênio suplementar;

      material para controle de vias aéreas, caso seja necessário;

      passar gel de condutância nas pás do desfibrilador;

      administrar analgesia e sedação;

      assegurar que a sincronização do aparelho esteja ligada;

      ajustar a voltagem do aparelho (segundo a arritmia);

      afastar a equipe, aplicar as pás sobre o tórax exercendo pressão para melhorar a eficácia da cardioversão (cerca de 13 kg);

      aplicar o choque, não remover as pás e ver qual o ritmo após o choque.

 

Ajuste de Voltagem para Cardioversão

      A maioria das taquicardias é reversível com 100 J, que é a carga inicial;

      no flutter atrial e na taquicardia por reentrada nodal, a carga pode ser mais baixa, de 50 J, com bom sucesso na reversão da arritmia;

      na TV polimórfica, a carga inicial é de 200 J;

      no insucesso, a carga deve ser aumentada progressivamente: 100 J, 200 J, 300 J, 360 J, até a reversão da arritmia;

      as cargas descritas são para os desfibriladores monofásicos; os bifásicos devem ser ajustados com cargas equivalentes, segundo cada fabricante.

 

Após a reversão da arritmia, deve ser prescrito antiarrítmico para evitar a recorrência da arritmia. O paciente deve ser internado (visto que ele apresentou instabilidade), investigado e seguido ambulatorialmente, após a alta.

OBS.: taquicardias que não apresentam sinais de circulação e pulso central são diagnóstico de parada cardiorrespiratória (PCR) e devem ser conduzidas como tal, seguindo as normas do ACLS.

 

ALGORITMOS DE INVESTIGAÇÃO DAS TAQUIARRITMIAS

Algoritmo 1: Abordagem geral da taquiarritmias.

 

ICC: insuficiêcia cardíaca congestiva; WPW: síndome de Wolff-Parkinson-White; FC: frequência cardíaca; CVE: cardioversão elétrica; TPSV: taquicardia paroxística supraventricular; TV: taquicardia ventricular.

 

Algoritmo 2: Fibrilação e flutter atrial.

 

Obs.: pode-se optar por CVE no grupo do controle da FC quando se dispõe de um ECO transesofágico sem trombos. Manter o paciente anticoagulado por no mínimo 4 semanas; usar amiodarona com cautela no grupo do controle da FC refratário à outras drogas.

 

Algoritmo 3: Taquicardia com QRS estreito.

 

 

Algoritmo 4: Taquicardia ventricular.

 

Nas TV polimórficas, sempre afastar isquemia e distúrbios metabólicos. Em caso de QT longo, investigar uso de medicamentos.

 

DROGAS ANTIARRÍTMICAS

A classificação dos fármacos antiarrítmicos, realizada por Vaughn-Willians desde 1969, é amplamente aceita e baseia-se em 4 grandes grupos. São os principais exemplos:

 

      Grupo I – bloqueadores dos canais de sódio: procainamida, propafenona e lidocaína.

      Grupo II – dos betabloqueadores.

      Grupo III – bloqueadores dos canais de potássio: amiodarona, esotalol.

      Grupo IV – bloqueadores dos canais de cálcio: verapamil e diltiazem.

 

Grupo I – Bloqueadores dos Canais de Sódio

Procainamida

1.    Mecanismo de ação

A procainamida age inibindo os canais rápidos de sódio, prolongando a duração do potencial de ação.

 

2.    Indicações

Na reversão aguda de taquicardias ventriculares sustentadas (TVS) e nas taquiarritmias supraventriculares, especialmente na fibrilação atrial associada à síndrome de WPW, possuindo potente ação de bloqueio na condução anterógrada da via acessória, evitando assim a possibilidade de morte súbita. É classe IIa para taquicardia paroxística supraventricular (TPSV), TVS estável e fibrilação (FA) e flutter atrial, ou IIb para taquicardias com QRS largo ou em FA+WPW.

 

3.    Posologia

A apresentação oral deste fármaco é limitada devido à meia-vida muito curta, devendo ser feitas doses a cada 3 a 4 horas; recomenda-se de 300 a 500 mg por dose. Já a preparação endovenosa é amplamente usada, sendo a dose inicial de 100 mg a cada 3 a 5 minutos, podendo chegar a 1 g em 1 hora, ou 25 mg/min, monitorando a pressão e o QRS (não ultrapassar 50% de aumento) até a arritmia ser suprimida. A dose de manutenção é de 2 a 6 mg/min.

 

4.    Efeitos adversos

Gastrintestinais, psicose, alucinações, depressão, rash cutâneo, artralgia, vasculite, febre, agranulocitose. A reação adversa mais temida é o aparecimento de uma síndrome semelhante ao lúpus eritematoso sistêmico (30% dos casos com uso por mais de 6 meses).

 

5.    Interação medicamentosa

Com a cimetidina, devendo-se reduzir a dose.

 

6.    Apresentação comercial

Procamide: comprimidos de 300 mg e ampolas com 5 mL/500 mg.

 

7.    Classificação na gravidez

Classe C.

 

Lidocaína

1.    Mecanismo de ação

Também age inibindo os canais de sódio, mas em seu estado inativo, tendo grande efeito nos tecidos isquêmicos ventriculares.

 

2.    Indicações

O seu uso profilático na fase agudo do infarto foi abandonado devido a evidência de maior mortalidade. É usada basicamente em TVS estáveis, classe IIb.

 

3.    Posologia

Bolus iniciais de 70 a 100 mg (1 a 2 mg/kg), que pode ser repetido (0,5 a 1 mg/kg). A dose de manutenção é de 1 a 4 mg/kg durante 24 h.

 

4.    Efeitos adversos

Tontura, sonolência, confusão, parestesias, delírios, coma e convulsão. Deve-se ficar mais atento aos pacientes idosos.

 

5.    Interações medicamentosas

Aumentam nível sérico: cimetidina, halotano e propranolol.

Reduzem o nível sérico: barbitúricos,fenitoína e rifampicina.

 

6.    Apresentação comercial

Xilocaína: frasco-ampola 1 e 2% com 20 mL e ampolas a 2% com 5 mL.

 

7.    Classificação na gravidez

Classe B.

 

Propafenona

1.    Mecanismo de ação

Esta droga possui potente ação bloqueadora dos canais de sódio, tendo como peculiaridade uma discreta ação betabloqueadora e bloqueadora dos canais de cálcio. A principal indicação da propafenona é na prevenção de taquicardias paroxísticas supraventriculares, em especial as que utilizem uma via acessória, além de fibrilação e flutter atrial e taquicardias ventriculares sintomáticas. O seu uso é eficaz na reversão aguda tanto nas taquicardias ventriculares como supraventriculares.

 

2.    Posologia

Uso endovenoso: 1 a 2 mg/kg; dose de manutenção: 0,5 a 1 mg/min.

Uso oral: 300 a 900 mg divididos em 2 ou 3 doses.

 

3.    Efeitos adversos

Prolongamento do PR e do QRS, disfunção sinusal e bloqueio atrioventricular, disfunção ventricular, sintomas neurológicos e gastrintestinais e queda da linhagem sanguínea.

 

4.    Interação medicamentosa

Pode aumentar os níveis séricos da digoxina e dos anticoagulantes orais.

 

5.    Apresentação comercial

Ritmonorm: comprimidos de 300 mg e ampolas de 20mL/70 mg.

 

6.    Classificação na gravidez

Classe C.

 

Grupo II – Bloqueadores Beta-adrenérgicos

Mecanismo de Ação

Estes são fármacos que, por mecanismo de competição, inibem a ação das catecolaminas nos receptores beta-adrenérgicos cardíacos.

 

Indicação

São muito usados na prevenção de taquicardias paroxísticas supraventriculares e no controle da resposta ventricular no caso de fibrilação e flutter atrial. Podem ser usados na prevenção de taquicardias ventriculares induzidas pelo esforço, nas taquicardias ventriculares idiopáticas e na síndrome do QT longo.

 

Posologia

      Propranolol 40 a 240 mg/dia, via oral, divididos em 3 doses. I A dose intravenosa é de 1 mg por dose.

      Nadolol: 40 a 80 mg/dia, via oral.

      Metoprolol: 50 a 200 mg/dia, via oral. A dose intravenosa é de 5 a 15 mg.

      Atenolol: 25 a 200 mg/dia, via oral.

 

Efeitos Adversos

Fadiga, depressão, sonolência, disfunção sexual, broncoespasmo, hipotensão e bradiarritmias.

 

Apresentação Comercial

Propranol/Inderal: comprimidos de 40 e 80 mg; ampolas de 1 mg.

Cogard: comprimidos de 40 e 80 mg.

Seloken: comprimidos de 100 e 200 mg; seringas com 5 mg.

Atenol/Angipress: comprimidos de 25,50 e 100 mg.

 

Classificação na gravidez

Classe C.

 

Grupo III – Bloqueio dos Canais de Potássio

Amiodarona

1.    Mecanismo de ação

É um derivado benzofurano que age principalmente bloqueando os canais de potássio, além de ter ação betabloqueadora, bloqueadora dos canais de sódio e de cálcio.

 

2.    Indicações

Tem uma ampla gama de ação antiarrítmica, agindo tanto nas arritmias ventriculares como supraventriculares.

 

3.    Posologia

É uma droga de depósito, necessitando normalmente de uma dose maior inicialmente (dose de ataque) e posterior dose de manutenção. O período médio de retirada total da droga é de 52 dias.

      Dose de ataque (oral): 800 a 1.200 mg/dia por 2 semanas.

      Dose de manutenção (oral): 100 a 400 mg/dia.

      Dose de ataque (venoso): 5 mg/kg em 10 min. Após 10 a 20 mg/kg/dia, podem ser divididos em 3 a 4 doses.

 

4.    Efeitos adversos

Bradiarritmias e pró-arritmias; hiper e hipotireoidismo; fibrose pulmonar; efeitos hepatotóxicos; ataxia, miopatia e neuropatia; microdepósitos corneanos e coloração cinza-azulada da pele.

 

5.    Interações medicamentosas

Aumenta os níveis plasmáticos da procainamida, difenil-hidantoína, anticoagulantes orais e digoxina.

 

6.    Apresentação comercial

Atlansil/Ancoron: comprimidos de 100 e 200 mg; ampola de 150 mg.

 

7.    Classificação na gravidez

Classe D.

 

Sotalol

1.      Mecanismo de ação

É um agente antiarrítmico betabloqueador formado pela mistura racêmica de isômeros D e L, sendo que ambas as formas apresentam propriedades do grupo III equivalentes.

 

2.      Indicações

É usado em pacientes com taquicardia paroxística supraventricular, flutter e fibrilação atrial, taquicardia ventricular tanto para reversão aguda como para prevenção das crises.

 

3.      Posologia

No Brasil, é disponível em forma de comprimidos de 120 e 160 mg. A dose é de 80 a 160 mg VO 2 vezes/dia, antes das refeições, devendo-se evitar dose maior que 640 mg/dia. Deve-se monitorar o QT, não devendo ultrapassar 500 mseg.

 

4.      Efeitos adversos

Bradicardia, hipotensão, fadiga, impotência, depressão e pró-arritmia.

 

5.      Interações medicamentosas

Evitar uso com fármacos dos grupos I e III, antidepressivo tricíclico e diuréticos que espoliam potássio, devido ao aumento do risco de pró-arritmia (Torsade de Pointes).

Ingeri-lo após 2 horas do uso de antiácidos devido à sua menor absorção.

 

6.    Apresentação comercial

Sotacor: comprimidos de 120 e 160 mg.

 

7.    Classificação na gravidez

Classe B (a mais aconselhável).

 

Grupo IV – Bloqueadores dos Canais de Cálcio

Verapamil/Diltiazem

1.    Mecanismo de ação

Sua ação decorre do bloqueio da entrada do íon cálcio na célula, principalmente na musculatura lisa dos vasos e das células cardíacas, incluindo o sistema de condução cardíaco.

O verapamil é um derivado sintético da papaverina sob a forma de cloridrato de verapamil. O diltiazem é um derivado benzodiazepínico apresentado sob a forma de cloridrato de diltiazem, com estrutura química bem diferente do verapamil.

 

2.    Indicações

O verapamil é usado na reversão aguda das taquicardias paroxísticas supraventriculares, no controle da frequência das taquiarritmias atriais e em um tipo específico de taquicardia ventricular idiopática dita fascicular. É também usado na prevenção das crises.

O diltiazem é mais utilizado nos quadros anginosos e como anti-hipertensivo, mas pode ser utilizado em situações clínicas similares ao verapamil, com resposta satisfatória.

 

3.    Posologia

Verapamil: 5 a 10 mg, por via intravenosa, podendo ser repetida a dose após 15 minutos. Por via oral, até 480 mg/dia.

Diltiazem: 25 a 50 mg por via intravenosa. Por via oral, até 360 mg/dia.

 

4.    Efeitos adversos

Rubor cutâneo, astenia, tonturas, edema de tornozelos, cefaleia, bradicardia, hipotensão arterial, obstipação e disfunção ventricular esquerda. Este último efeito é mais intenso com o uso do verapamil.

 

5.    Interações medicamentosas

A fenitoína pode reduzir, e a digoxina, a cimetidina e a carbamazepina podem aumentar a ação do verapamil.

 

6.    Apresentação comercial

Verapamil – Dilacoron: comprimidos de 80 mg (convencional); 120, 180 e 240 mg (liberação prolongada). Ampolas de 2 mL/5mg.

Diltiazem – Cardizem/Angiolong: comprimidos de 30 e 60 mg (convencional); 90, 120, 180, 240 e 300 mg (liberação prolongada). Ampolas de 25 e 50 mg.

 

7.    Classificação na gravidez

Classe C.

 

Digitálicos

Os glicosídios cardíacos são o resultado da combinação de uma aglicona, ou genina, com 1 a 4 moléculas de açúcar.

 

Mecanismo de Ação

O mais importante dos mecanismos envolvidos parece ser a inibição da enzima da membrana ATPase Na/K, com consequente inibição da bomba sódio-potássio e acúmulo de Na na célula e posterior ativação da bomba de Na/Ca. Isto acarreta aumento do cálcio intracelular com a extrusão de sódio.

São usados no controle da frequência cardíaca dos pacientes portadores de flutter e fibrilação atrial, principalmente quando associados a disfunção ventricular.

 

Posologia

Atualmente, na prática, somente se utiliza a digoxina por via oral (1 comprimido 0,25 mg/dia) ou o lanatosídio C por via endovenosa (0,2 a 0,4 mg a cada 12 horas).

 

Efeitos Adversos

O limite terapêutico dos digitálicos é pequeno, ou seja, o limite entre a dose terapêutica e a dose tóxica são muito próximos.

As manifestações da intoxicação digitálica são de origem cardíaca: bloqueios atrioventriculares e sinoatriais, taquicardia juncional, extrassístoles ventriculares bigeminadas, taquicardia ventricular bidirecional.

Os efeitos extracardíacos são anorexia, náuseas, vômitos, cefaleia, neuralgias, delírios, confusão mental e distúrbios visuais.

 

Interações Medicamentosas

Diminuem a absorção de metoclopramida e antiácidos. Aumentam a absorção de neomicina e omeprazol. Diminuem a distribuição de amiodarona.

 

Apresentação Comercial

Digoxina: comprimido de 0,25 mg.

Cedilanide: ampola de 2 mL/0,4mg.

 

Classificação na Gravidez

Classe C.

 

Adenosina

Mecanismo de Ação

É um nucleosídio endógeno que age deprimindo a atividade do nó AV e do nó sinusal.

 

Indicação

É a droga de escolha para reversão aguda das taquicardias paroxísticas supraventriculares.

 

Posologia

Dose inicial de 6 mg endovenosa em bolus. Pode ser repetido até 2 doses de 12 mg.

 

Efeitos Adversos

Deve ser evitado em pacientes com relato de broncoespasmo prévio. Pode causar transitoriamente rubor facial, mal-estar, tontura, dispneia e dor torácica.

 

Interações Medicamentosas

A cafeína e a teofilina (metilxantinas) antagonizam a ação da adenosina.

 

Apresentação Comercial

Adenocard: ampolas de 6 mg.

 

Classificação na Gravidez

Classe C.

 

Outros

Sulfato de Magnésio

Usado na suspeita de deficiência de magnésio gerando arritmias ou em pacientes com Torsades de Pointes. É usado na dose inicial de 1 a 2 g (8 a 16 mEq) diluídos em 100 mL de soro em 5 a 60 minutos, seguidos da infusão de 0,5 a 1 g/hora. A infusão rápida pode ocasionar hipotensão e assistolia.

 

Isoproterenol

É um beta-agonista com ação cronotrópica e inotrópica positiva. É usado temporariamente em paciente com Torsades de Pointes (classe indeterminada) e em pacientes com bradicardia acentuada quando as outras opções falham e ainda não se instalou o marca-passo transcutâneo ou transvenoso (classe IIb). A dose é de 2 a 10 mcg/min, solução de 1 mg (1 ampola) em 500 mL de soro com uma concentração de 2 mcg/mL.

 

Atropina

É uma droga de ação anticolinérgica, muito usada em pacientes com bradicardia sinusal acentuada, bloqueios atrioventriculares (de provável origem nodal-QRS estreito) e em assistolia. É usado de 0,5 a 1 mg por dose, com a dose máxima de 0,04 mg/kg.

 

Dopamina

É uma catecolamina endógena que tem ação alfa e beta-adrenérgica relacionadas a dose. É usada em situações de bradiarritmias quando a atropina é inefetiva. A dose é de 2 a 20 mcg/kg/min.

 

Epinefrina

É usada em parada cardiorrespiratória ou em bradicardia acentuada, quando falham as demais medidas. Em bradiarritmias, usa-se na dose de 2 a 10 mcg/min.

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